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Broncas do Rafa – A Tarde decepciona ao lançar jornal "Massa!"

Por Rafael Veloso

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Mulheres semi-nuas estão sempre na capa do Massa! (Foto: Reprodução)

Foi lançado no dia 18 de outubro, Massa!. O tão aguardado jornal popular do Grupo A Tarde decepcionou quem esperava um produto de qualidade, principalmente por ter a chancela do mais antigo impresso da Bahia ainda em circulação, com 98 anos de tradição jornalística. Reportagem publicada no próprio A Tarde em 16 de outubro, afirmava que o foco do jornal seria: “informação de serviço, incentivo ao exercício da cidadania, além de destacar a diversidade cultural dos bairros populares  de Salvador”. O que, de fato, não pode ser visto nas primeiras semanas de circulação do jornal.

Todos os dias Massa! traz estampado na capa uma mulher com trajes sumários que mais faz lembrar “a boa da semana”, do extinto (graças a Deus!) jornal Bahia Notícias. Nas páginas internas o que se vê é muita poluição visual, principalmente nas páginas em preto e branco. O objetivo de proporcionar uma leitura leve passa longe, apesar do tamanho dos textos que, de tão curtos às vezes, não explicam nada. Quando a notícia se prolonga derrapa na tentativa de ser coloquial em uma linguagem chula ou até mesmo preconceituosa, como no texto: Gordas são tratadas como boi de rodeio (sic), publicado na edição do dia 28/10.

Textos preconceituosos e fotos machistas nas páginas do novo jornal do Grupo A Tarde (Foto: Reprodução)
Textos preconceituosos e fotos machistas nas páginas do novo jornal do Grupo A Tarde (Foto: Reprodução)

O site do jornal é outro erro a se comentar. No primeiro dia, parecia que não tinha ficado pronto a tempo, mas tinha de ir ao ar mesmo assim. Não traz nenhuma informação sobre a publicação, apenas algumas notícias do dia e muitas notas de agências, principalmente da Agência o Globo. A editora-coordenadora do Massa! é a carioca Ana Carolina Diniz (vinda do Expresso – Grupo O Globo). Voltado para as classes C e D – as que mais crescem no país, com rende média entre R$ 1 mil a R$ 4,9 mil -, Massa! tem 24 páginas coloridas e em preto e branco, no formado berliner. O jornal circula de segunda a sábado, ao preço de R$ 0,50, mesmo valor do seu concorrente, o Correio*.

Site do Massa!: pouca interatividade e muitas informações da Agência O Globo do Rio. (Foto: Reprodução)
Site do Massa!: pouca interatividade e muitas informações da Agência O Globo do Rio. (Foto: Reprodução)
Projeto História da Bahia facilita o acesso a edições desde 1912 do jornal A Tarde

Arestides Baptista/Agência A TARDE
Terminais de consulta

Edições do Jornal A Tarde, com publicação desde 1912, poderão ser consultadas na Biblioteca Pública dos Barris e no Arquivo Público da Bahia, em Salvador. O projeto História da Bahia – Da memória impressa ao conteúdo digital teve apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e visa facilitar o acesso a documentos do século XX, proporcionando o resgate da história da Bahia.
O lançamento oficial do projeto ocorreu ontem, (dia 28), na Biblioteca dos Barris, com a disponibilização dos exemplares do período de 1912 a 1955. O projeto, que foi aprovado na lei Rouanet. Será digitalizado o acervo de edições microfilmadas do jornal A Tarde, fundado em 1912.
Digitalização – O processo de digitalização e indexação dos exemplares teve início em abril de 2009, pela M. I. Montreal Informática. O segundo módulo, de 1956 a 1999, será disponibilizado a partir do segundo semestre de 2010.

Troféu Dodô e Osmar 2008 premia os melhores do Carnaval baiano
Troféu Dodô e Osmar 2008 premia os melhores do Carnaval baiano

Cerca de mil e quinhentos convidados, entre artistas, fãs, empresários, políticos e jornalistas, lotaram, na terça-feira (dia 4), o Teatro Castro Alves, para acompanhar a 17ª edição do Troféu Dodô & Osmar, evento promovido pelo Grupo A Tarde, que premia os melhores artistas do carnaval baiano. Os grandes ganhadores da noite foram: Bell Marques e Ivete Sangalo, como melhores cantores; a banda VoaDois e seus vocalistas Fred e Katê, que receberam os prêmios de banda e cantores revelação, e a música Mulher Brasileira – Toda Boa, composta por Márcio Victor, J. Teles e Pepe, cantada pela banda Psirico. O evento foi transmitido ao vivo pelo portal A TARDE On Line e Rádio Piatã FM, além de flashes na programação da TV Aratu.

O ator Oswaldinho Mil, interpretando um árabe interessado em levar para sua terra o sucesso do Carnaval, foi o apresentador da cerimônia de premiação, que contou com o patrocínio da Claro, Vega, Prefeitura Municipal de Salvador, Secretaria de Cultura do Estado e Ricardo Eletro. O Shopping Iguatemi – co-patrocinador, a Ricardo Eletro, o Barber Beauty e a grife Doc Dog realizaram ações promocionais durante a festa.

Durante a premiação, os artistas que subiram ao palco proporcionaram momentos de descontração e muita emoção, como a participação de Ivete Santago, que chorou ao receber o prêmio lembrando do carinho dos fãs. “É um prazer saber que fomos escolhidos através da votação do público. Fico emocionada a cada vez que subo em um trio elétrico e vejo aquelas pessoas que estão lá para me ver. São tantas declarações de amor e carinho que me deixam sensibilizada”, falou ela, tentando conter o choro.

O público presente acompanhou também alguns momentos marcantes, como as apresentações de Tatau, Netinho, Pierre Onassis e Tenison DelRey, que cantaram juntos grandes composições do carnaval da Bahia, Luís Caldas, Lazzo, Ivete Sangalo e de Morais Moreira, que cantou um dos hinos do carnaval, “Chame Gente”. O evento foi encerrado com chave de ouro pelo grande homenageado da noite, Carlinhos Brown, em um show intimista.

O Troféu Dodô & Osmar é uma iniciativa consolidada do Grupo A Tarde, que nos últimos anos acompanhou de perto o crescimento e a profissionalização do Carnaval baiano. De acordo com Sylvio Simões, diretor-executivo do Jornal A Tarde, esta edição do prêmio contou a história da Bahia com todos aqueles que contribuem para o desenvolvimento da música e da cultura no estado. “Não tenho dúvidas de que temos aqui os melhores músicos, cantores e compositores”, disse Simões. Para o também diretor-executivo do jornal A Tarde, Renato Simões Filho, o Troféu Dodô & Osmar é uma tradição que se firma a cada ano. “É uma homenagem ao povo e aos artistas que fazem o carnaval”, avalia.

O Grupo A Tarde é uma das mais importantes empresas de comunicação do estado e engloba o Jornal A Tarde, o Portal A Tarde On Line, a Rádio A Tarde FM e a Agência de Notícias A Tarde, além da gráfica A Tarde. O prêmio teve a direção geral de Hélide Borges e Leleco Júnior, direção artística de Fernando Guerreiro, direção musical de Jonga Cunha, cenário de Euro Pires, iluminação de Irma Vidal. O roteiro ficou a cargo de Elísio Lopes Júnior, figurino de Tininha Viana e coordenação de Maíra Holtz e Marta Sousa.

Confira os premiados:

Melhor Música

Mulher Brasileira – Toda Boa (Márcio Victor, J. Teles e Pepe)

Melhor Cantora 

Ivete Sangalo 

Melhor Cantor 
Bell Marques

Cantora Revelação
Katê (VoaDois) 

Cantor Revelação 
Fred Moura (VoaDois) 

Banda Revelação
VoaDois 

Melhor grupo de pagode
Psirico 

Instrumentista 
Morotó Slim (Retrofoguetes) 

Melhor bloco Barra/Ondina
Me Abraça

Melhor bloco Campo Grande 
Camaleão 

Melhor bloco infantil 
Algodão Doce

Melhor bloco afro 
Ilê Aiyê 

Melhor bloco de samba 
Alerta Geral

Projeto Especial do Carnaval 2008 
Bloco Mascarados 

Homenagem especial
Polícia Militar da Bahia 

Camarote mais bonito
Camarote do Nana 

Camarote mais animado 
Camarote do Nana 

Abadá mais bonito
Eva 

Projeto Visual de Trio 
Bloco Papa 

Arestides Baptista/Agência A TARDE
Broncas do Rafa – Na falta de criatividade, “vale a pena ler de novo”

Da Série: Analisando o trabalho dos coleguinhas

Parece que a equipe editorial do jornal A Tarde anda com problemas para fechar a edição de domingo. Não é pelo excesso de informação que não caibam nas páginas. Pelo contrário, falta reportagem para preencher as páginas do período. Os jornalistas podem ajudar aos coleguinhas de A Tarde a encontrarem algumas pautas interessantes.

Para se ter uma ideia o jornal somente neste ano publicou três reportagens de página inteira tratando do mesmo assunto: pessoas que decidiram morar sozinhas. A primeira foi da repórter Tatiane Freitas, em 10 de abril, intitulada: “Um é bom, dois é demais – Jovens independentes, homens e mulheres separados aumentam o time das pessoas que moram só e desfrutam ‘sem grilos’ a própria companhia“.

A segunda foi: “O preço da liberdade é altoNo ímpeto de sair da casa dos pais, poucos são os jovens que realmente têm consciência dos encargos que isso trará“, de autoria de Daniela Silva, publicada na edição do dia 22 de agosto. Marcos Casé foi o autor da terceira reportagem do tema, publicado no dia 24 de setembro, com o título: “Eu e eu mesmo – Mesmo sem contar com o conforto e a mordomia da casa dos pais, muita gente prefere a liberdade de morar só“.

No domingo, dia 16/10, “o jornal mais lido do Norte/Nordeste” publicou uma reportagem sobre a lucratividade na venda de produtos porta a porta. Nenhum problema se a matéria já não houvesse sido publicada na capa do caderno Empregos & Mercado, semanas antes. Inclusive com a mesma foto, onde um rapaz simula uma abordagem a uma cliente de uma famosa marca brasileira de cosméticos. Como diz o nosso presidente: “assim não pode, assim não dá”!

A melhor opção no fim de semana dos baianos

Mandei um e-mail para Revista da TV ,do Jornal A Tarde, em 24 de junho de 2003, e ontem (05/10) – para minha surpresa -, depois de quase três meses, eles publicaram o texto referente ao programa Bahia Náutica.

Rafael Veloso*

Um mix de belíssimas imagens e uma trilha sonora de sucesso, compõe o excelente programa “Bahia Náutica”. Um ótimo exemplo de que é possível se fazer programas locais e independentes de qualidade no Estado.

O telespectador, ao ver as imagens marítimas (verdadeiros cartões postais da natureza de nosso litoral), é transportado para os destinos que o programa nos remete, como ocorreu no último domingo (dia 22), na TV Educativa, ao ser relatado a rotina diária de uma viagem à bordo do veleiro “VMAX”, da Baía de Todos os Santos à Recife, capital pernambucana.

Parabenizo a toda equipe, em especial a seu apresentador Denis Peres, e desejo votos de vida longa ao programa, que já se caracterizou, por ser a melhor opção no fim de semana dos baianos.

*Rafael Veloso, 20 anos, é estudante de jornalismo.

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Resposta da produção do programa:

Olá Rafael!

Realmente é uma grande injeção de ânimo receber um mail como o seu, que foi lido aqui em voz alta, para que toda a nossa equipe tomasse conhecimento.

Você realmente foi muito gentil conosco, e por isso quero muito te agradecer. Realmente a jornada da produção independente no nosso estado não é nada fácil. Enfrentamos todo tipo de tempestade, mas, usando uma linguagem bem náutica, conseguimos realizar as manobras certas nas horas certas e mantivemos nosso rumo.

Ainda falta muito pra chegar onde pretendemos, mas hoje, perto de completarmos 100 programas exibidos, realmente receber uma crítica como a sua é muito estimulante.

Tudo aqui é feito com muito amor Rafael, com muita dedicação e principalmente com muito esforço, de toda nossa equipe. É uma verdadeira corrida de bastão.

Espero que você continue ligado, e que as nossas pautas sempre causem este tipo de sentimento em você.

Um grande abraço!

Denis Peres e toda Equipe do Bahia Náutica

O chato da turma
O chato da turma

É sempre assim. Entra ano e sai ano. Não importa se no ginásio, 2° grau, na faculdade ou no trabalho. Ele estará lá, ao seu lado. O odiado “colega chato”. Aquela “mala sem alças”, que critica todos a sua volta. Para ele, tudo o que você faz não está bom, mesmo que não consiga fazer melhor. O trabalho sempre estará faltando algo, sua apresentação não será suficientemente explicativa na opinião dele ou você não penteia o cabelo do jeito que ele acha que ficará melhor. É ele que fica ao seu lado, quando você está dirigindo, te dizendo qual o melhor caminho a seguir, mesmo que você já conheça o trajeto décor.

Não lembro o ano em que não tive que conviver com alguém assim, seja homem ou mulher. Na verdade, mulheres são naturalmente mais chatas do que os homens. Deve ser pelo fato dos hormônios se revoltarem com elas uma vez por mês.

O chato sempre se fantasia de melhor amigo e quando indagado o porquê de tantas criticas a seu respeito, sorridente e com a cara de pau, típica de quem só usa no rosto como “hidratante” óleo de peroba, diz que “são criticas construtivas!”. Construir é uma coisa, demolir é outra completamente diferente. Se bem que o engenheiro do Palace II, no Rio não sabe a diferença até hoje.

Existem várias formas de se falar algo que lhe incomoda em um amigo ou colega. Procure sempre analisar para ver como a pessoa receberá a crítica, se ela tem fundamento e se afeta outras pessoas. Porque, se você for o único atingido, como diz o dito popular “incomodados que se mudem”. E se depois dessas dicas o relacionamento com o seu (sua) colega chato(a) não melhorar reflita se não é você que está envelhecendo e ficando chato.

*Texto de Rafael Veloso, publicado originalmente no Guia Semanal de Ideias, do Caderno Dez!, do jornal A Tarde, em 4 de setembro de 2003.

Entrevista: Maria Tereza Gomes

“O bom jornalista deve ser empreendedor”

Por Raul Monteiro Fonseça”
É preciso sair da caixa. Perder o purismo e a suposta condição de indivíduo que está além do bem e do mal, bem longe das ondas cada vez mais agitadas do mercado. O jornalista é um profissional como qualquer outro. Precisa aliar aos pré-requisitos técnicos e morais para o exercício da atividade a preocupação com o desenvolvimento de sua carreira.

Traçar metas, corrigir rotas, estabelecer sua missão pessoal para além da missão da própria profissão não é uma exigência exclusiva de outros ramos profissionais, nem tema de pautas que dizem respeito apenas à vida de outras personagens. Para a diretora de redação da Você S.A., Maria Tereza Gomes, o jornalista precisa repensar a maneira de olhar sua atividade.

Dispor-se a encarar conceitos que pareceriam cativos à cena empresarial, como trabalho em equipe, liderança, perseverança e qualificação permanente é o mínimo que quem efetivamente gosta da atividade pode fazer para enfrentar o jogo duro que tende a se estabelecer cada vez mais nas redações, aconselha, nesta exclusiva, cujas melhores trechos reproduzimos abaixo.

Maria Tereza Gomes participou, ao lado de profissionais como o assessor de recursos humanos de A TARDE, Alberto Bocco, do “Talk show com notáveis”, evento promovido pela Santorini Cultura e Turismo, com o apoio do jornal, no Bahia Pestana Hotel.
P – A questão da especialização do jornalista, em boa medida determinada pelo surgimento das editoriais, dominou o debate acadêmico e profissional durante décadas em nossa atividade. Hoje, vimos o surgimento cada vez maior de publicações especializadas em temas ou áreas pressionando pela formação não só de especialistas, mas de profissionais jornalistas com determinados perfis. É possível dizer que estamos vendo o surgimento de um espécie de “jornalismo de mercada”, em que interesses de públicos específicos estariam sendo colocados à frente do que tradicionalmente fomos levados a entender como interesses jornalístico?

R – Eu acredito que a carreira de jornalista, assim como todas as outras, está passando por uma evolução. Estamos saindo do “jornalismo romântico” para o jornalismo profissional. Isso não acontece apenas porque os jornalistas hoje vão para as faculdades, tiram diplomas, são treinados. Ninguém mais quer ser subempregado, mal pago e ter três empregos para sobreviver. Todos querem ser bem remunerados e ter modernas ferramentas de trabalho (computadores, internet, etc). Isso acontece também porque as empresas jornalísticas estão se modernizando. A maioria hoje já tem ou está contratando executivos para tocar os negócios. Elas já aprenderam o conceito de lucro e produtividade – e cobram isso de sua equipe. Não acredito que essas mudanças estejam ferindo os princípios básicos do jornalismo. Eu trabalho na maior editora de revistas da América Latina, uma empresa altamente focada em resultados, e nossos princípios éticos continuam intocáveis. É uma das poucas empresas jornalísticas do País que não aceitam, por exemplo, convites para viagens.

P – Em “When MBAs rule the newsroom” (“Quando MBAs governam as redações”), o jornalista Doug Underwood faz severas críticas ao “jornalismo para leitor” que tem marcada a linha editorial das grandes corporações jornalísticas nos Estados Unidos. Estamos vendo nascer o mesmo tipo de jornalismo no Brasil?

R – Eu acredito que essa é uma discussão inútil. Para quem escrevemos senão para o leitor? Com certeza, eu não escrevo só para minha mãe. Eu quero que a maior quantidade possível de pessoas possam (e queiram) comprar a minha revista. É isso que a sustenta. Por outro lado , o jornalismo americano bandeou drasticamente para o que chamam de “showjornalismo” – o jornalismo que vira show. Isso já acontece em grande medida, sim, no Brasil e muito especialmente na televisão. O fato é que há uma linha tênue hoje separando o jornalismo do entretenimento. A sociedade precisa decidir o que quer.

P – O uso cada vez maior das pesquisas nas redações com o objetivo de aferir interesses ou demandas do leitor pode ser visto como a confirmação da subordinação do freling ou do faro jornalístico a técnicas avessas ao que o jornalismo sempre professou?

R – Nenhuma pesquisa irá substituir o jornalismo investigativo. Jamais. Entretanto, na medida em que os veículos passam a ser vistos como centros de resultados, as pesquisas ajudam a batizar o conteúdo, corrigir a rota editorial e, portanto, podem até salvar os veículos de serem fechados e colocar mais gente nas ruas.

P – Quais são as alterações mais perceptíveis no perfil do jornalista nos dias de hoje?

R – O jornalista está descobrindo que precisa continuar estudando. Muitos estão fazendo MBAs, especializações, mestrados e cursos rápidos. É esse o caminho. Há mais jornalistas no mercado do que empregos e quem quiser manter-se numa redação não pode se descuidar da sua formação. Quando me formei em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, em 1986, só havia esse curso em Curitiba. Hoje, já são pelo menos seis. Enquanto isso, as redações estão cada vez mais enxutas.

P – Como editora de uma revista que tem tiragem mensal de 270 mil exemplares, que provavelmente vive também às voltas com seleção de pessoal, que tipo de problemas mais freqüentes você identifica no currículo de jornalistas que eventualmente se candidatam a trabalhar na Você S.A.?

R – Na verdade, a pior maneira de tentar entrar aqui é via currículo. Até agora, ninguém foi contratado assim. O que conta mais é a indicação de quem já trabalha aqui ou de outros colegas. Não creio que isso aconteça somente conosco. Acho que é característica de nossa profissão.

P – Em que medida as dicas que normalmente são dadas para o desenvolvimento profissional de outras carreiras podem ser aplicadas também à de jornalista?

R – Todas podem ser aplicadas ao jornalista. Qualidades como trabalhar em equipe, liderança, perseverança e qualificação técnica são requeridas hoje em todas as redações.

P – Ao jornalista pode ver a ser exigido também um perfil de profissional empreendedor, que busca, além de investir na própria carreira, interferir nos destinos da organização para a qual trabalha ou isto é incompatível com a atividade jornalística?

R – Acredito que todo bom jornalista deve ter um pouco de empreendedor. Digo isso porque há características similares nos dois: pensar diferente do que os outros estão pensando, buscar alternativas, encontrar soluções inovadoras e assim por diante. Indo direto à sua pergunta, eu diria que o jornalista pode seguir em duas linhas: assumir funções executivas (editor, editor-executivo, diretor de redação) ou crescer como repórter. É uma opção de vida e de carreira. As redações já estão descobrindo que precisam manter os dois e remunerá-los igualmente. Não importa qual a escolha que o jornalista fizer – ele irá influenciar nos destinos da publicação, seja com uma gestão eficiente dos recursos existentes, seja produzindo reportagens de destaque.
P – O que diferencia um jornalista de revista e que tipo de preparo você recomendaria a quem quer trabalhar em revistas?

R – São suas redações completamente diferentes. No jornal, impera o barulho, a pressão do prazo, as notícias correm soltas. Numa revista mensal, trabalhamos até mais que num jornal (as equipes são muito enxutas), mas somos mais silenciosos e menos pressionados pelo relógio. Não temos foco no dia-a-dia das notícias. Não queremos saber quanto subiu a inflação. Queremos saber o quanto, no longo prazo, isso afetará os empregos. No final das contas, buscamos as mesmas coisas: impactar as pessoas (os leitores). Quando eu fazia Jornalismo, sonhava em um dia fazer aquela matéria que iria mudar os rumos do País. Atualmente, com o que foco, descobri que estou fazendo exatamente isso ao ajudar a melhorar a qualificação do profissional brasileiro. Com isso, nós seremos mais competitivos como Nação.

 

*Reprodução de entrevista publicada originalmente no caderno “Emprego & Mercado”, do jornal A TARDE, em 15 de dezembro de 2002.