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Para não perder bons jornalistas

ESTÁGIO PROFISSIONAL*

por Gerson Luiz Martins

A situação atual do processo de estágio realizado em boa parte dos cursos de jornalismo determina a perda de bons e talentosos jornalistas. É necessária e urgente a implantação, em todos os estados, da regulamentação do estágio em jornalismo, conforme a proposta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e com o endosso do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo (FNPJ).
O processo atual está viciado e não colabora para o aprimoramento do jornalismo – serve apenas de mão-de-obra barata para as empresas. É importante deixar muito claro. Estágio em jornalismo é proibido, ilegal. Se denunciado ao Ministério Público do Trabalho, as empresas poderão ser autuadas e multadas. De outro lado, os cursos de jornalismo não podem mais fechar os olhos para essa realidade e tampouco a Federação Nacional dos Jornalistas pode ficar insensível à questão.
Para os cursos de jornalismo, o estágio se tornou um obstáculo ao desenvolvimento de projetos, pesquisas e atividades de extensão. Estudantes de jornalismo interessados e com bom nível de aprendizagem muitas vezes são seduzidos pelas oportunidades de “estágio”. Essa situação seria, de certa forma, mais tranqüila. Entretanto o processo comprovou que muitos “estagiários” estão nas redações única e exclusivamente por meio de “QI” (quem indica).
Muitos “estagiários” não possuem as condições mínimas de trabalho, são despreparados e terminam por incorporar muitos vícios do trabalho cotidiano. E por não dominar o processo de produção jornalística, ficam mais suscetíveis a essas situações. Assim, temos estudantes sem qualificação ética, sem conhecimento suficiente para estarem em processo de estágio.
Qualidade de formação – Sabe-se, pelos próprios estudantes, que as redações estão cheias de “estagiários”. Estes não têm supervisão, têm problemas crônicos de texto, ganham muitos vícios e poucas virtudes. De outro lado, bons alunos ficam fora, não têm oportunidade. Por isso é imperativo a implantação imediata da regulamentação do estágio.
Essa regulamentação é realizada entre três partes: a universidade, a empresa e o sindicato. A empresa disponibiliza as vagas, a universidade seleciona os estudantes mais qualificados e o sindicato fiscaliza e garante que o trabalho dos alunos seja supervisionado por profissionais da redação e por professores designados para essa tarefa.
Sempre soubemos, em todas as áreas profissionais, o que é Estágio Supervisionado. Foi dessa forma institucionalizado o estágio acadêmico/profissional no país e criadas entidades especialmente para administrar o processo – como o CIEE e o Instituto Euvaldo Lodi, este ligado ao sistema das federações das indústrias em cada estado.
Jornalismo é muito mais do que talento, é capacidade para a produção jornalística e tudo o que isso implica. O estágio irregular prejudica a profissão, os profissionais e principalmente os estudantes, assim como o leitor, o consumidor de notícias. Só ganha o mau empresário que não se importa com a qualidade, com a credibilidade.
É importante que os estudantes de jornalismo promovam debates sobre a questão do estágio, que na área de comunicação afeta somente o jornalismo. Os estudantes deveriam criar uma Enejor, a exemplo da Enecos, entidade estudantil que promove discussões sobre a melhoria dos cursos da área, para debater este e outros assuntos de interesse específico dos discentes de jornalismo.
Com o estágio regulamentado ganham todos, pois bons estudantes de jornalismo, com excepcional “talento” – aqui entendido como capacidade intelectual, criativa, profissional e acadêmica – terão oportunidade de experimentar o cotidiano das redações, promover a qualidade da formação e a qualidade do trabalho jornalístico, além de apresentar aos empresários excelentes e potenciais profissionais para contratação futura.

*Publicado no site Observatório da Imprensa

Ônibus 174

(RESENHA)

Por Rafael Veloso

Um exemplo do fascínio que a mídia incita nas pessoas e do alto preço que elas estão dispostas a pagar pela fama, foi o drama vivido pelas reféns do ônibus que fazia a linha 174, seqüestrado no bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro, em 12 de junho de 2000. O relato deste episódio dramático de violência urbana, acompanhado por transmissão ao vivo durante quatro horas e que comoveu toda a população brasileira é abordado no documentário “Ônibus 174” (Bus 174), lançado em 2002 e dirigido por José Padilha.
O episódio culminou com a morte de uma das reféns, a professora Geisa Gonçalves, morta com três tiros disparados por Sandro do Nascimento e um pela própria polícia carioca, numa tentativa frustrada do Esquadrão de Operações Especiais em evitar a fuga do seqüestrador, que acabou sendo morto por asfixia na viatura policial depois de rendido.
No filme, o relato do seqüestro é contado em paralelo à história de vida do seqüestrador – um sobrevivente da chacina da Candelária, em 1993 -, na tentativa de contextualizar todas aquelas imagens dramáticas. Para isso, o diretor fez uma cuidadosa investigação utilizando imagens pinçadas das transmissão ao vivo feito pelas principais emissoras de televisão, além de exibir documentos oficiais, entrevistas com as reféns, familiares e amigos de Sandro, e do viúvo da vítima, bem como de policiais que participaram da operação.
É através deste trabalho de Padilha que o espectador fica sabendo que o seqüestrador, também é uma vítima da violência desde cedo. Sandro aos nove anos de idade viu sua mãe, Clarice do Nascimento, ser assassinada dentro de seu pequeno estabelecimento comercial em São Gonçalo.
No documentário, o diretor mostra o despreparo da polícia para agir em situações como essa, apontando como a interferência de autoridades que não estavam presentes no local e as deficiências técnicas dos policiais que participavam da negociação com o seqüestrador prejudicaram o desfecho do fato.
Durante todo o tempo que durou a ação, o seqüestrador fazia terror psicológico com as vítimas e incentivava o desespero, como forma de sensibilizar as autoridades e a população. Orquestrando um jogo perigoso, em que fomos todos envolvidos, em busca de seu sonho de um dia ser conhecido em todo o país, como relata a tia de Sandro. No transcorrer do documentário nos perguntamos, até que ponto as transmissões ao vivo de dramas como esse do ônibus 174 não contribui para que meninos de rua continuem tentando deixar de ser invisíveis perante a sociedade?
Sempre achamos que problemas como a violência urbana é de inteira responsabilidade dos governantes e de suas políticas equivocadas para dirimir a desigualdade social existente no país, mas esquecemos de nossa responsabilidade também. O Ônibus 174 vem nos mostrar que os bandidos são frutos de uma sociedade que os exclui, seja enquanto meninos de rua nos faróis de trânsito ou encarcerados em celas minúsculas e superlotadas, as chamadas “faculdades do crime”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

§ Ficha Técnica:
Título Original: Ônibus 174
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 133 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2002
Direção: José Padilha
§ Site “Cidade Internet”
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Acesso: 27/set/2006.
§ Site “Cinemando”
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Acesso: 27/set/2006.
§ BRASIL, Antônio. IN.: “Ônibus 174 não passa na Cidade de Deus”. Disponível no site Observatório da Imprensa.
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Acesso: 27/set/2006.
§ REUTERS, Agência. In.: “Documentário ‘Ônibus 174’ choca Rio BR ao relembrar tragédia”. Disponível no site Folha On Line.
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Acesso: 27/set/2006.

Janela da Alma

(Resenha)

Por Rafael Veloso

O documentário “Janela da Alma” (2001), de João Jardim (diretor dos documentários “Terra Brasil” e “Free Tibet”) e Walter Carvalho (diretor de fotografia do filme “Abril Despedaçado”) mostra, através de depoimentos bem humorados, a rotina de deficientes visuais, suas dificuldades e o modo com que eles aprenderam a lidar com as barreiras que lhe são impostas no dia a dia.
Entre os entrevistados está o músico Hermeto Paschoal, a atriz Marieta Severo, o escritor João Ubaldo Ribeiro, o vereador cego Arnaldo Godoy, o fotógrafo cego Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a cineasta Agnes Varda, entre outros.
O título do filme faz uma alusão à frase de Leonardo da Vinci: “o olho é a janela da alma, o espelho do mundo”. Ao contrario do que pensava Da Vinci, é possível enxergar além do sentido físico da visão. E o filme foge, justamente, deste conceito puramente fisiológico, tentando acabar com preconceitos, mostrando que o deficiente visual é capaz de ter uma vida produtiva profissionalmente e afetivamente, aceitando sua condição e se opondo a vitimização do assunto.
Reforçando essa idéia o escritor português e prêmio Nobel José Saramago afirma que somos “todos cegos de algum modo. Cegos de razão, cegos de moral”, e que a memória visual é ligada à emoção.
O excesso de informação também é citado como um fator de cegueira na nossa realidade moderna. O cineasta Win Wenders usa a armação de seus óculos para fazer um enquadramento e seleção das imagens que escolheu para construir o seu universo, “pois ter imagens demais é não ter nada”.

Referências Bibliográficas:

§ Filme Janela da Alma (Ficha técnica):
Título Original: Janela da Alma
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 73 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2002
Estúdio: Ravina Filmes
Distribuição: Copacabana Filmes
Direção: João Jardim e Walter Carvalho
Roteiro: João Jardim
Produção: Flávio R. Tambellini
Música: José Miguel Wisnick
Fotografia: Walter Carvalho
Edição: Karen Harley e João Jardim
§ CONTI, Mário Sérgio. Documentário “Janela da Alma” discute questões do ver e da visão, no site Folha On Line.
. Acesso: Agosto / 2006.
§ Site Cidade Internet . Acesso: Agosto / 2006.

O preço de uma verdade

(Resenha)

Por Rafael Veloso

O filme “O preço de uma verdade” (Shattered Glass, EUA, 2003), do diretor Billy Ray é baseado em fatos reais. Aborda um conflito ético na imprensa, ao relatar a história do jovem jornalista Stephen Glass (Hayden Christensen), que em 1998, para se tornar popular e ganhar prestigio com os colegas de redação da revista “The New Republic”, passa a inventar histórias que dariam boas reportagens, como se fossem originais. De 41 textos produzidos e publicados por ele, 27 eram total ou parcialmente inventados e copiados. Glass retratado no filme é uma figura carismática, com uma fragilidade adolescente que encanta e desarma a todos, inclusive o editor da revista, Michael Kelly (Hank Azaria).
Mas Kelly é substituída Chuck Lane (Peter Skarsgaard). Apesar de o novo editor ser mais sério e mais responsável, inicialmente, nada muda para o jovem e bem sucedido repórter, que continua tendo suas pautas aceitas com regularidade. A situação começa a mudar quando Stephen produz uma matéria sobre uma convenção de hackers, dando um suposto furo de reportagem em uma revista on-line, que decide investigar a história mais a fundo. E a partir daí que surgem as primeiras contradições, que vão ganhando proporções de iceberg rumo a o inevitável: quando a máscara de Glass cai por completo.
O filme, que por alguns momentos deixa os espectadores angustiados com as seqüências de mentiras do personagem central – em uma tentativa desesperadora de contornar a situação, manter seu emprego e o carisma junto aos colegas –, reforça o dever do bom jornalista de não romantizar uma história, aumentava ou inventar fatos e/ou fontes, contatos como Glass fazia, tudo em nome de uma boa história para publicar. Além do trabalho de redobrado em checar todos os fatos de um texto.
O filme é excelente exemplo para os futuros profissionais da comunicação persistiram a ética e primar pela credibilidade em seu trabalho. Lembrando sempre, que o dever do jornalista é prestar um serviço a sociedade, informando com veracidade os fatos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

· Ficha técnica do filme “O Preço de uma verdade”:
Título Original: Shattered Glass
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2003
Distribuição: Lions Gate Films Inc.
Direção: Billy Ray
Roteiro: Billy Ray, baseado em artigo de Buzz Bissinger
Produção: Craig Baumgarten, Marc Butan, Tove Christensen, Gaye Hirsch e Adam Merims
§ Site “Cidade Internet”
,
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Acessado em: 07/Ago/2006.
§ Site: “Yahoo! Brasil Cinemas”
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Acessado em: 07/Ago/2006.
§ Site “Cine Repórter”
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Acessado em: 07/Ago/2006.

Jornal paulista teve circulação suspensa

O Diário de Marília teve sua circulação de ontem (01/10)suspensa através de uma liminar concedida pela juíza Paula Bredariol. A ordem judicial atendeu ao pedido do ex-prefeito José Abelardo Camarinha (PSB), candidato a deputado federal e seu filho, deputado estadual Vinícius Camarinha (PSB), candidato à reeleição. O jornal do grupo CMN – Central Marília Notícias – que também possui duas emissoras de rádio – foi incendiado na madrugada de 8 de setembro do ano passado.

Capa do jornal Os políticos consideraram caluniosas as informações contidas na manchete de que ambos estariam inelegíveis em decorrência de uma representação da Procuradoria Regional da República de São Paulo, por abuso do poder econômico e uso de funcionários e bens públicos em campanha.

Por ordem da juíza foram retiradas da matéria as palavras “incriminados” e “inelegíveis”. O jornal só circulou por volta das 10 horas, sem a matéria, e teve uma segunda edição, por volta das 12 horas, com a matéria alterada conforme a determinação judicial.

O “Diário de Marília” é o jornal do grupo CMN – Central Marília Notícias – que também possui duas emissoras de rádio – foi incendiado na madrugada de 8 de setembro do ano passado e seu diretor, jornalista José Ursilio, acusa o ex-prefeito de ser o mandante. Três homens ligados ao grupo político de Camarinha já estão presos pelo crime.

Segundo o jornal, “a coluna discutia o histórico de acusações contra Camarinha, que provocaram a impugnação da sua candidatura. Tanto que o sistema oficial de contagem de votos nem apresentava ontem a votação do ex-prefeito”.

Quem sairá perdendo?

Não sou tardicionalista, pelos contrario, adoro mudanças novidades e odeio rotina. Mas, algumas mudanças já se provaram que não dão certo. É igual a receita de bolo. Não da pra mexer muito se não desanda.

Espero poder daqui a quatro anos dizer que estava errado, mas pelo que aconteceu na Prefeitura de Salvador, acredito que essa mudança no Governo do Estado baiano, não vá ser benéfica.

Não sou Carlista, mas adepto ao modo administrativo que vinha sendo desenvolvido no governo de Paulo Souto. Não devemos esquecer do crescimento do PIB baiano. O dobro do País inteiro no mesmo período do ano passado. O desenvolvimento do setor turístico. O planejamento de industrial do interior do estado.

Ao novo governante, um aviso, estará de olho.