Serviço busca ressocializar pacientes com transtornos mentais em Salvador
Cerca de 700 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de transtorno mental. Esse número representa 13% do total de doenças existentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Buscar formas ainda mais humanizadas de tratar e ressocializar esses pacientes, tirando-os da condição de invisibilidade social, familiar e de si mesmo, para se tornarem protagonistas de suas próprias histórias. Este é o objetivo do programa da Residência Terapêutica Holiste, localizada no bairro da Pituba, em Salvador. O serviço oferece aos pacientes mentais crônicos um espaço de moradia, com apoio de um trabalho psicossocial, atuando de forma conjunta com acompanhamento psiquiátrico, além de suporte de uma equipe multidisciplinar de cuidados.
“A realização desse projeto atende ao desafio de olhar o paciente para além da medicina, pois, apesar de sua doença, o nosso foco são as suas necessidades e desejos enquanto pessoa, que vão dos mais elementares cuidados básicos às suas demandas por atenção, cuidado e interação social”, explica Sandra Simon Siqueira, diretora técnica da Holiste.
Os moradores recebem cuidados intensivos, 24 horas por dia, com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, terapeutas e fisioterapeutas, além de médicos psiquiatras que podem dar o suporte psicossocial necessário aos pacientes. “A finalidade da residência terapêutica é de contribuir para resgatar o paciente como ser existente, retomando suas atividades como um cidadão, além de resgatar os vínculos afetivos familiares”, explica Isabel Castelo Branco, acompanhante terapêutica e uma das coordenadoras da Residência Terapêutica Holiste.
O formato é de um verdadeiro lar e os pacientes são incentivados a voltar a ter uma vida normal, com rotinas diárias, como arrumar a cama, cuidados de higiene pessoal, regar as plantas, além de atividades terapêuticas, exercícios físicos e jogos lúdicos. Fazem parte do programa, também, atividades externas que visam estimular a autonomia e a socialização. “Os pacientes são livres para escolher as atividades que quiserem fazer. Podem ir ao cinema, supermercado, restaurantes, igreja ou fazer uma caminha, por exemplo. O tratamento é totalmente individualizado”, ressalta a psicóloga Caroline Severa, que também coordena a Residência Terapêutica Holiste.
Entre as ações que os moradores da Residência Terapêutica realizam estão a administração e organização do seu espaço individual, orientação e supervisão quanto à utilização do dinheiro procedente da família ou de seus próprios benefícios. Também consta na lista de atividades a intervenção quanto às necessidades individuais como a compra de roupas, material de higiene pessoal, além da prática de atividades sociais visando à interação com os demais pacientes. O ingresso do paciente é feito através da indicação do médico que o acompanha e após ser submetido a uma triagem da equipe médica da residência. Podem participar do programa pacientes com diagnóstico psiquiátrico, incapacidade de convívio sócio familiar, efeitos deletérios das internações prolongadas, pacientes refratários, entre outros.