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Fronteiras do Pensamento Pierre Lévy Foto: Carlos Casaes / AG. BAPress
“Não podemos dominar o software sem dominarmos a leitura anteriormente”, afirma Pierre Lévy no Fronteiras do Pensamento

“Melhor viver a vida com um sentido, do que tentar se resignar que a vida não tem sentido”. Esse foi o conselho dado pelo filósofo francês Pierre Lévy, durante sua conferência no Fronteiras do Pensamento. O evento realizado na noite dessa terça-feira (dia 10), quando lotou a plateia da sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. “Você não pode aceitar o sentido da vida como é transmitido. Todos nós devemos viver com a certeza da liberdade de sentido”, afirmou o conferencista no evento.

A temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento em Salvador, que tem patrocínio da Braskem e do Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, será encerrada no próximo dia 1º de outubro, com um debate especial entre as escritoras brasileiras Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz, com ingressos já esgotados. No mês de agosto, a capital baiana, por meio da iniciativa, também recebeu o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura.

A conferência de Pierre Lévy foi mediada por André Lemos, professor titular do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e apresentado por Fernando Marinho, músico, ator, diretor teatral e presidente do Conselho Diretor da Aliança Francesa em Salvador.

Pierre Lévy iniciou a conferência afirmando que no final do Século XX, apenas 1% da população mundial estava conectada à Internet. Atualmente este percentual corresponde a 60%. O filósofo prevê que num futuro próximo toda a nossa memória coletiva estará guardada em servidores ou na nuvem. “Todo esse conteúdo será usado através de inteligência artificial para tentar adivinhar os gostos e interesses das pessoas. Tecnologia que já está sendo usada por gigantes como o Google, a Amazon e o Facebook”. De acordo com Lévy, “nós estamos apenas no início dessa transformação da comunicação, que será muito mais extensa e profunda do que temos assistido”, sentenciou o atual professor de Inteligência Coletiva na Universidade de Otttawa.

“Estamos vivendo uma nova era agora que todos os símbolos foram digitalizados, o que nos permite por exemplo, transformar pequenos símbolos em perguntas completas”, exemplificou Lévy, um dos principais pesquisadores das tecnologias da inteligência e investigador das interações entre informação e sociedade.

“É possível utilizar a Internet para enviar fotos do seu café da manhã, para insultar um adversário político, mas você pode usar a Internet para disponibilizar livros digitalmente e coisas positivas. Os jornalistas sublinham as coisas negativas, mas eu gostaria de dizer que a mentira começou muito antes da Internet. Cada vez que você dá um like, compartilhar algo, você ajuda a organizar essa memória coletiva”, afirmou Lévy, ao responder à pergunta da plateia se a Internet deixou o público mais limitado.

Para o filósofo não é a Internet a responsável por essa onda de populismo, lembrando o totalitarismo vivido nos anos 1940, na Alemanha, Rússia e Inglaterra.  “É uma forma de pensamento curta. A responsabilidade é de quem vota e não das Fake News. Devemos ter cuidado com o fato de fazer da mídia técnica, um agente político. Claro que os dados, os algoritmos, não são neutros, já que são uma produção humana”, garante.

Ao ser questionado como enfrentar a dicotomia entre o mundo moderno e o analfabetismo, Lévy afirmou que “não podemos dominar o software sem dominarmos a leitura anteriormente. Não podemos ser seres humanos capazes de compreender dados sem a educação de base. Sabemos que o Brasil tem problemas educacionais, mas não são tão diferentes de outros países”, afirmou Lévy, dando como exemplo dados do analfabetismo funcional no Canadá. “Não devemos proibir que as crianças acessem à Internet e sim, ensiná-las a buscar informações úteis, que possam contribuir para a construção de um pensamento crítico”, aconselhou.

Servi

O quê: Debate especial com Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz, no Fronteiras do Pensamento Salvador

Quando: Terça-feira (1º/10), às 20h30

Onde: Teatro Castro Alves (TCA)

Ingresso: Esgotados

Pierre Lévy - Foto: Luiz Munhoz
Pierre Lévy fala sobre A Construção do Sentido no Fronteiras do Pensamento

“Qual o sentido de buscar um sentido?”. Esse será o questionamento proposto pelo filósofo francês Pierre Lévy durante conferência no Fronteiras do Pensamento, em Salvador. O evento, patrocinado pela Braskem e pelo Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, acontece nesta terça-feira (dia 10), às 20h30, no Teatro Castro Alves. “Saber se a evolução ou a história humana tem um sentido é uma enorme questão, debatida há séculos pelos filósofos. Hoje, é uma ideia muito combatida. Está muito na moda nos círculos pós-modernos dizer que a história humana não tem sentido, ou que ela tem tantos sentidos possíveis que não é realmente importante determinar qual”, explica.

Pierre Lévy acredita que a questão é se o ser humano, individual ou coletivamente, é consciente dessa evolução. “Existem, em cada época, pessoas que poderíamos talvez chamar de intelectuais, que refletem sobre esse processo e que procuram orientar a evolução de maneira refletida, de maneira racional. Mas, por um lado, é muito raro, é uma pequena elite e é perigoso”, afirma. O perigo, segundo Lévy, é porque os intelectuais em questão podem se enganar. “Podem ser, por exemplo, utopias totalitárias como as que houve com o comunismo, ou com o fascismo, etc. Os grandes ideólogos totalitários quiseram orientar deliberadamente a evolução humana. E na maioria das vezes foi uma catástrofe. Por isso, talvez, não seja tão ruim que não saibamos exatamente em qual direção estamos indo”, sentencia o filósofo, atual professor de Inteligência Coletiva na Universidade de Ottawa.

Lévy é um reconhecido pesquisador das tecnologias da inteligência e investiga as interações entre informação e sociedade. Mestre em História da Ciência e Ph.D. em Comunicação e Sociologia e Ciências da Informação pela Universidade de Sorbonne, é um dos mais importantes defensores do uso do computador, em especial da Internet, para a ampliação e a democratização do conhecimento. Seu foco de estudo se concentrou na área da cibernética e da inteligência artificial. Em 1987, lançou seu primeiro livro, A máquina Universo – Criação, cognição e cultura informática. Também é autor de A inteligência coletiva, O que é virtual? e Cibercultura.

A conferência de Pierre Lévy no Fronteiras do Pensamento terá mediação de André Lemos, professor titular do Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia; e apresentação de Fernando Marinho, músico, ator, diretor teatral, artista visual e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado da Bahia (SATED Bahia).

O Fronteiras do Pensamento 2019 trouxe a Salvador no mês de agosto, o escritor e jornalista cubano Leonardo Padura. A temporada deste ano será encerrada no dia 1º de outubro, com um debate especial entre as escritoras brasileiras Djamila Ribeiro e Lilia Schwarcz. Os ingressos estão à venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves (TCA), nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista, pelo site www.ingressorapido.com.br. A entrada para cada conferência é comercializada por R$ 50. Outras informações sobre o projeto no portal www.fronteiras.com.

Serviço:

O quê: Conferência de Pierre Lévy, no Fronteiras do Pensamento Salvador

Quando: Terça-feira (10/09), às 20h30

Onde: Teatro Castro Alves (TCA)

Ingresso: R$ 50. A venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista ou pelo site www.ingressorapido.com.br

Pierre Lévy - Foto: Luiz Munhoz
Pierre Lévy no Fronteiras do Pensamento

O filósofo da informação, Pierre Lévy, considerado o Papa da revolução digital estará em Salvador, na terça-feira (21). Ele será o convidado do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, a partir das 20h, no Teatro Castro Alves.

Lévy nasceu na Tunísia, é professor titular do Departamento de Comunicações na Universidade de Ottawa e membro da Sociedade Real do Canadá. Com mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade de Sorbonne, em Paris.

Ele voltou seus interesses para as áreas da cibercultura e do espaço virtual. Autor de conceitos como “tecnodemocracia” e “cosmopédia”, ele é também um dos criadores do programa Árvores do Conhecimento, que organiza grupos de usuários da internet segundo interesses culturais.