João Henrique derrota Carlismo em Salvador

Neste domingo (dia 31), 27 milhões de brasileiros foram novamente as urnas para escolher o prefeito de 44 municípios. Salvador era uma das 15 capitais, onde a decisão da sucessão municipal se arrastou para o segundo turno. A cidade é o terceiro maior colégio eleitoral do país, com 1.558.346 eleitores. O candidato eleito com 74,7%, João Henrique Carneiro (PDT), garantiu que já começa os trabalhos de transição na Prefeitura de Salvador, na próxima semana. Ele obteve no segundo turno 876.278 votos válidos, contra 296.986 (25,3%), que o senador César Borges, candidato pelo PFL recebeu. Percentual menor que o de eleitores que deixaram de comparecer as suas seções eleitoras. A abstenção chegou a 335.262 eleitores, 21,15%.

Essa foi a maior derrota já sofrida na Bahia, pelo grupo política do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL). Ainda em seu local de votação, no Clube Bahiano de Tênis, o senador ACM, afirmou aos repórteres: “apresentamos o melhor candidato, o melhor para a cidade. Se o resultado não for bom, será pior para a Bahia, porque o governo de João Henrique será um fracasso. O ódio que os que sempre eu derrotei nutrem por mim levou eles a se unir. Isso já foi visto. A Bahia sofrerá, mas mais adiante eles sofrerão derrota”, garantiu o senador, referindo-se aos candidatos derrotados no primeiro turno, Lídice da Mata (PSB) e Nelson Pellegrino (PT) que apoiaram o candidato do PDT.

Em entrevista ao programa Jogo Aberto da TV Band Bahia, o prefeito eleito não quis comentar as afirmações do senador, se limitando apenas a dizer que o resultado de sua administração “só será possível depois dos quatro anos de mandato a frente da prefeitura”.

O que o novo prefeito enfrentará

A partir de 1° de janeiro, o prefeito eleito de Salvador João Henrique Carneiro terá que administrar uma cidade com um orçamento apertado de R$1.180 bilhões e uma despesa de R$1.296 bilhão, além de inúmeros problemas. Salvador é a segunda cidade mais endividada do Brasil. A dívida total é de R$1.284 bilhão (em junho de 2004), sendo que 96% desse total é com a União, segundo dados de 2003, da Secretaria da Fazenda do Município.

Saúde – Os gastos com a saúde representam 11% do orçamento total da prefeitura. A partir de 2004, uma lei determina que esse percentual alcance 15% do orçamento dos municípios. Salvador é a única capital do Nordeste que ainda não está na Gestão Plena do Sistema de Saúde, por isso parte das verbas federais para o setor deixa de vir direto para o município, sendo repassada ao Estado primeiro.

Educação – Existem hoje na cidade 100 mil analfabetos absolutos e 300 mil analfabetos funcionais – aqueles que não completaram o quarto ano do ensino básico). Entre 1991 e 2001, o índice de analfabetismo entre jovens de 7 a 14 anos diminui de 19,3% para 10,3%. Salvador têm o maior índice de evasão escolar no ensino fundamental (1ª a 8ª série), do Nordeste. Cerca de 21,4%. Detém ainda, o maior índice de alunos com atraso escolar (distorção idade/série): 61,6%.
Segundo o Censo Escolar do MEC, somente 43,3% das escolas municipais têm livros em suas estantes.

Saneamento básico – Apenas 62% da população de Salvador é atendida por rede de esgoto. A maioria dos domicílios não atendidos por rede de esgoto localiza-se em bairros e regiões periféricas. A área do subúrbio Ferroviário engloba 21 bairros e sete praias. Esta região residem cerca de 25% da população da cidade. Apenas uma praia (São Tomé de Paripe) apresenta condições ambientais próprias para banho de mar.

Violência – Em dez anos, de 1991 a 2001, o número de homicídios em Salvador saltou de 26,7 para 54,7 casos para cada 100 mil habitantes. Somente no 1° semestre de 2004, 1.306 assaltos a ônibus foram registrados na cidade.

Trânsito – As obras do metrô têm a previsão para conclusão do primeiro trecho só em 2007. Outro problema relacionado ao novo sistema e que poderá gerar novos atrasos é com relação à tarifa a ser cobrada. Hoje, seria cerca de R$ 3. O meio de transporte utilizado por 72% da população de Salvador é ônibus. A frota é de 2.228 ônibus para cerca de 425 linhas a uma velocidade média de 12 km/h. A tarifa de R$ 1,50 é considerada alta pela população e, no ano passado, provocou protestos de estudantes que pararam a cidade. Outros 2% utilizam a ferrovia, que liga a Calçada ao subúrbio Ferroviária, que conta com cinco trens em operação.