Ateliê de Coreógrafos Baianos apresenta espetáculo Carybé em 3 Linhas

O universo do pintor argentino e radicado na Bahia Carybé (1911-1997) é a base para o espetáculo de dança Carybé em 3 Linhas, que o Ateliê de Coreógrafos Baianos estreia. O espetáculo se desdobra em três atos – Depois, o Tempo que não Existe, de Jorge Silva, que será apresentado nesta sexta-feira (dia 9), às 20h; Memória das Águas, de João Perene; e Xirê de Mulheres, de Edileuza Santos, que serão exibidos no sábado (dia 10), às 20h. Todos serão apresentados gratuitamente, e de forma virtual, no YouTube e Instagram do Ateliê de Coreógrafos Baianos.

Ainda no sexta-feira (9), acontece também o lançamento do catálogo Traços da Memória da Dança Contemporânea em Salvador – 2000 a 2010. A publicação que se propõe a registar os principais movimentos da dança contemporânea na cidade de Salvador neste período, preservar sua memória, e que tem como um dos principais objetivos preencher uma grande lacuna na bibliografia da linguagem da dança local. Ele foi elaborado também para servir como fonte de pesquisa e inspiração para as novas gerações.

A bailarina e gestora cultural Eliana Pedroso assina a concepção e a direção artística do Ateliê de Coreógrafos Baianos, projeto inspirado no Ateliê de Coreógrafos Brasileiros. A iniciativa, também promovida por Eliana, movimentou a cena da dança, contemplando coreógrafos de todas as partes do país e tornando referência na história da dança contemporânea brasileira, entre 2002 a 2006.

“O Ateliê de Coreógrafos Baianos é uma cria que se recria 15 anos depois. Inspirado no antigo Ateliê, surge para fomentar a produção na cena da dança local e provocar um registro de memória de uma década que terminou menos brilhante do que começou”, lembra Pedroso.

Para a criação do espetáculo Carybé em 3 Linhas, a diretora artística buscou três coreógrafos baianos com identidades coreográficas diversificadas, e os uni em um mesmo ponto de inspiração: o universo plástico de Carybé, onde o movimento está sempre presente e é muito inspirador para os artistas da dança”, lembra Pedroso.

Tempo, memória exirê

Para o coreógrafo João Perene, os quadros de Carybé – O sol, A tentação de Antônio, Samba e Na lagoa serviram de inspiração para a construção do roteiro coreográfico de sua obra. “Memória das Águas é uma ‘ode’ ao mestre Carybé, ao colorido, à alegria, ao misticismo e à sedução do povo baiano, que ele soube tão bem delinear em uma tela em branco”, revela Perene.

Já Jorge Silva se inspirou em uma escultura de Exu, orixá da comunicação e da liberdade, para criação e concepção do espetáculo Depois, o Tempo que não Existe. “A ideia central é, a partir da obra, trazer para a cena algumas particularidades dessa divindade, em uma leitura pessoal, através de arquétipos comuns de Exu, aliados à nossa vida terrena e dialogando diretamente com as nossas existências”, conta Silva.

Coreógrafa de Xirê de Mulheres, Edileuza Santos acredita que toda criação artística, desde a apresentação da estética e da narração, tem como finalidade construir um pensamento político. “Desenvolvi uma performance que tenta estabelecer um diálogo entre a obra de Carybé e a diáspora africana, e anunciar um futuro em que as mulheres tenham potencial para construir uma sociedade nova e diversa, embalada na ancestralidade negra dentro do universo dos orixás e em busca de um futuro menos conflitante”, detalha Edileuza.

Biografia
Foto: Fernando Vivas
Foto: Fernando Vivas

Hector Julio Paride Bernabó, ou simplesmente Carybé, chegou ao Brasil em 1949 e no início de 1950 se estabelece na capital baiana, onde vive até sua morte em 1997, aos 86 anos. Foi pintor, gravador, desenhista, ilustrador, mosaicista, ceramista, muralista e jornalista. Durante os quase 50 anos em que viveu na Bahia, Carybé desenvolveu uma profunda relação com a cultura e com os artistas de Salvador. As manifestações culturais locais passaram a marcar sua obra. Ao lado de outros artistas, participou ativamente do movimento de renovação das artes plásticas no Estado.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Serviço:

O quê: Lançamento do Catálogo “Traços da Memória da Dança Contemporânea em Salvador – 2000 a 2010”
Quando: sexta-feira (dia 9), às 20h
Onde: YouTube e Instagram (@ateliedecoreografosba)
Quanto: Gratuito

O quê: Ateliê de Coreógrafos Baianos – “Carybé em 3 linhas” – Ato I – Depois, um Tempo que não Existe, de Jorge Silva
Quando: sexta-feira (dia 9), às 20h
Onde: YouTube e Instagram (@ateliedecoreografosba)
Quanto: Gratuito

O quê: Ateliê de Coreógrafos Baianos – “Carybé em 3 linhas” – Ato II- Memória das Águas, de João Perene
Quando: sábado (dia 10), às 20h.
Onde: YouTube e Instagram (@ateliedecoreografosba)
Quanto: Gratuito

O quê: Ateliê de Coreógrafos Baianos – “Carybé em 3 linhas” – Ato III- Xirê de Mulheres, de Edileuza Santos
Quando: sábado (dia 10), às 20h.
Onde: YouTube e Instagram (@ateliedecoreografosba)
Quanto: Gratuito