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Filósofo Luiz Felipe Pondé lança livro sobre a esperança e o desespero
Filósofo Luiz Felipe Pondé lança livro sobre a esperança e o desespero

O filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé lança o livro Notas sobre a esperança e o desespero, em que recorre à filosofia, teologia e literatura para trazer pensamentos sobre esses dois sentimentos opostos. “Não pretendo oferecer um roteiro de como entender o desespero e daí postular alguma forma de esperança. […] Talvez cheguemos, no fim, a contemplar algum tipo de esperança, mas não terá sido uma ideia construída antes da escrita em si. A escrita, aqui, segue atormentada pela possível vitória do desespero. Este é meu convite a você”, escreve Luiz Felipe Pondé em uma das 20 notas nas quais divide seu novo livro.

Ao discorrer sobre os temas nas 104 páginas do livro, Pondé nos lembra de que é um “filósofo, muitas vezes, cético, irônico e niilista”. Entretanto, admite: “Devo confessar, apesar do meu niilismo ser sincero, ele não é pleno. Laivos de esperança me acometem algumas vezes, e, até hoje, não sei de onde vêm. Toda vez que pressinto o bem, suspeito de um milagre. E isso me levou a estudar mística, filosofia da religião e teologia. Fui a essas disciplinas para não me sentir só.”

“O tema do desespero me acompanha desde muito jovem. O da esperança passou a me espantar há pouco tempo. Para mim, a esperança nasce do solo do desespero, da falta absoluta de razão para tê-la. Por isso é uma virtude (como se diz no catolicismo, uma virtude teologal) improvável. Um milagre. Mas a virtude sempre guarda uma relação muito próxima com seu oposto, assim, toda ética é um combate”, conclui Luiz Felipe Pondé, que é doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor pela Universidade de Tel Aviv, em Israel.

Notas sobre a esperança e o desespero é uma obra inédita com publicação pela Globo Livros. Luiz Felipe Pondé é diretor do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), professor de filosofia na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), e autor também de diversas outras obras, como A era do ressentimentoCrítica e profecia – a filosofia da religião em Dostoiévski A filosofia da adúltera.

Fronteiras do Pensamento Pierre Lévy Foto: Carlos Casaes / AG. BAPress
“Não podemos dominar o software sem dominarmos a leitura anteriormente”, afirma Pierre Lévy no Fronteiras do Pensamento

“Melhor viver a vida com um sentido, do que tentar se resignar que a vida não tem sentido”. Esse foi o conselho dado pelo filósofo francês Pierre Lévy, durante sua conferência no Fronteiras do Pensamento. O evento realizado na noite dessa terça-feira (dia 10), quando lotou a plateia da sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. “Você não pode aceitar o sentido da vida como é transmitido. Todos nós devemos viver com a certeza da liberdade de sentido”, afirmou o conferencista no evento.

A temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento em Salvador, que tem patrocínio da Braskem e do Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, será encerrada no próximo dia 1º de outubro, com um debate especial entre as escritoras brasileiras Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz, com ingressos já esgotados. No mês de agosto, a capital baiana, por meio da iniciativa, também recebeu o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura.

A conferência de Pierre Lévy foi mediada por André Lemos, professor titular do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e apresentado por Fernando Marinho, músico, ator, diretor teatral e presidente do Conselho Diretor da Aliança Francesa em Salvador.

Pierre Lévy iniciou a conferência afirmando que no final do Século XX, apenas 1% da população mundial estava conectada à Internet. Atualmente este percentual corresponde a 60%. O filósofo prevê que num futuro próximo toda a nossa memória coletiva estará guardada em servidores ou na nuvem. “Todo esse conteúdo será usado através de inteligência artificial para tentar adivinhar os gostos e interesses das pessoas. Tecnologia que já está sendo usada por gigantes como o Google, a Amazon e o Facebook”. De acordo com Lévy, “nós estamos apenas no início dessa transformação da comunicação, que será muito mais extensa e profunda do que temos assistido”, sentenciou o atual professor de Inteligência Coletiva na Universidade de Otttawa.

“Estamos vivendo uma nova era agora que todos os símbolos foram digitalizados, o que nos permite por exemplo, transformar pequenos símbolos em perguntas completas”, exemplificou Lévy, um dos principais pesquisadores das tecnologias da inteligência e investigador das interações entre informação e sociedade.

“É possível utilizar a Internet para enviar fotos do seu café da manhã, para insultar um adversário político, mas você pode usar a Internet para disponibilizar livros digitalmente e coisas positivas. Os jornalistas sublinham as coisas negativas, mas eu gostaria de dizer que a mentira começou muito antes da Internet. Cada vez que você dá um like, compartilhar algo, você ajuda a organizar essa memória coletiva”, afirmou Lévy, ao responder à pergunta da plateia se a Internet deixou o público mais limitado.

Para o filósofo não é a Internet a responsável por essa onda de populismo, lembrando o totalitarismo vivido nos anos 1940, na Alemanha, Rússia e Inglaterra.  “É uma forma de pensamento curta. A responsabilidade é de quem vota e não das Fake News. Devemos ter cuidado com o fato de fazer da mídia técnica, um agente político. Claro que os dados, os algoritmos, não são neutros, já que são uma produção humana”, garante.

Ao ser questionado como enfrentar a dicotomia entre o mundo moderno e o analfabetismo, Lévy afirmou que “não podemos dominar o software sem dominarmos a leitura anteriormente. Não podemos ser seres humanos capazes de compreender dados sem a educação de base. Sabemos que o Brasil tem problemas educacionais, mas não são tão diferentes de outros países”, afirmou Lévy, dando como exemplo dados do analfabetismo funcional no Canadá. “Não devemos proibir que as crianças acessem à Internet e sim, ensiná-las a buscar informações úteis, que possam contribuir para a construção de um pensamento crítico”, aconselhou.

Servi

O quê: Debate especial com Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz, no Fronteiras do Pensamento Salvador

Quando: Terça-feira (1º/10), às 20h30

Onde: Teatro Castro Alves (TCA)

Ingresso: Esgotados

Lipovetsky e Karnal debatem cidadania e política no Fronteiras Braskem do Pensamento

“A essência da democracia é o reconhecimento ao contraditório. Não há opção à democracia” e “os dirigentes políticos vivem numa bolha, separados da população”. Essas foram algumas das afirmações feitas, respectivamente, pelo historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal e pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky, durante debate especial do Fronteiras Braskem do PensamentoO evento, que foi aberto pelo violonista flamenco Paulo Victor, lotou o Teatro Castro Alves, na noite dessa segunda-feira (17), em Salvador.

O debate mediado por Fernando Schuler, curador do Fronteiras e doutor em Filosofia Política, foi aberto por Lipovetsky, que abordou o tema Cidadania política, pluralismo e democracia na era hipermoderna, e explicou esse novo conceito. “A hipermodernidade trata-se da chegada de um novo tipo de individualismo e está presente nas famílias, redes sociais, religião, política e espaços públicos”, disse o francês. Ele afirmou, ainda, que vivemos atualmente “uma cidadania a la carte”, que vai de acordo com o menu que a pessoa escolhe de última hora.

“Uma das consequências políticas dessa nova cultura são os votos de rejeição, em detrimento ao voto de adesão a um partido político. Hoje as pessoas votam para se livrar de um governo”. Quando perguntado sobre o que achava do presidente norte-americano Donald Trump e do francês Emmanuel Macron, Lipovetsky sentenciou: “o Donald Trump não honra o sonho americano, já Macron é um filósofo, um homem de medidas. Os dois são exemplos da hipermodernidade atual”.

Já Leandro Karnal intitulou sua participação como Hamlet na casa de noz: cidadania e consciência. Um dos mais populares intelectuais do Brasil explanou que durante muitos anos a felicidade foi centrada na posse, como já enaltecia o escritor inglês William Shakespeare (1564-1616), em seu célebre romance. O doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), Karnal arrancou risos da plateia ao falar sobre a bipolaridade política que vivemos atualmente no Brasil. “Uma parte muito expressiva do país teme que a outra parte consiga degenerar a democracia e as duas profetizam que se o pecado da outra vencer, será o fim do país. Provavelmente ambas as partes estejam corretas”, ironizou Karnal. Para ele “devemos atribuir o sucesso dos livros de autoajuda ao declínio da política brasileira como felicidade”.

Fake News e movimentos indenitários

Autor de livros que já foram traduzidos para mais de 18 idiomas, como os best-sellers como O império do efêmero – A moda e seu destino nas sociedades modernasA era do vazio – Ensaios sobre o individualismo contemporâneo, Gilles Lipovetsky falou que “as pessoas preferem acreditar no que é dito pelos amigos nas redes sociais do que pela mídia, o que acaba gerando as chamadas Fake News”. Seguindo com o mesmo conceito, Karnal ressaltou que a acessibilidade da Internet “tornou milhares de pessoas intelectuais somente ao abrirem uma conta”.

Sobre os movimentos identitários, Gilles acredita que a questão virou um tema central nas sociedades atuais. “A fragmentação pode se tornar um problema no futuro das sociedades, se cada coletividade viver fechada dentro da sua coletividade. Temos de aceitar o multiculturalismo, mas sem que os indivíduos percam suas características de comunitarismo. O direito de o indivíduo ter suas singularidades”, observa. Para o filósofo francês, que esteve pela primeira vez em Salvador, “a educação não é um luxo, mas um investimento para o futuro”. Segundo ele, “nada substitui uma cabeça bem-feita, e uma cabeça bem-feita começa na escola”, concluiu.

No próximo dia 15 de outubro, o físico e escritor carioca Marcelo Gleiser encerra a temporada 2018 do projeto, que tem como tema central O mundo em desacordo. O Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador tem o patrocínio da Braskem e do Estado da Bahia, com realização da Caderno 2 Produções Artísticas. Os ingressos para a conferência estão à venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista ou pelo site www.ingressorapido.com.br. O ingresso individual custa R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).

Ciclo de Cinema e Filosofia debate o filme Adeus, Lênin
Ciclo de Cinema e Filosofia debate o filme Adeus, Lênin

O filme Adeus, Lênin (Good bye, Lênin!), do diretor Wolfganger Becker, será exibido nesta quarta-feira (17), às 17h, na programação do Ciclo de Cinema e Contemporaneidade, no espaço cultural da Livraria LDM, em Salvador. Em seguida, o doutor em Filosofia Política e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), José Crisóstomo de Souza, realiza a palestra O ideal real.

O antigo Ciclo de Cinema e Filosofia, agora Ciclo de Cinema e Contemporaneidade, através de sessões de filmes clássicos e contemporâneos, busca estabelecer um diálogo sobre questões filosóficas, políticas, sociais, éticas e culturais, explorando a diversidade de abordagens teóricas.

Adeus, Lênin – O longa-metragem de 2003, conta a história da queda do muro de Berlin, na Alemanha, a através do drama de Alexander. O jovem se sente culpado pelo ataque cardíaco que a mãe, fiel devota do socialismo na antiga Alemanha Oriental, teve ao ver o filho em uma passeata contra o sistema vigente. Quando ela acorda do coma, após a queda do muro de Berlim, o médico aconselha a Alexander que evite emoções fortes, pois outro ataque tão cedo seria fatal. Alex faz de tudo para que ela continue vivendo em uma ilusória Alemanha socialista, mudando embalagens de produtos industrializados e até mesmo inventando documentários televisivos para preencher as brechas do dia-a-dia do recente capitalismo no país.

Serviço:

O quê: Ciclo de Cinema e Contemporaneidade ano IV

Onde: Livraria LDM (Rua Direita da Piedade, 22, Centro)

Quando: Quarta-feira (dia 17/11), às 17h

Quanto: Gratuito

Informações: (71) 2101-8007 / eventos@livrariamulticampi.com.br

Últimos dias para se inscrever no curso gratuito de Artes Visuais do MAM-BA
Últimos dias para se inscrever no curso gratuito de Artes Visuais do MAM-BA

Termina no próximo dia 13, o prazo para se inscrever co curso livre e gratuito As Artes Visuais como um Campo Transbordado: diálogos contemporâneos com a Filosofia, a Antropologia e o Urbanismo, promovido pelo Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM/BA), em Salvador.

Os interessados devem encaminhar a ficha de inscrição preenchida, juntamente com o currículo e uma carta de intenção, para o e-mail educativomam@gmail.com. A ficha está no site www.mam.ba.gov.br. Outra opção é a inscrição presencial na sede do Museu (Galpão das Oficinas, Av. Contorno, no Solar do Unhão), de segunda a sexta-feira, das 13 às 18h.

As aulas serão ministradas pelos professores Silvana Olivieri, de 24 de setembro a 8 de dezembro, as quartas e sextas-feitas, das 15h às 18h. A carga horária será de 54 horas. O curso também terá como convidados, os professores Suely Rolnik (PUC-SP), Stéphane Malysse (USP), Vera Pallamin (USP) e Washington Drummond. Mais informações pelo telefone (71) 3117- 6141.