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Jornalista Marcos Uzel lança o livro "Nilda: a dama e o tempo", biografia da atriz baiana Nilda Spencer -Foto: Graça Machado
Jornalista Marcos Uzel lança o livro “Nilda: a dama e o tempo”, biografia da atriz baiana Nilda Spencer

A vida e a arte da atriz Nilda Spencer (1923-2008), a grande dama do teatro baiano, é o tema do livro Nilda: a dama e o tempo, que o jornalista Marcos Uzel lança durante a edição 2021 da Festa Literária Internacional do Pelourinho (FLIPELÔ). O lançamento presencial, seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid-19, será nesta quinta-feira (dia 18), às 19h, na Igreja São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus, Centro Histórico de Salvador. A biografia, com prefácio assinado pela dramaturga, poeta e contista Cleise Furtado Mendes, é o primeiro grande evento de celebração dos 100 anos de nascimento de Nilda Spencer, completados em 2023.

“Nilda foi uma das primeiras atrizes a fazer teatro profissional em Salvador. Me interessava muito contar a trajetória de vida desta mulher que foi fazer teatro na Bahia nos anos de 1950 e praticamente trabalhou até o fim da vida”, afirma Marcos Uzel. O jornalista, escritor e professor é um dos mais atuantes pesquisadores da memória das artes cênicas na Bahia. Ele é autor das obras O Teatro do Bando (2003), A Noite do Teatro Baiano (2010), Guerreiras do Cabaré (2012) e um dos organizadores da coletânea Poéticas de Marcio Meirelles (2020).

Além do farto acervo documental, a obra Nilda: a dama e o tempo valoriza o testemunho de 57 pessoas, que contam a história da mulher de sociedade que se impôs diante da província conservadora da Bahia dos anos 1950, virou uma atriz respeitável e atravessou décadas sendo reverenciada como a rainha dos artistas, a musa dos boêmios, a madrinha dos gays, a dama do teatro. Encadear todo esse farto material foi o grande desafio para Marcos Uzel, que usou sua experiência jornalística para alinhavar os testemunhos com o contexto histórico da época.

“Foi bem complexo conectar esses relatos, fazer as costuras nas narrativas com as contextualizações históricas da Bahia, porque eu precisava situar Nilda no tempo, numa cultura, numa cidade. É muito difícil contar a história de uma pessoa, ainda mais de uma pessoa que viveu 85 anos do jeito que ela viveu, tão intensamente”, garante o escritor. Dentre os entrevistados, estão nomes como Maria Bethânia, Gilberto Gil, Othon Bastos, Antonio Pitanga, José Carlos Capinan, Harildo Déda, Helena Ignez, Yumara Rodrigues, Bruno Barreto, Marcio Meirelles, Luiz Carlos Vasconcelos e José Possi Neto.

A infância e juventude de Nilda, a paixão por Hollywood, a relação conjugal, os grandes trabalhos no teatro e no cinema, as experiências artísticas com o underground, a vida de socialite nas rodas da elite baiana, ao mesmo tempo em que se mostrou como uma figura boêmia que desfrutou da noite, dos ambientes libertários e marginalizados, são alguns dos temas pelos quais Marcos Uzel passeia nessa aguardada biografia da artista. Entre 1956 e 2005, a dama encenou 50 espetáculos, atuou em 13 produções audiovisuais (dez em cinema, três em vídeo), gravou o disco Boca do Inferno (com versos do poeta baiano Gregório de Mattos) e fez alguns trabalhos em televisão.

“A importância de Nilda vai além do teatro, era importante para as artes de uma maneira geral. Ela é um símbolo de uma cultura. Nilda era uma atriz que tinha a capacidade de dialogar, de acolher os artistas jovens. Ela não se acomoda no teatro convencional, conservador, pelo contrário, atravessa o período da ditadura militar fazendo espetáculos que desafiam a censura. Nilda vai para underground no momento em que atua em dois filmes que são marcos cult do cinema marginal baiano: Meteorango Kid – O Herói Intergaláctico e Caveira my friend“, ressalta o autor.

Figura carismática, Nilda Spencer atuou como um verdadeiro farol das vivências culturais da Bahia no século XX. Pela famosa “casa da mangueira”, apelido dado ao endereço do Corredor da Vitória onde a família Spencer residiu nos anos 1960, passaram personalidades como a cantora Janis Joplin, o escritor Jorge Amado, os “doces bárbaros” Gil, Caetano, Gal e Bethânia, o escritor Jorge Amado e o cantor João Gilberto. “Era uma grande anfitriã, não por acaso ela era muito elogiada por Jorge Amado, citada, referenciada por ele e chegou a ser uma personagem do livro O Sumiço da Santa“, detalha Uzel.

O livro também terá um lançamento virtual no Congresso UFBA 75 Anos, entre os dias 7 e 11 de dezembro. 

Serviço:

O quê: Lançamento do livro Nilda: a dama e o tempo, do jornalista, escritor e professor Marcos Uzel

Quando: quinta-feira (dia 18), às 19h

Onde: na Igreja São Pedro dos Clérigos, no Terreiro de Jesus, Centro Histórico de Salvador

Quanto: entrada gratuita


Ficha Técnica:

Livro: Nilda: a dama e o tempo

Autor: Marcos Uzel

Editora: Edufba

Número de páginas: 287

Preço: R$48,00

Ouça a entrevista do jornalista, escritor e professor Marcos Uzel sobre o livro Nilda: a dama e o tempo no episódio #22 do podcast Destaques da Semana

Galeria Solar Ferrão reabre com exposições da Flipelô, em Salvador
Galeria Solar Ferrão reabre com exposições da Flipelô, em Salvador

A Galeria Solar Ferrão, no Centro Histórico de Salvador, volta a receber visitantes com duas exposições que fazem parte da programação da Flipelô – Festa Literária Internacional do Pelourinho. As exposições Fluxo e Refluxo e Olhares plurais ficam em cartaz de 18 a 27 de novembro com entrada gratuita, mas condicionada ao uso de máscara. As mostras são uma realização da Fundação Casa de Jorge Amado, Fundação Pierre Verger e M.E. Ateliê da Fotografia.

A exposição Fluxo e Refluxo conta com 56 fotografias de Pierre Verger e é inspirada na sua obra Fluxo e refluxo: do tráfico de escravos entre o golfo do Benim e a Bahia de Todos-os-Santos, do século XVII ao XIX, publicada na França, em 1968, e no Brasil, em 1987. Com o livro, ele pretendia ir além do “fluxo”, o tráfico de seres humanos que forçou milhões de africanos a seguirem para o novo mundo, abordando também o “refluxo”, a vida de pessoas que retornaram para a África. A partir da experiência dos agudás, descendentes de africanos escravizados que nasceram na Bahia e voltaram à terra dos seus ancestrais, criando bairros brasileiros e levando consigo suas tradições, a exposição ilustra as influências mútuas das culturas a partir de aspectos como o cotidiano, a arquitetura e o contexto religioso.

Uma caminhada fotográfica que se estendeu da Igreja do Santo Antônio da Barra à igreja do Santo Antônio Além do Carmo deu origem à exposição Olhares plurais, que é composta por 24 fotografias e tem curadoria de Mário Edson, artista plástico, fotógrafo e gestor do M.E. Ateliê da Fotografia, localizado no bairro do Santo Antônio. Atentos às características humanas, culturais, artísticas e arquitetônicas do Centro Histórico de Salvador, os 13 artistas que participam da mostra coletiva apresentam os seus olhares plurais sobre essa região da cidade. São eles: Ale Fernandes, Alini Orathes, Cláudia Guanais, Heloisa Lima, Júlia Fernandes, Juray Castro, Lany Cruz, Mário Edson, Rosa Carvalho, Silvana Lima, Sonia Nepo, Tatiana Menezes e Vitória Régia.

Centro Cultural Solar Ferrão

Construído entre o fim do século XVII e o início do século XVIII e tombado pelo Iphan em 1938, seu conjunto arquitetônico é um dos mais importantes do Centro Histórico de Salvador e seu acervo engloba diversos materiais, técnicas e matrizes culturais. Nos seis pavimentos da edificação, estão instalados a Galeria Solar Ferrão, o Museu Abelardo Rodrigues e cinco coleções.

A Coleção de Arte Popular reúne peças representativas da cultura popular do Nordeste coletadas entre as décadas de 50 e 60; a Coleção de Arte Africana Claudio Masella mostra a riqueza estética e a diversidade da produção cultural africana do século XX; as Plásticas Sonoras de Walter Smetak unem música, escultura e misticismo e expressam as visões de mundo do suíço que marcou a história da música brasileira; e a Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi oferece um passeio pela experiência humana de criar sons através de peças coletadas nos cinco continentes.

Para modernizar e revitalizar o equipamento cultural, o Centro Cultural Solar Ferrão e mais três imóveis anexos passam por um amplo conjunto de intervenções. Por meio do projeto de Prevenção e Combate a Incêndio e Pânico, estão sendo instalados sistema de combate a incêndio, com sistema de detecção de fumaça, extintores, sinalização e iluminação de emergência, hidrantes, corrimãos, guarda-corpo, rotas de fuga e balizadores para a saída do público em segurança, no caso de sinistro. O projeto de revitalização inclui pintura externa e interna, revisão de esquadrias, instalações elétricas e de iluminação e adaptação do banheiro do Museu Abelardo Rodrigues de acordo com as normas de acessibilidade. O espaço contará ainda com um elevador que visa proporcionar melhorias de acesso aos diversos pavimentos do equipamento cultural.

Serviço:

O quê: Exposições Fluxo e Refluxo e Olhares Plurais – parte da programação da Festa Literária Internacional do Pelourinho – Flipelô

Onde: Galeria Solar Ferrão (Rua Gregório de Mattos, 45, Pelourinho, Salvador-BA)

Quando: 18 a 21 de novembro, das 10h às 17h, e de 22 a 27 de novembro, das 13h às 17h

Quanto: entrada gratuita

Graciliano Ramos será o homenageado da FLIPELÔ 2021 em Salvador
Graciliano Ramos será o homenageado da FLIPELÔ 2021 em Salvador

O escritor Graciliano Ramos será o homenageado da Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ 2021, que acontece em Salvador, de 17 a 21 de novembro. Esta edição do evento, que é realizado pela Fundação Casa de Jorge Amado, em parceria com o Sesc, será realizada de forma híbrida e gratuita, com uma programação virtual e presencial, para pessoas de todas as idades. Apesar de ter nascido em Alagoas e vivido no Rio de Janeiro, Graciliano Ramos (1892-1953), autor do célebre romance Vidas Secas, tinha grande amizade com o escritor baiano Jorge Amado (1912 – 2001).

A Festa, que enaltece a literatura, beneficiará diretamente a comunidade do Pelourinho, no Centro Histórico da capital baiana, contribuindo para o fomento do comércio local, o turismo e as atividades produtivas de todo o sítio histórico, além de movimentar e promover o mundo da literatura. A programação prevê a realização de debates presenciais que contarão com a transmissão em tempo real no canal e redes socais do evento, com escritores internacionais do Equador, México, Porto Rico, Angola, São Tomé e Príncipe e Moçambique, com escritores que representam as diversas regiões do país e uma presença importante de escritores vindos do interior da Bahia.

Na Arena do Teatro Sesc-Senac Pelourinho será instalado um painel de LED que funcionará como uma central de transmissão, onde o público poderá assistir o que está sendo exibido no canal da FLIPELÔ em tempo real. Espetáculos e contações de histórias que serão exibidos no canal do YouTube da FLIPELÔ, e uma ampla programação infantil com oficinas e ações formativas. Recitais de poesia, lançamentos de livros, espaço das Editoras Baianas, a presença da livraria oficial do evento – a LDM, Praça do Cordel e uma programação especial para comemorar o Dia da Consciência Negra.

A FLIPELÔ 2021 ainda promoverá a Rota Gastronômica Amados Sabores, da qual participam restaurantes e bares do Centro Histórico, criando pratos com o tema Amado Sertão – Comida Sertaneja da Bahia, inspirado no livro A Cozinha Sertaneja da Bahia, de Guilherme Radel. A programação do evento ainda terá a Rota das Artes, com exposição de obras de arte de artistas visuais que atuam no Centro Histórico, vivem e têm ateliês no local.

Graciliano Ramos será o homenageado da FLIPELÔ 2021 em Salvador
Fotos: Elói Corrêa/GOVBA

Acesso facilitado

Todos os eventos da FLIPELÔ 2021 que acontecerem em espaços culturais públicos ou privados terão o acesso condicionado ao passaporte de vacina, com comprovação das duas doses. Será exigido o uso de máscaras e aferição da temperatura. Um apoio significativo está sendo programado para possibilitar a acessibilidade a portadores de deficiências. A maior parte dos eventos terá audiodescrição e tradução de libras.

Monitores de Turismo e guias de turismo filiados a Associação dos Guias Turísticos da Bahia irão orientar o público. Na Estação de Metrô do Campo da Pólvora, a ação “Vá de Metrô para a FLIPELÔ” vai disponibilizar vans que farão o traslado gratuito da estação até o Taboão. Para quem, p´referir ir de carro, os estacionamentos da região que terão tarifa única de R$ 15. A Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ 2021 é uma produção da Sole Produções.