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Artista transforma escombros de incêndio em representações do cosmos
Artista transforma escombros de incêndio em representações do cosmos

“Se a vida te der limões, faça uma limonada”. O ditado popular poderia ser aplicado ao artista plástico recifense Kilian Glasner, que superou o drama de ter seu ateliê destruído num incêndio. Ele transformou os escombros em representações do cosmos, que compõem a mostra individual Macrocosmos, microcosmos ou, a cosmogonia dos incêndios. A exposição está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, em São Paulo, até 22 de novembro.

Com curadoria de Paulo Kassab, a exposição reúne 29 trabalhos, entre desenhos, instalação audiovisual e esculturas de bronze, criadas após a contemplação dos cosmos durante viagem ao Atacama e a partir do trágico incêndio que consumiu seu ateliê, na Ilha de Itamaracá-PE, e as obras que seriam originalmente expostas nesta mostra. Um vídeo de 12 minutos no qual o artista caminha sobre os escombros do que restou de seu ateliê revela sua relação simbólica com o antigo espaço e evoca a ambiguidade dos incêndios, que apesar de devastadores, carregam a força de novas criações.

Nos desenhos é possível observar a via láctea, nebulosas, supernovas e outros corpos celestes. Neles, foram utilizados giz pastel, cola, pó e carvão colhidos nos escombros do incêndio de seu espaço de criação. “As representações surgiram depois de uma viagem para o deserto do Atacama, onde visitei observatórios e contemplei o céu de uma forma mais ampla. Mais tarde, durante a noite do incêndio, quando tudo estava ainda em chamas, eu fui até a praia e me deitei na areia para olhar o céu. A imagem me confortou e resolvi usar o carvão que restou para produzir as obras”, explica o artista.

Após utilizar destroços e ruínas como assuntos centrais da série Rua do Futuro (2009) e explorar as diferentes plasticidades do fogo em Anatomia do Fogo (2014), Kilian transforma o espaço do CCBB em seu ato final. Na mostra, ele estabelece uma conexão entre os móveis e objetos transformados em cinzas com a própria característica cíclica dos cosmos. “Trata-se de reconstruir e expressão artística a partir dos elementos produzidos pelo fogo”, comenta Glasner.

Kilian reforça que os trabalhos contam, por meio da história dos desenhos e suas potências subversivas e criadoras, as próprias ligações do artista com o fogo, iniciada nas exposições já citadas e em O brilhante futuro da Cana-de-Açúcar, de 2010.

Macrocosmos, microcosmos ou, a cosmogonia dos Incêndios marca a volta de Kilian Glasner às séries anteriores em um ato que inverte o sentido das criações precedentes. Agora a ruína não mais é a representação, ela salta do papel para presença, testemunha o que foi consumido e aponta, ao mesmo tempo, para aquilo que pode emergir, o sonho”, destaca Paulo Kassab, curador da exposição.

Residência artística na França

Kilian Glasner vive e trabalha na capital pernambucana. Sua obra foi premiada no 39º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco em 1999. O artista realizou seus estudos de graduação e mestrado na École Nationale Superieure des Beaux-Arts, em Paris, onde residiu de 2000 a 2007. Fez residência artística na Academia Francesa de Artes em Roma, a Villa Médici, realizou trabalhos fotográficos na cordilheira do Himalaia, na Índia, em 2003, além de ter participado em mostras coletivas na França, Holanda e Itália. No Brasil, já expôs em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Branco e Brasília, além de ter seu trabalho em países como: Bruxelas, EUA, Itália, França, Holanda e Portugal.

Serviço:

O quê: Exposição Macrocosmos, microcosmos ou, a cosmogonia dos incêndios, de Kilian Glasner

Quando: visitação aberta todos os dias, das 9h às 18h, exceto às terças-feiras, até 22 de novembro

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo (Rua Álvares Penteado, 112, Centro Histórico de São Paulo)

Quando: entrada gratuita, com reservas pelo site ou APP EVENTIM ou diretamente na bilheteria do CCBB)

Classificação: Livre

Incêndio atinge galpão da Cinemateca Brasileira em São Paulo
Incêndio atinge galpão da Cinemateca Brasileira em São Paulo

Um incêndio atingiu, no final da tarde desta quinta-feira (dia 29), um galpão onde fica guardado parte do acervo da Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O Corpo de Bombeiros foi acionado para atender ao chamado de fogo em edificação comercial localizado na Rua Othão, 290, Vila Leopoldina, na zona Oeste da capital paulista. Segundo os Bombeiros, o fogo foi controlado e não houve vítimas. O prédio principal da Cinemateca Brasileira, que é a instituição responsável pela preservação e difusão da produção audiovisual no Brasil, está localizado na Vila Mariana. A Cinemateca tem o maior acervo da América do Sul, formado por cerca de 250 mil rolos de filmes e mais de 1 milhão de documentos relacionados ao cinema, como fotos, roteiros, cartazes e livros.

Em entrevista ao canal de notícias GloboNews, a capitã dos Bombeiros Karina Paula Moreira afirmou que o incêndio começou em uma das salas de acervo histórico de filmes que fica no primeiro andar do galpão. “Essa parte é dividida entre três salas, uma delas com acervo de filmes entre 1920 e 1940 e uma das salas de arquivo impresso, também histórico. Estamos levando o que foi queimado e preservado dentro dessas três salas – provavelmente nada. Porém, no andar térreo, tem uma parte grande do acervo histórico que não foi atingida”, afirmou a capitã.

Em nota, a Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal, que administra a Cinemateca Brasileira, lamentou profundamente o ocorrido. “A Secretaria já solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio e só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico”, afirma o texto.

Leia nota na íntegra

“A Secretaria Especial da Cultura lamenta profundamente e acompanha de perto o incêndio que atinge um galpão da Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP). Cabe registrar que todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês como parte do esforço do governo federal para manter o acervo da instituição. A Secretaria já solicitou apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio e só após o seu controle total pelo Corpo de Bombeiros que atua no local poderá determinar o impacto e as ações necessárias para uma eventual recuperação do acervo e, também, do espaço físico. Por fim, o governo federal, por meio da Secretaria, reafirma o seu compromisso com o espaço e com a manutenção de sua história.”

Com informações: Agência Brasil e GloboNews

Foto: Agência Brasil / Reprodução