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Espetáculos NAU e Barcarola Encantada vencem o Prêmio Braskem de Teatro
Espetáculos NAU e Barcarola Encantada vencem o Prêmio Braskem de Teatro

NAU, Barcarola Encantada e De como me tornei invisível para caber no meu espírito foram os vencedores do 28º Prêmio Braskem de Teatro nas categorias Espetáculo Adulto, Espetáculo Infantojuvenil e Performance, respectivamente. A cerimônia de entrega da mais tradicional premiação das artes cênicas baianas foi realizada na noite dessa quarta-feira (dia 18), no palco principal do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador. O prêmio é uma realização da Caderno 2 Produções Artísticas com patrocínio da Braskem e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

Luiz Antônio Sena Jr. conquistou o troféu de Direção pelo trabalho na peça Para-iso. Já Caio Rodrigo, Daniel Farias e Ian Fraser venceram a categoria Texto pelo espetáculo Ensaio para uma redenção. Vagner Jesus recebeu a estatueta na categoria Ator, pela desenvoltura na peça Manual como conter uma raça poderosa e Evana Jeyssan foi eleita Atriz por Gota D’água. A Revelação dessa edição foi Ninha Almeida pela atuação em O Salto. Já Eliete Teles e Rubenval Meneses venceram a categoria Especial pela construção dos bonecos em Metamorfose. Os vencedores do Prêmio Braskem de Teatro receberam R$ 30 mil para os melhores espetáculos Adulto, Infantojuvenil e Performance e os demais ganharam R$ 5 mil cada, além dos troféus.

Os premiados foram escolhidos pela Comissão Julgadora, composta pelo dramaturgo, roteirista, ator e apresentador de TV Aldri Anunciação; a pós-doutora em artes cênicas e professora da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia Alexandra Dumas; o ator-performer, autor, diretor, professor e produtor Fabio Vidal; o artista, pesquisador e curador Felipe Assis e a produtora e gestora cultural Virginia Da Rin. Eles analisaram 80 espetáculos adultos, 22 infantojuvenis e 25 performances inéditos, que foram produzidos por grupos baianos entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021 e tiveram exibição online.

O trabalho foi coordenado por Fernando Marinho, que ressaltou os diferenciais dessa edição. “O prêmio ficou mais robusto e pode ter a inclusão muito importante da categoria performance. Além disso, a avaliação remota das peças permitiu uma análise mais ampla, dando a oportunidade dos artistas do interior de concorrer a todas as categorias”, pontua, Marinho destaca também a capacidade de adaptação da premiação para o ambiente remoto, apoiando a classe artística que precisou se reinventar durante a pandemia.

Homenagem ao centenário de Dias Gomes

A premiação promoveu uma grande festa do teatro no palco do TCA, com uma homenagem ao centenário do dramaturgo baiano Dias Gomes. Para isso, o espetáculo, dirigido por Gil Vicente Tavares, revisitou cenas emblemáticas da obra de Dias Gomes, rememorando as emoções, críticas, humor e tom político do trabalho desse grande nome do teatro baiano. Além de explorar o visual e personagens criados por Dias Gomes, Gil Vicente também se debruçou nas trilhas sonoras presentes em sua dramaturgia, costurando canções marcantes de aberturas de novelas com outras músicas que embalaram suas peças. “Tentei fazer um diálogo com as várias criações que perpassam a carreira de Dias Gomes para celebrar o centenário desse grande dramaturgo”, explica o diretor artístico.

Para ele, a noite também de homenagem ao teatro baiano. “Foi uma cerimônia dentro do espírito teatral, da atuação, da contracena. Poder pisar nesse templo do teatro baiano tem um valor inestimável. Foi maravilhoso”, conclui Gil Vicente. O elenco do cerimônia contou com nomes como: Ana Barroso, Daniel Farias, Denise Correia, Diogo Lopes, Evelin Buchegger e Marcelo Praddo, além da apresentação da atriz Valdinéia Soriana. Os vencedores também destacaram a emoção de retornar aos palcos com a presença do público durante os seus discursos.

“Esse prêmio é símbolo da nossa resistência, que mesmo durante a pandemia conseguimos produzir”, ressaltou Eliete Teles, que venceu a categoria Especial. Já Evana Jeyssan, premiada na categoria atriz, dedicou a conquista a avó e irmã, que faleceram durante a pandemia. “Fiz valer cada sacrifício. Estou aqui por elas para mostrar que eu vou continuar ocupando esses espaços”, disse emocionada.

Representante do teatro de Capão, na Chapada Diamantina, Ninha Almeida, vencedora da categoria Revelação, ressaltou a presença de artistas do interior na premiação. “Estava acostumada a apresentar minha arte nas ruas e no circo, não em um teatro, como esse, por isso dedico a todos profissionais da cena teatral do interior. Mas a premiação abriu as portas para o interior, então vamos mostrar que essa arte que pulsa na zona rural”, celebra.

CONFIRA OS VENCEDORES DO 28º PRÊMIO BRASKEM DE TEATRO:

Categoria ESPETÁCULO ADULTO

●        NAU

Categoria ESPETÁCULO INFANTOJUVENIL

●        Barcarola Encantada

Categoria DESEMPENHO

●        De como me tornei invisível para caber no meu espírito

Categoria ESPECIAL

●        Eliete Teles e Rubenval Meneses – pela construção dos bonecos de Metamorfose

Categoria TEXTO

●        Caio Rodrigo, Daniel Farias e Ian Fraser – pelo texto de Ensaio para uma redenção

Categoria ATRIZ

●        Evana Jeyssan – pela atuação em Gota D’Água

Categoria ATOR

●        Vagner Jesus – pela atuação em Manual Como Conter uma Raça Poderosa

Categoria REVELAÇÃO

●        Ninha Almeida – pela atuação em O Salto

Categoria DIREÇÃO

●        Luiz Antônio Sena Júnior – pela Direção de Para-iso

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Cobertura da cerimônia de entrega do 28º Prêmio Braskem de Teatro
TCA de Braços Abertos apresenta no Dia do Orgulho LGBTQ+ o espetáculo PARA-ÍSO
TCA de Braços Abertos apresenta no Dia do Orgulho LGBTQ+ o espetáculo PARA-ÍSO

O projeto TCA de Braços Abertos apresenta nesta segunda-feira, 28 de junho, celebrando o Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+, o espetáculo PARA-ÍSO, do Corre Coletivo Cênico. São oito episódios, que vão ao ar às 19h, desta segunda-feira, e ficarão disponíveis até domingo (dia 4/07), no canal do YouTube do Teatro Castro Alves (TCA).

PARA-ÍSO fala sobre a construção identitária LGBTQ+. A obra, com dramaturgia e direção assinadas por Luiz Antônio Sena Jr., o LUI, narra a vida de um homem gay morto, que tem a sua trajetória revisitada pelo olhar de cinco personagens que tiveram suas vidas atravessadas por Ele. A inspiração documental e histórica vem do livro Devassos no Paraíso, do José Silvério Trevisan.

PARA-ÍSO propõe uma reflexão sobre o modo como o HIV/Aids e a Covid-19 atingem corpos gays, numa tentativa de correlacionar as epidemias, que têm quatro décadas de distância. As personagens Leka, Tito, Miguel, Rogério e Paul são vividas por integrantes do Corre Coletivo Cênico: Anderson Danttas, Igor Nascimento, Luiz Antônio Sena Jr., Marcus Lobo e Rafael Brito. Elas se encontram na Casa PARA-ÍSO, lugar onde o homem morava, na noite em que ele morre. Ao longo do passeio pelo espaço, memórias transbordam. O enredo provoca reflexões sobre o Brasil e sua colonialidade cis, hétero e branco, que atracou em terras baianas no século XVI.

Ao correlacionar as epidemias, o coletivo mira para os modos como ambas foram e são abordadas. A ideia de grupo de risco como alvo para contágio e proliferação do vírus. No caso HIV/Aids, a ideia atravessa corpos gays, vistos como propensos a positivarem para o vírus, numa culpabilização (“peste gay”, “câncer gay”); além da prerrogativa do isolamento – fechamento de fronteiras, solidão dos corpos que padecem diante de um “diagnóstico”.

“É um espetáculo onde a gente faz uma correlação entre a epidemia HIV/Aids e a Covid-19. Tentando enxergar como os corpos que essa necropolítica escolhe extinguir, tendo em visto uma possibilidade de afirmação de uma comunidade imune, mas o que quê é essa imunidade, interessa a quem, quais são os corpos eleitos, quem pode ter acesso isso”, questiona Luiz Antônio.

O Corre se baseia nesses marcadores para entender um vírus social que afeta e mata muito mais. “É importante mudar o foco do olhar, perceber os preconceitos estabelecidos e como podemos quebrá-los, usando as estratégias desse tempo, mas sempre se inspirando nas narrativas deixadas por aqueles e aquelas que vieram antes de nós”, afirma Marcus Lobo, co-diretor do espetáculo. 

A ficha técnica de PARA-ÍSO tem Roquildes Junior e Gabriel Carneiro na trilha sonora, com música original de LUI, criada especialmente para a obra; figurino de Luiz Santana; e captação de imagens de Dante Vicenzo. A produção executiva é de Anderson Danttas e Igor Nascimento. A direção de fotografia é da tríade Dante Vicenzo, Luiz Antônio Sena Jr. e Marcus Lobo. A iluminação da Casa tem assinatura de Luiz Antônio Sena Jr. e Marcus Lobo, com técnica de Alisson de Sá.

Próximas edições – Na quarta-feira (dia 30), o espetáculo de música e poesia Do Cordel Remoçado ao Cibercordel, de Omar Tolstói, vai ao ar no YouTube do Teatro Castro Alves como parte do Especial Nordestes do mês de junho. Lançado em 2020, o TCA de Braços Abertos é uma janela oferecida pelo Teatro Castro Alves, em Salvador, para exibição de iniciativas culturais em seu canal de YouTube, assim como ocorria na ocupação dos palcos do Complexo antes da pandemia.

Serviço:

O quê: TCA de Braços Abertos apresenta o espetáculo PARA-ÍSO 

Quando: segunda-feira (dia 28), às 19h

Onde: no canal do Teatro Castro Alves no YouTube

Dramaturgo lança projeto de música afirmativa para falar de homofobia e sorofobia
Dramaturgo lança projeto de música afirmativa para falar de homofobia e sorofobia

O ator, dramaturgo e diretor teatral baiano Luiz Antônio Sena Jr. agora inclui mais uma função ao seu currículo, a de cantor. Com o pseudônimo de LUI, ele acaba de lançar o seu primeiro EP, intitulado #ÉSóAmor. O álbum foi produzido por Bruno Michel, através da Candyall Music, selo e editora de Carlinhos Brown, e traz músicas dançantes e cheias de afirmação.

Já no primeiro single Comigo Ninguém Pode, composição de sua autoria em parceria com Thiago Pugah, o artista usa a metáfora da planta que dá nome a canção para levantar as bandeiras da homoafetividade e de combate a sorofobia, evocando o afeto e proteção à vida. A canção e o videoclipe que já estão disponíveis nas principais plataformas digitais.

“Essas relações de poder sempre me inquietaram. Talvez, pela minha própria narrativa: um homem gay, que nasce em Alagoinhas, uma cidade no interior da Bahia marcada por uma política coronelista ainda, um conservadorismo muito presente na sociedade, minha família católica e eu adepto da religião de matriz africana, sou iaô. Tudo isso, de alguma forma, está marcando minha existência no sentido de quais são os espaços que são abertos para mim e aqueles que são fechados por todas as escolhas que tenho de vida. Nesse sentido é que eu pensei em comigo-ninguém-pode como música de afirmação”, explica.

“O mundo às vezes me disse que eu não posso, que eu sou perigoso, que eu sou isso, que eu sou aquilo e o que eu tenho pra dizer ao mundo é eu existo, eu sou pleno, eu sou firme, eu sou resistente como esta planta”, afirma LUI.

Após quase 20 anos atuando nas artes cênicas como ator, diretor, produtor e dramaturgo, e depois da experiência de canto no palco com o espetáculo #ComproVendoTrocoAMOR, em que interpretava releitura de clássicos da MPB, foi que LUI resolveu se assumir cantante. “O desejo de ser cantor era algo que, de alguma forma, estava escondido a sete chaves dentro de mim. O teatro foi aos poucos me revelar essa possibilidade, mas nunca me colocando tão direto como um cantor, porque não acreditava em mim tanto assim ou negava essa possibilidade”, confessa o artista, que na pandemia viu esse desejo ser confrontado.

“Com a pandemia veio essa possibilidade da gente se olhar de frente para o espelho e entender ativamente quais são os nossos sonhos e quais são os motivos de nossa existência. Foi nesse sentido que eu comecei a perceber que a música estava muito presente em mim. Foi quando assumi que era o momento de mergulhar na música, tomá-la como uma presença e não como algo que completa um outro exercício artístico, mas ela como pilar, como algo que me faz existir”, ressalta LUI.

Agora, através do projeto #ÉSóAMOR, que engloba o lançamento de um EP com cinco faixas que trazem o amor como força motriz e matriz para afirmação dos corpos que dissendem da norma hetero, vem firmar sua personalidade e estética musical através de melodias e rimas próprias.

Quando perguntado sobre a parceria com a Candyall Music, LUI se derrete em elogios a Brown. “Quando a gente chegou para mostrar o projeto a Brown, ele, de cara, já ficou muito seduzido e eu pela possibilidade de também estar dentro do selo, pela proposta que foi feita de que não é somente a de colocar um EP nas plataformas virtuais. A gente tem pensado em um plano de carreira e neste sentido tem a grande maestria de Brown, com a sua carreira e tantos lugares, perpassando por tantos nichos e ao longo de tanto tempo. A parceria surge por uma confluência de interesses e desejos e, claro, que tem também a vontade de fazer juntos”, garante.

Próximos lançamentos

No último dia 18, foi lançada a música Enredo em parceria com o rapper Hiran. No próximo dia 9 de julho, chega as plataformas digitais a canção Positivo, feat com Dan Vasco, do grupo baiano Filhos de Jorge. LUI aposta nesta gravação para trazer à baila questões que ultrapassam a fronteira das minorizações sociais como é o caso da soropositividade.

Para os próximos meses, novas canções do EP #ÉSóAmor serão disponibilizadas. Estão previstas ainda o lançamento da canção autoral É Foda, além da regravação de Preciso Dizer Que Te Amo, música de Cazuza e Bebel Gilberto.

Mas, LUI também mantém planos para o teatro assim que as medidas de distanciamento social permitirem a retomada dos espaços cênicos. O ator, diretor e dramaturgo quer apresentar presencialmente o espetáculo virtual PARA-ÍSO, criado com o grupo Corre Coletivo Cênico. “É um espetáculo onde a gente faz uma correlação entre a epidemia HIV/Aids e a Covid-19. Tentando enxergar como os corpos que essa necropolítica escolhe extinguir, tendo em visto uma possibilidade de afirmação de uma comunidade imune, mas o que quê é essa imunidade, interessa a quem, quais são os corpos eleitos, quem pode ter acesso a isso”, questiona o dramaturgo, que também dirigiu e atuou na peça.

O espetáculo PARA-ÍSO estreou em formato digital com oito episódios, que estão disponíveis no YouTube. “O espetáculo foi feito dentro de um espaço alternativo aqui, de Salvador, que é a Casa Charriot e nosso desejo é não, necessariamente, fazê-lo num teatro, mas num espaço alternativo, onde a gente consiga ter uma outra experiência com público”, anseia.

Outro projeto do dramaturgo é uma adaptação para o teatro do livro Pequeno Manual Antiracista, de Djamila Ribeiro. “A gente ainda não tem previsão de quando vai estrear, mas é uma obra, que já estou me debruçando para escrever, que já tem um rascunho. Ou seja, tem muitas coisas que estão por vir, agora a grande questão é a gente poder se encontrar. Quero muito também fazer shows e sentir como meu som ecoando nesses corpos”, deseja LUI.

Ouça abaixo a entrevista exclusiva de LUI no episódio #02 do nosso podcast Destaques da Semana