“Melhor viver a vida com um sentido, do que tentar se resignar que a vida não tem sentido”. Esse foi o conselho dado pelo filósofo francês Pierre Lévy, durante sua conferência no Fronteiras do Pensamento. O evento realizado na noite dessa terça-feira (dia 10), quando lotou a plateia da sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. “Você não pode aceitar o sentido da vida como é transmitido. Todos nós devemos viver com a certeza da liberdade de sentido”, afirmou o conferencista no evento.
A temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento em Salvador, que tem patrocínio da Braskem e do Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, será encerrada no próximo dia 1º de outubro, com um debate especial entre as escritoras brasileiras Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz, com ingressos já esgotados. No mês de agosto, a capital baiana, por meio da iniciativa, também recebeu o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura.
A conferência de Pierre Lévy foi mediada por André Lemos, professor titular do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e apresentado por Fernando Marinho, músico, ator, diretor teatral e presidente do Conselho Diretor da Aliança Francesa em Salvador.
Pierre Lévy iniciou a conferência afirmando que no final do Século XX, apenas 1% da população mundial estava conectada à Internet. Atualmente este percentual corresponde a 60%. O filósofo prevê que num futuro próximo toda a nossa memória coletiva estará guardada em servidores ou na nuvem. “Todo esse conteúdo será usado através de inteligência artificial para tentar adivinhar os gostos e interesses das pessoas. Tecnologia que já está sendo usada por gigantes como o Google, a Amazon e o Facebook”. De acordo com Lévy, “nós estamos apenas no início dessa transformação da comunicação, que será muito mais extensa e profunda do que temos assistido”, sentenciou o atual professor de Inteligência Coletiva na Universidade de Otttawa.
“Estamos vivendo uma nova era agora que todos os símbolos foram digitalizados, o que nos permite por exemplo, transformar pequenos símbolos em perguntas completas”, exemplificou Lévy, um dos principais pesquisadores das tecnologias da inteligência e investigador das interações entre informação e sociedade.
“É possível utilizar a Internet para enviar fotos do seu café da manhã, para insultar um adversário político, mas você pode usar a Internet para disponibilizar livros digitalmente e coisas positivas. Os jornalistas sublinham as coisas negativas, mas eu gostaria de dizer que a mentira começou muito antes da Internet. Cada vez que você dá um like, compartilhar algo, você ajuda a organizar essa memória coletiva”, afirmou Lévy, ao responder à pergunta da plateia se a Internet deixou o público mais limitado.
Para o filósofo não é a Internet a responsável por essa onda de populismo, lembrando o totalitarismo vivido nos anos 1940, na Alemanha, Rússia e Inglaterra. “É uma forma de pensamento curta. A responsabilidade é de quem vota e não das Fake News. Devemos ter cuidado com o fato de fazer da mídia técnica, um agente político. Claro que os dados, os algoritmos, não são neutros, já que são uma produção humana”, garante.
Ao ser questionado como enfrentar a dicotomia entre o mundo moderno e o analfabetismo, Lévy afirmou que “não podemos dominar o software sem dominarmos a leitura anteriormente. Não podemos ser seres humanos capazes de compreender dados sem a educação de base. Sabemos que o Brasil tem problemas educacionais, mas não são tão diferentes de outros países”, afirmou Lévy, dando como exemplo dados do analfabetismo funcional no Canadá. “Não devemos proibir que as crianças acessem à Internet e sim, ensiná-las a buscar informações úteis, que possam contribuir para a construção de um pensamento crítico”, aconselhou.
Servi
O quê: Debate especial com Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz, no Fronteiras do Pensamento Salvador
“Qual o sentido de buscar um sentido?”. Esse será o questionamento proposto pelo filósofo francês Pierre Lévy durante conferência no Fronteiras do Pensamento, em Salvador. O evento, patrocinado pela Braskem e pelo Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, acontece nesta terça-feira (dia 10), às 20h30, no Teatro Castro Alves. “Saber se a evolução ou a história humana tem um sentido é uma enorme questão, debatida há séculos pelos filósofos. Hoje, é uma ideia muito combatida. Está muito na moda nos círculos pós-modernos dizer que a história humana não tem sentido, ou que ela tem tantos sentidos possíveis que não é realmente importante determinar qual”, explica.
Pierre Lévy acredita que a questão é se o ser humano,
individual ou coletivamente, é consciente dessa evolução. “Existem, em cada
época, pessoas que poderíamos talvez chamar de intelectuais, que refletem sobre
esse processo e que procuram orientar a evolução de maneira refletida, de
maneira racional. Mas, por um lado, é muito raro, é uma pequena elite e é
perigoso”, afirma. O perigo, segundo Lévy, é porque os intelectuais em questão
podem se enganar. “Podem ser, por exemplo, utopias totalitárias como as que
houve com o comunismo, ou com o fascismo, etc. Os grandes ideólogos
totalitários quiseram orientar deliberadamente a evolução humana. E na maioria
das vezes foi uma catástrofe. Por isso, talvez, não seja tão ruim que não
saibamos exatamente em qual direção estamos indo”, sentencia o filósofo, atual professor de Inteligência Coletiva
na Universidade de Ottawa.
Lévy
é um reconhecido pesquisador das tecnologias da inteligência e investiga as
interações entre informação e sociedade. Mestre em História da Ciência e Ph.D.
em Comunicação e Sociologia e Ciências da Informação pela Universidade de
Sorbonne, é um dos mais importantes defensores do uso do computador, em
especial da Internet, para a ampliação e a democratização do conhecimento. Seu
foco de estudo se concentrou na área da cibernética e da inteligência artificial.
Em 1987, lançou seu primeiro livro, A
máquina Universo – Criação, cognição e cultura informática. Também é autor
de A inteligência coletiva, O que é
virtual? e Cibercultura.
A conferência de Pierre Lévy no Fronteiras do
Pensamento terá mediação de André Lemos, professor titular do Departamento
de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura
Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia; e
apresentação de Fernando Marinho, músico, ator, diretor teatral, artista visual
e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões
do Estado da Bahia (SATED Bahia).
O Fronteiras do Pensamento 2019 trouxe a Salvador no mês de agosto, o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura. A temporada deste ano será encerrada no dia 1º de outubro, com um debate especial entre as escritoras brasileiras Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz.Os ingressos estão à venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves (TCA), nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista, pelo site www.ingressorapido.com.br. A entrada para cada conferência é comercializada por R$ 50. Outras informações sobre o projeto no portal www.fronteiras.com.
Serviço:
O quê: Conferência de Pierre Lévy, no
Fronteiras do Pensamento Salvador
Quando:
Terça-feira (10/09), às 20h30
Onde: Teatro
Castro Alves (TCA)
Ingresso: R$ 50. A venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista ou pelo site www.ingressorapido.com.br
Defensor da literatura como um espaço para compreensão de si e do outro, o escritor angolano José Eduardo Agualusa abre a programação do Fronteiras Braskem do Pensamento 2018, nesta quarta-feira (1º/08), às 20h30, no palco principal do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador.
“Eu escrevi meu livro justamente tentando compreender o meu país e me compreender dentro daquele país. E até hoje não tenho feito outra coisa do que escrever para compreender, o outro e a mim”, afirma Agualusa, que é um dos mais importantes escritores em língua portuguesa da atualidade.
Um dos finalistas do Prêmio Man Booker em 2016, ele aproveita a história política da Angola como fonte de inspiração para seus livros. Foi assim que ele escreveu seu último romance “A sociedade dos sonhadores involuntários”, lançado em 2017, uma sátira política sobre o movimento de resistência promovido por jovens em seu país.
Dentro desta perspectiva de fazer a literatura dialogar com a democracia, Agualusa propõe nesta quarta, 1º, uma discussão sobre A leitura como utopia – literatura, democracia e justiça social, o caso angolano. O tema converge com a proposta de discussão do Fronteiras Braskem do Pensamento deste ano, que tem como objetivo fomentar um debate sobre O mundo em desacordo – Democracia e guerras culturais. Para isso, o projeto vai trazer nas próximas edições conferências com alguns dos grandes pensadores contemporâneos. Na programação estão o filósofo francês Gilles Lipovetsky e o historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal (ambos no dia 17/09), além do físico teórico, professor e escritor brasileiro Marcelo Gleiser (15/10).
O Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador tem o patrocínio da Braskem e do Estado da Bahia. Com realização da Caderno 2 Produções Artísticas, esta edição do projeto será apresentada pela jornalista Adriana Couto, apresentadora do programa Metrópolis, da TV Cultura.
Os ingressos para o evento estão à venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves (TCA), nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista e pelo site www.ingressorapido.com.br. O ingresso individual por conferência custa R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Contudo, é possível adquirir até esta quarta, 1º, o combo para as três conferências por R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Já o combo de ingressos para duas conferências fica R$ 70 inteira e R$ 35 (meia), válido até 17 de setembro. Outras informações sobre o projeto no portal www.fronteiras.com.
Sobre o Fronteiras Braskem do Pensamento
O Fronteiras Braskem do Pensamento é um ciclo de conferências alinhado ao projeto cultural múltiplo Fronteiras do Pensamento – www.fronteiras.com – que aposta na liberdade de expressão intelectual e na educação de qualidade como ferramentas para o desenvolvimento. O Fronteiras do Pensamento realiza anualmente edições em Porto Alegre e São Paulo, e na edição especial em Salvador abre espaço para o debate e a análise da contemporaneidade e das perspectivas para o futuro, apresentando pensadores, artistas, cientistas e líderes que são vanguardistas em suas áreas de pesquisa e pensamento. Os valores básicos do projeto são o pluralismo das abordagens, o rigor acadêmico e intelectual de seus convidados e a interdisciplinaridade de ideias. Por isso o Fronteiras Braskem do Pensamento já trouxe a Bahia importantes nomes como Enrique Peñalosa, Leymah Gbowee, Wim Wenders, Edgar Morin, Manuel Castells, Contardo Calligaris, Luc Ferry, Salman Rushdie, Jean-Michel Cousteau, Valter Hugo Mãe, Mia Couto, Camille Paglia e Graça Machel, entre outros.
Serviço: O quê: FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO SALVADOR 2018 CONFERÊNCIAS: José Eduardo Agualusa, 1º/08; Debate Especial Gilles Lipovetsky e Leandro Karnal, 17/9; Marcelo Gleiser, 15/10. LOCAL E HORÁRIO: Teatro Castro Alves, às 20h30. INGRESSOS: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) para cada uma das conferências. LOTE 1: COMBO DE INGRESSOS PARA AS TRÊS CONFERÊNCIAS:R$100 (inteira) e R$50 (meia), valido até o dia 1º de agosto. LOTE 2: COMBO DE INGRESSOS PARA DUAS CONFERÊNCIAS:R$70 (inteira) e R$35 (meia), valido até o dia 17 de setembro. INFORMAÇÕES SOBRE VENDAS: 3003-0595 PONTOS DE VENDA: Nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos postos de vendas do SAC dos shoppings Barra e Bela Vista, e pelo site www.ingressorapido.com.br. INFORMAÇÕES PROJETO: Na Central de Relacionamento Fronteiras 4020.2050 e noportal www.fronteiras.com.
“De fato, me interessa pouco um livro que seja muito inteligente e aborrecido. Gosto da dimensão encantatória do texto, entendo o livro como algo mudador”, afirma o autor de o nosso reino, o remorso de baltazar serapião, o apocalipse dos trabalhadores e a máquina de fazer espanhóis, série de obras conhecida como a tetralogia das minúsculas, por ser escrita sem letras capitais. De personalidade carismática, sensibilidade ímpar e talento eclético, Valter Hugo Mãe foi reconhecido por seu conterrâneo José Saramago como um “tsunami literário” já na publicação de seu segundo romance.
Um dos autores de sua geração mais lidos em Portugal, Mãe se identifica com uma literatura que vai além do público médio e possui uma função na vida humana. “A literatura serve para alguma coisa. A poesia é, inclusive, terapêutica. Tudo deve ser escrito com a esperança de que o público atinja uma espécie de sabedoria, um outro tipo de inteligência emocional”, afirma. E completa: “O indivíduo só é tão importante como a pedra. Por isso, estou convicto de que só existimos pelos outros e com os outros, e a vida só nos recompensa verdadeiramente quando sabemos chegar a quem amamos”. Valter Hugo Mãe estará no palco do Fronteiras Braskem do Pensamentoem Salvador, no dia 5 de setembro, às 20h30. A conferência acontece no Teatro Castro Alves. Informações no site www.fronteiras.com/salvador ou pelo fone 4020-2050. Ingressos à venda a partir desta segunda-feira, vagas limitadas.
Licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, Valter Hugo Lemos nasceu em Saurimo, Angola. Filho de portugueses, sua família retornou a Portugal antes de seus cinco anos. Passou a infância em Paços de Ferreira e, em 1980, mudou-se para Vila do Conde, onde vive até hoje. Desde criança se reconhece como um colecionador de palavras – e só foi convencido por sua mãe a frequentar a escola depois que ela lhe disse que estudar seria a melhor forma de “guardar as coisas na cabeça”. Adotou o pseudônimo “mãe” – que inicialmente escrevia também em minúsculas – por considerar a palavra repleta de um sentido de completude, do extremo da humanidade. “É um tipo de amor que não gastamos de outra forma a não ser que tenhamos um filho. É como haver um desperdício de nós mesmos”, reflete. Já o apreço pelas minúsculas é explicado por estas aludirem “a uma democracia das palavras”, comenta o escritor, que afirma ser o uso de letras maiúsculas algo inoperante na língua. “Não pensamos com muita sinalética. É uma utopia pensar que o texto escrito possa chegar perto da selvageria que representa o discurso do pensamento, mas é um desafio que me interessou viver. Depois, mudei para as maiúsculas pela oportunidade de fazer algo diferente após a tetralogia, e também porque era muito redutor ser reconhecido como o cara que escreve tudo em minúsculas”, reclama.
Entre as diversas láureas recebidas, destaca-se a conquista do Prêmio José Saramago por o remorso de baltazar serapião, em 2007, e o Prêmio Portugal Telecom, em 2012, por a máquina de fazer espanhóis. Suas obras se destacam pela variedade dos meios de expressão e de temática, que podem falar dos pequenos detalhes do cotidiano, dos problemas contemporâneos enfrentados por países como Portugal ou das paisagens da Islândia, combinando uma prosa apurada com histórias marcadas pela emoção. “Eu sempre fui convencido de que morreria cedo e tive várias datas-limite: os 18 anos, os 33 e os 40. Agora, acho que vou ser eterno”, brinca o escritor, ao explicar que a crescente idade das personagens principais de seus quatro mais importantes romances é o ponto de encontro destas obras.
Em o nosso reino, Valter Hugo Mãe conta a história de benjamin, um menino de oito anos que vive em uma pequena aldeia portuguesa durante o regime salazarista, buscando distinguir o bem e o mal em meio à repressão da igreja e aos trágicos acontecimentos que ocorrem a seu redor. Em o remorso de baltazar serapião, relata a desastrada existência dos sargas e as desventuras de seu primogênito, baltazar serapião, tragicamente enamorado por ermesinda, de extrema beleza. Em oapocalipse dos trabalhadores, conta a história de maria da graça e quitéria, duas empregadas domésticas que, apesar do trabalho duro e da rotina opressiva, mantêm as esperanças em uma vida melhor e vivem desventuras amorosas. Já em a máquina de fazer espanhóis, último livro da tetralogia das minúsculas, narra a história de antónio jorge da silva, um barbeiro de 84 anos que, depois de perder a mulher, passa a viver num asilo e se vê obrigado a investigar novas formas de conduzir a vida.
Em sua quinta obra, O filho de mil homens, Mãe volta às maiúsculas e narra a história do pescador Crisóstomo, que aos 40 anos tem uma vontade imensa de ser pai e conhece o órfão Camilo: ao redor dos dois, outros personagens testemunham a construção de uma família em uma aldeia rural, atravessando temas como solidão, preconceitos, vontades reprimidas, amor e compaixão. A obra guarda semelhanças com as memórias e os desejos de Valter Hugo Mãe, que diz já ter sentido o preconceito na pele por ter nascido em Angola. Na escola, relembra ter sido chamado de “preto”, e costuma contar que sua descoberta das pessoas negras se deu num supermercado, quando uma senhora o mandou retornar a sua terra. “Fui para casa e perguntei a minha mãe se as pessoas em Angola eram negras. Ela disse que sim. Perguntei se eu ia ficar negro. Mas minha mãe disse: Não, vais ser sempre assim, amarelinho. Fiquei frustrado. Pensei que, eventualmente, ser negro deveria ser incrível. Eu me olhava e pensava: Uau! E se eu fosse preto?! À noite ninguém iria me ver. Seria o homem-aranha de Paços de Ferreira”, conta o autor em uma de suas entrevistas, em um misto de emoção e divertimento.
Em um de seus mais recentes livros, Valter Hugo Mãe se desafia novamente ao contar uma história sob a perspectiva de uma menina de 11 anos: A desumanização se passa na paisagem inóspita dos fiordes islandeses e narra o que resta a uma jovem depois da morte de sua irmã gêmea. O livro – recentemente publicado na Islândia, alcançando a liderança de vendas no país – resgata a vontade constante de reinvenção, autoimposta pelo escritor: “Sinto que vou de arrasto. Sou a parte menos importante do começo das coisas. Eu só preciso estar atento”, fala o autor sobre seu processo de escrita. E completa: “Eu não pergunto em demasiado para me deixar impressionar pela intuição. A maior parte das minhas coisas começa com pessoas caladas. Observo e depois invento uma vida para aquela pessoa – o sapato, o gesto, como ela se penteia”, explica.
Com uma carreira marcada pela edição literária e por trabalhos na poesia, na crônica, na música, na televisão e nas artes plásticas, Mãe já apresentou um programa de entrevistas num canal português, atuou como vocalista da banda Governo e tem se dedicado esporadicamente ao desenho. Sua obra poética está revista e reunida no volume contabilidade, e escreve ainda a coluna “Casa de Papel”, no jornal Público.
SOBRE OS 10 ANOS DO FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
Em uma década, muitos olhares. Em seus dez anos de existência, o Fronteiras do Pensamento realizou mais de 200 conferências internacionais, apresentadas para mais de 170 mil espectadores. Encontros que sempre tiveram como propósito a tradução do nosso mundo e do nosso tempo visando ampliar e diversificar o debate. Alguns dos mais instigantes e representativos intelectuais da atualidade estiveram no palco do Fronteiras, ressaltando a diversidade geográfica, a pluralidade de ideias e a liberdade de expressão em um trabalho que ultrapassou as fronteiras físicas do ciclo de conferências, transformando-se em uma conceituada plataforma de conteúdo, que já gerou 24 filmes de curta e média metragens, mais de 500 vídeos publicados no YouTube, séries de livros e mais de 30 mil fascículos educacionais distribuídos, além de diversas outras publicações que podem ser acessadas no portal www.fronteiras.com. Atualmente, o Fronteirasé realizado em três capitais – São Paulo, Porto Alegre e Salvador. O Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador tem o patrocínio da Braskem, apoio da Rede Bahia e Unijorge, com realização da Caderno 2 Produções Artísticas.
SOBRE O FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO
Presente na capital baiana desde 2008, o Fronteiras Braskem do Pensamento já apresentou mais de 20 conferências internacionais na cidade, com nomes de destaque no cenário contemporâneo. A crítica cultural norte-americana Camile Paglia, o oceanógrafo francês Jean-Michel Cousteau, o jornalista norte-americano Tom Wolfe, o escritor britânico Salman Rushdie e o sociólogo espanhol Manuel Castells foram alguns dos convidados que mantiveram sempre repleta a plateia de um dos mais cultuados palcos do País, o Teatro Castro Alves.
Para marcar os 10 anos do projeto, referência na cena cultural brasileira, o Fronteiras Braskem do Pensamento traz este ano a Salvador o premiado escritor Valter Hugo Mãe para uma conferência especial que aposta na força da literatura como um importante processo de intervenção global e local. O encontro também celebra a primeira visita de Mãe, um dos escritores portugueses mais lidos na atualidade, a um dos berços históricos do Brasil.
O convidado confessa ser um apaixonado pela cultura brasileira, reafirmando em várias entrevistas que “a melhor coisa que os portugueses fizeram foi o Brasil”. Em uma de suas colunas no jornal Público narra um encontro emocionado com Ariano Suassuna: “Alguns homens fazem de todas as horas uma lição de vida. Ao visitar Ariano Suassuna, sei bem, visitei humildemente a alma de um certo Brasil. Que falou comigo. Falou comigo, simplesmente”, poetiza. Mãe protagonizou uma das mais belas e poéticas conferências do projeto na cidade de Porto Alegre em 2015, trechos que podem ser assistidos dentre os vídeos mais acessados do portal www.fronteiras.com, com mais de 20 mil visualizações.
A venda dos ingressos para o Fronteiras Braskem do Pensamento inicia nesta segunda, na bilheteria do Teatro Castro Alves e nos SACs do Shopping Barra e do Shopping Bela Vista, pelo sitewww.ingressorapido.com.br ou pelo telefone (71) 2626-5071.
PONTOS DE VENDA: A partir deste sábado, na bilheteria do Teatro Castro Alves, nos SACs do Shopping Barra e do Shopping Bela Vista, pelo site www.ingressorapido.com.br ou pelo telefone 4003-2051.
Juntos seria sempre melhor? Esse questionamento é proposto pelo psicanalista e cronista italiano Contardo Calligaris, como tema de sua conferência que encerra a temporada 2015 do projeto Fronteiras Braskem do Pensamento, em Salvador. O assunto é uma provocação ao tema central do projeto deste ano, que é Como Viver Juntos. “O que lhe faz pensar que viver juntos seria bom? O que lhe faz pensar que quanto mais juntos e não estou falando do ponto de vista numérico claro, porque vamos ser cada vez mais numerosos. Mas, nós temos uma ideia quase que preconceituosa de que o fato de convivermos, estarmos juntos fisicamente ou não, seja bom. Eu não sei se é”, questiona-se Calligaris.
O evento, que tem o patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, através do Fazcultura, e Secretarias de Cultura e da Fazenda, com realização da Telos Cultural e Caderno 2 Produções, será realizado nesta quinta-feira, dia 1º de outubro, às 20h30, no palco principal do Teatro Castro Alves, no Campo Grande. Os ingressos já estão esgotados. A conferência será apresentada pelo jornalista Fernando Sodake e terá como debatedor, o psicanalista Marcelo Veras, diretor da Escola Brasileira de Psicanálise e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Durante a conferência, Contardo Calligaris falará um pouco sobre seu trabalho, que conduz as pessoas à reflexão sobre a existência humana, contribuindo para amenizar as angústias provocadas pelos desafios contemporâneos e pelo confronto com o outro, que pode limitar os prazeres e contradizer as certezas e seguranças.
TRAJETÓRIA
Radicado no Brasil, Contardo Calligaris é doutor em psicologia clínica, pela Universidade de Provence, e iniciou seus estudos nas áreas das letras e da filosofia. Em 1975 foi aceito como membro da Escola Freudiana de Paris, onde morou até 1989. Lecionou na Universidade Paris 8 e teve aulas com os filósofos franceses Roland Barthes e Michel Foucault, além de acompanhar os seminários ministrados pelo psicanalista francês Jacques Lacan, uma grande influência em sua formação.
Em 1985, veio ao Brasil para o lançamento de seu primeiro livro de psicanálise, Hipótese sobre o fantasma. Posteriormente, acabou fixando residência no País, onde reside até hoje. Suas reflexões se concentram na condição humana da sociedade marcada pela obrigatoriedade da felicidade, do gozo, da beleza e dos excessos. Estudioso das questões da adolescência, considera esta a etapa da vida que possui uma intensa carga cultural e que se caracteriza como uma das mais potentes fontes de energia da atualidade. A adolescência é um dos seus livros mais lidos e estudados.
Além de atender nos seus consultórios em São Paulo e Nova York, é colunista do caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo, no qual escreve sobre psicanálise e cultura. Publicou mais de dez livros, incluindo dois romances e uma peça teatral. Criou a série de televisão intitulada Psi, exibida no canal a cabo HBO. Foi professor de estudos culturais na New School de Nova York e professor convidado de antropologia médica na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Também faz parte do corpo docente do Institute for the Study of Violence, em Boston.
O filósofo da informação, Pierre Lévy, considerado o Papa da revolução digital estará em Salvador, na terça-feira (21). Ele será o convidado do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, a partir das 20h, no Teatro Castro Alves.
Lévy nasceu na Tunísia, é professor titular do Departamento de Comunicações na Universidade de Ottawa e membro da Sociedade Real do Canadá. Com mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade de Sorbonne, em Paris.
Ele voltou seus interesses para as áreas da cibercultura e do espaço virtual. Autor de conceitos como “tecnodemocracia” e “cosmopédia”, ele é também um dos criadores do programa Árvores do Conhecimento, que organiza grupos de usuários da internet segundo interesses culturais.
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