Coletivo propõe dança de salão entre homens gays

Em quê implica ser homem e gay na dança de salão? Este é um dos questionamentos que vem provocando o Casa 4, projeto artístico desenvolvido em Salvador pelos dançarinos-criadores Alisson George, Guilherme Fraga, Jônatas Raine, Leandro de Oliveira e Marcelo Galvão. No formato de espetáculo de dança e com estreia prevista para novembro, o projeto busca refletir sobre as relações construídas pela dança de salão nos corpos dos artistas envolvidos. “Corpos viados, afeminados, fechativos, brutos, sensíveis e mais um bocado de coisa”, ressalta Marcelo Galvão, dançarino formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Os ensaios acontecem desde junho deste ano e agora o grupo lança uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar a realização do espetáculo pelo site www.catarse.me/casaquatro. Tradicionalmente as danças de salão carregam signos e regras que reforçam os estereótipos de gênero e excluem outras possibilidades de dançar a dois. Neste sentido, os dançarinos do Casa 4 têm mergulhado em suas experiências, nos preconceitos velados e nas microviolências diárias para falar sobre ser gay neste universo. “Acreditamos não dá mais para gente não fazer, não falar, não dançar respeitando o que a gente é”, afirma Guilherme Fraga, mestre em Dança pela UFBA e professor da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb).

Em cena, a proposta é não se limitar a binarismos como condutor-conduzido, ativo-passivo, masculino-feminino. Desejos, amor, breguice e viadagem conduzem os “dois pra lá, dois pra cá” deste projeto em processo de criação. Destaque para a equipe desta ação artística-política-amorosa que reúne, exclusivamente, colaboradores LGBTQI+. Integram o Casa 4, Caio Figueiredo (artista visual), David Calluque (arquiteto/cenógrafo) Diego Moreno (designer gráfico), Diego Solon (estilista) e Maiana Brito (cineasta). Para acompanhar o trabalho sigam o grupo nas redes sociais @casa04producoes.