Broncas do Rafa – “Não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo”

Por Rafael Veloso*

Não dá para assistir ao Domingão do Faustão, na Rede Globo. É nítido, transparente, claro como água, que o apresentador faz o programa meramente por obrigações contratuais e capitalistas. Somente para manter o seu elevado padrão de vida e pagar sua consumação diária de pizzas. Deslizes da produção – coisas normais para um programa ao vivo e cheio de improvisos do próprio apresentador -, tudo é motivo para o obeso comunicador reclamar deixando os convidados, músicos e atores globais, constrangidos com a situação.

Creio que muitos deles se vêem obrigados, também, a comparecerem a atração das tardes de domingo da emissora do plim-plim, para promover suas novelas ou ganhar seus discos de ouro pelas milhares de cópias vendidas e ainda fazem aquela cara de surpresa. Como se isso não tivesse sido combinado, previamente, entre a produção do programa, as gravadoras e os próprios artistas.

Nesse show de coisas bizarras, muitos personagens acabaram sendo criados. Quem não conhece o cinegrafista bigodudo Renato Laranjeiras, o músico Caçulinha ou a produtora Lucimara Parise, também apelidada por Fausto Silva, como a “paquita erótica da terceira idade”. Personagens já consagrados com as “brincadeiras” do apresentador e vítimas do seu mau humor dominical ao ver que algo não deu certo como previamente “acertado em reunião com a produção”. É como canta na música A minha Alma, o grupo musical O Rappa“não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo, procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido”.

*Texto publicado parcialmente na coluna Canal de Idéias na Revista da TV do jornal A Tarde, em 14 de agosto de 2005.