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Festa de inauguração do Burger King da AV. ACM - Foto: Divulgação
Burger king inaugura primeiro restaurante de rua do Nordeste

Uma festa para mais de mil pessoas na noite desta quinta-feira (13/09) marcou a inauguração da terceira loja da rede internacional de fast-food Burger King em Salvador. A inauguração consolida de vez a marca na Bahia, que possui agora três restaurantes, um no Shopping Barra, outro no Salvador Shopping e o recém inaugurado na avenida Antônio Carlos Magalhães. A unidade é a primeira de rua com serviço drive-thru da marca no Nordeste e o segundo no país, que exigiu um investimento de R$ 2 milhões.

Construído em uma área de 700 m², no estacionamento do Hiper Bompreço do Iguatemi, o restaurante emprega 80 funcionários diretos, na maioria jovens que tiveram a primeira oportunidade de trabalho. “Temos jovens do Instituto de Hospitalidade (IH) trabalhando nesta loja. Investimos nos nossos colaboradores e muitos deles já chegaram à posição de gerentes”, afirma Daniela Faé Vallejo, presidente da Shirba, franqueada da Burger King para os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Espírito Santo.

Segundo ela, a meta da Shirba é de inaugurar mais oito lojas até março de 2008 no estado. Em cinco anos, devem ser 15 restaurantes espalhados nos quatro estados do Nordeste. Em 2006, o segmento de fast-food no Brasil movimentou R$ 6,4 bilhões, registrando um aumento de 26% em relação ao ano anterior.

Estratégias de Marketing

Para a inauguração da nova unidade, as estratégias de marketing utilizadas pela Agência de publicidade .K que atende a Shirba foi criar o teaser com o hot site www.soumuitocurioso.com.br que revestiu os tapumes durante a obra para construção do restaurante. Foram mais de 30 mil curiosos que acessaram o site, 20 mil inscrições e seis mil respostas ao e-mail da promoção para participar da festa de inauguração. Destes, 50 pessoas foram selecionadas.

Antes da inauguração 200 peças de mobiliários urbanos espalhados pela cidade, anunciavam “Burger King, vem aí”. No dia 14, as peças foram substituídas com a frase “Chegou o gostosão da ACM” e um toten em forma de Whopper (o sanduíche carro-chefe da rede), localizado na frente da loja concorrente indica “Burger King a 300 metros”. Segundo Afonso Braga, gerente de marketing da Burger King no Brasil, a publicidade da rede fast-food segue a linha de seu público. “Jovem, questionador e irreverente”, enumera.

Broncas do Rafa - Timóteo defende turismo sexual
Broncas do Rafa – Timóteo defende turismo sexual

O vereador de São Paulo Agnaldo Timóteo (PR) criticou ontem (28/03) a ministra do Turismo, Marta Suplicy: “a primeira proposta dela é para acabar com o tal do turismo sexual. Pelo amor de Deus minha gente, vai prender um turista porque ele levou ‘pro’ (sic) motel uma menina de 16 anos? É brincadeira! As meninas com um ‘popozão’ desse tamanho, os peitos como uma melancia rodando bolsinha, aí o turista pega e passa a ripa. Tenha piedade“, disse o vereador, para espanto dos parlamentares.

*Nota publicada na coluna Curtas, página 19, do jornal A Tarde, de 29 de março de 2007.

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Opinião

“É brincadeira”! Realmente vereador, só pode ser brincadeira um comentário infeliz como esse. “Tenha piedade”. De fato, tenha piedade, porque nossos ouvidos não são penicos para ouvirem tantas bobagens. Um homem que se diz tão culto, utilizar na tribuna um vocabulário de tão baixo calão. O espanto foi maior em saber que o infeliz comentário partiu de uma pessoa que diz prezar pelos valores morais.

Espero que afirmativas como essa, sirvam para que a população pense bem e não faça nas urnas, o que faz no vaso sanitário!

Broncas do Rafa – Eu sou brasileiro e já desisti há muito tempo

De tanto ver triunfar as nulidades, prosperar a desonra, crescer a injustiça, agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir da honra e a ter vergonha de ser honesto.” (Ruy Barbosa)

Por Rafael Veloso

Em primeiro lugar tenho que esclarecer uma questão: sempre quando lanço mão desse título parafraseando a citação de Câmara Cascudo na campanha de valorização do cidadão brasileiro do Governo Federal, no comunicador instantâneo (Messenger), meus contatos me perguntam se estou triste, depressivo e desiludido com a vida. Em relação a minha vida, não! Quanto as diversidades da vida tenho tentado fazer o “jogo do contente” da “Poliana”. Fazer limonada com os limões que o destino tem me oferecido. O “desistir a muito tempo”, tem relação direta com a situação caótica que se encontra o Brasil. O mar de lama que está imerso o nosso país. A frase do Ruy Barbosa, acima, é muito propícia, contemporânea e exemplifica essa minha desistência com o meu país.

Os escândalos pipocam graças a exigência de transparência por parte da população, que vê nos meios de comunicação sua única arma de fazer dos vários setores da sociedade um verdadeiro Big Brother da moralidade. É “mensalão” dos deputados federais e estudais de Roraima, licitações com cartas marcadas, obras superfaturadas, cervejaria sonegando impostos, adulterando placas de veículos, pagando propina a fiscais. Retaliação a obras de caráter emergencial para cidades cada vez mais inchadas por veículos e com sistemas de transportes públicos deficitários, como os atrasos de repasses de verbas e ameaça de não renovar o contrato com o Banco Mundial para o financiamento das obras do metrô de Salvador. Esse são alguns dos escândalos do momento e que nos dão a constante sensação de que todo esse circo vai acabar em pizza novamente.

Impunidade

São réus confessos sendo soltos através de habeas-corpus, como o caso de Suzane Richthofen. Porque que o juiz do caso entendeu que a confissão de envolvimento na morte dos pais, em 2002, não é suficiente para incrimina-la. Sem falar, naqueles que nem chegaram a serem presos, como relata a reportagem “Justiça lenta deixa criminosos livres”, de autoria do jornalista Deodato Alcântara, publicada na edição do último domingo, dia 26 de junho, no jornal A Tarde. É desesperador sabermos que vítimas inocentes pagam, muitas vezes, com a própria vida, em ações que demorarão para serem resolvidas, e se forem.

O mais estarrecedor é saber que esses bandidos logo estarão livres, como exemplifica a reportagem a respeito da condenação dos três acusados de sequestrar, estuprar e matar a jornalista Maristela Bouzas, de 28 anos, em novembro de 2000. O lavador de carros Robson Rodrigues Soares, hoje com 30 anos, responsável pela liderança em todo o evento criminoso, foi sentenciado em 32 anos de reclusão, mais um ano em regime aberto. Seu amigo, Valmir Farias Costa, da mesma idade, dono da casa em que a colunista foi seviciada e ficou encarcerada até o momento da execução foi absolvido. (…)

Pelo Código Penal Brasileiro (CPB), Robson teria de cumprir 30 anos de prisão, máximo de tempo de reclusão permitido no País.” “Porém devido aos benefícios previstos para progressão (redução) de pena, após o cumprimento de um sexto do tempo (cinco anos e quatro meses), apresentando bom comportamento, ele pode ser transferido ao regime semi-aberto e passado à Colônia Penal Lafayete Coutinho, onde poderia sair diariamente caso se empregue.

Alimentados por essa sensação de impunidade, bandidos continuam agindo livres, como ocorreu com a estudante de direito Érica Araújo Uberman, de 27 anos, que corre o risco de ficar paraplégica. Ela foi baleada nas costas em uma tentativa de assalto ocorrida em um semáforo da Av. Garibaldi, no último dia 9. Dias antes uma mulher de 60 anos, também levou um tiro no tórax, nas mesmas imediações. É por isso um cidadão no Rio de Janeiro entrou com uma ação cobrando indenização do Estado por ter sido assaltado e ter tido o carro levado por ladrões, a poucos metros de uma delegacia de policia. O júri entendeu o argumento do requerente de que pela Constituição Brasileira é dever do Estado dar segurança a população. O estado do Rio de Janeiro já informou que vai recorrer.

Sociedade Alternativa

Hoje (28/06) em entrevista ao programa TV Revista da TV Educativa da Bahia, o ator Gideon Rosa, integrante do elenco da peça teatral Raul Seixas – A metamorfose ambulante, lembrou o caráter anárquico do cantor e compositor “maluco beleza” que vivo estaria completando 60 anos, e exigiu dos brasileiro, atualmente, uma postura semelhante com a que Raul tinha diante de tanta bandalheira, até 1989 – ano de sua morte.

Não acho que cruzando os braços, ou abandonando o barco quando ele ameaça afundar – como fazem os ratos -, deva ser atitudes a serem seguidas a cada nova crise que o Brasil enfrente. Mas, também acho, que se todos os brasileiros fossem se inflamar a cada episódio, de duas uma: ou viveríamos em constante guerra cível, como Angola viveu durante três décadas; ou a porcentagem de brasileiros que sofreriam infarto com até 25 anos de idade, seria assustadora. Sendo tio pela primeira vez, fico pensando se não é uma questão de egoísmo colocar uma criança neste mundo, só para minha satisfação pessoal. Só por prazer de ser pai. E que mundo oferecemos a essas crianças?

Broncas do Rafa – Tem que ter

Frase na traseira de um veículo kombi – “é velho, mas está pago e não foi financiado” – , me fez refletir sobre a ditadura de ter que estar motorizado. Uma vez minha mãe me perguntou como seria o tratamento das pessoas no trabalho e na faculdade se eu tivesse um carro?

Nesses meus devaneios catando peças aqui e acolá, juntando frases, músicas, sonhos, insight, etc…comecei a refletir sobre essa ditadura do “tem que ter”. Segundo meu professor de Língua Portuguesa João Edson, passamos por uma fase de “tem quer ser”, outra do “tem que ter” e agora estaríamos vivendo a fase do “perecer ter”. Será que se eu tivesse olhos azuis ou verde, fosse mais alto, malhado, tivesse saldo no banco, carro do ano, morasse na Barra, Graça, Vitória ou Horto Florestal teria tratamento diferente do que eu tenho hoje?

Alex Góes crítica esse monopólio na letra de sua música “Sou como sou”, e nos afirma que: “Olho pela janela e não é o que vejo não / Seria muito mal se fosse essa a situação / Chega de preconceito e viva a união / De toda raça, toda cor, sexo e religião / Quer saber? Sou como sou / Não quero me encaixar em qualquer padrão / Pode crer, sou como sou / Não preciso ser galã de televisão“.

Estamos vivendo realmente a ditadura dos galãs globais? As meninas tem de ter um corpo igual ao Gisele Bünchen. Se não der para ter o corpo, podem se contentam com a sandália que ela anuncia nos outdoors, fazer o quê? Você, o que acha dessa polêmica toda? Você concorda com esses “padrões” facilmente difundido e cada vez mais impregnado em nossa sociedade contemporânea, criados pela mídia? Devemos seguí-los?

Você namoraria uma pessoa que possuísse alguma deficiência física? Um gari ou vendedor ambulante? Alguém que não tenha o mesmo nível econômico ou cultural que o seu? Ou teclaria em uma sala de bate papo ou MIRC com uma pessoa que mora no subúrbio? Ou que se chama “João” ou “Hermenegildo”? E Romilda?

Broncas do Rafa – 450 anos nós também fizemos, e daí?

Em 1999, a cidade de Salvador – primeira capital do Brasil Colônia -, completou 450 anos de fundação. Se não fosse os esforços do governo do Estado e da prefeitura municipal da capital baiana, através de seus órgãos oficiais de turismo, a data seria passada sem maiores comemorações. Independente de bairrismo e da velho rincha entre baianos, paulistas e cariocas, eu fico me perguntando será que os 450 anos de fundação de São Paulo é um acontecimento para mudar toda uma grande de programação da maior rede de televisão do Brasil?

Tudo bem, que São Paulo é o coração econômico do país, uma metrópole com uma vida cultural invejável, considerada a capital gastronômica do mundo. Mas, será que ainda sim, é motivo para todos os programas da Globo, passarem a ser transmitidos ao vivo desta cidade e reunindo artistas nacionais em shows que envolvem estruturas gigantescas? Será que Salvador, também não mereceria uma comemoração semelhante? Será que São Luís, no Maranhão, também não merece uma comemoração com requintes de mega evento global? Ou será que só São Paulo e Rio de Janeiro são cidades importantes para o desenvolvimento nacional?

Vale salientar que o estado da Bahia é considero o 2° destino turístico brasileiro, que o PIB (Produto Interno Bruto) do estado teve superávit em relação a média nacional e as contas do funcionalismo público encontram-se em dias. Não é querendo fazer propaganda de nenhum grupo político que chefie o estado em tom de coronelismo, mas que verdades precisam ser ditas e que o Brasil, e principalmente os sulistas, tem de enxergar que a nação não se restrinja ao eixo Rio-São Paulo.

O mundo em nossas mãos

Estou me sentindo tão sozinho. Mesmo cercado pelos amigos, por colegas de faculdade e de trabalho. Mesmo sabendo que existem pessoas que me acham interessante, mesmo sendo paquerado. Me falta algo mais! Estou mais exigente, não quero só alguém com quem ter momentos de prazer. Quero construir uma vida em comum, viver como diz a música do Jota Quest um “amor maior”.

Hoje (26) no ônibus, voltando para casa depois de mais uma manhã de aula na faculdade, vi um homem com uma criança de mais ou menos um ano e meio. Parecia-me ser pai e filho. Fiquei sentado alguns bancos atrás deles, pensando em Chistopher ou Chrystian Gabriel. Meu lado paternal me fez pensar em como seria bom ter um filho.

Ter alguém que dependesse de mim. Alguém que fosse meu companheiro para todas as horas. Cuidar de mim, em minha velhice, assim como minha mãe fez com meus avós. Uma pessoinha que ao chegar cansado do trabalho corresse para meus braços e me desse um abraço apertado chamando-me de “papai”. Acho que um dos momentos mais emocionantes da minha vida será quando Chistopher ou Chrystian Gabriel, falar: “pai, vem brincar comigo!”.

Estou direcionado a, assim que terminar a faculdade, ter um filho. Ter uma criança sob minha responsabilidade. Sei que a tarefa que estou me dispondo não é nada fácil. Pelo contrario, sei o quanto é ardo o trabalho que meus pais tem para criar eu e meus dois irmãos. Mas, me acho preparado para assumir essa responsabilidade. Leio tudo sobre psicologia infantil, vejo todas as entrevistas e matérias sobre como cuidar de crianças, desde os primeiros dias até os momentos de aflição quando eles ganham as ruas com sua “turma”.

De teoria tiro nota 10. Já dei vários conselhos a amigos que estavam se separando e queriam manter um bom relacionamento com seus filhos. Os aconselhava para fazer as coisas mais normais, tipo ir levar ou buscar a criança na escola. Para que não se tornassem aqueles “pais de fim de semana”. Aquele tipo de pai que só vêem o filho no sábado ou domingo, quando leva o garoto (a) para o parque, circo, cinema, zoológico ou para festinhas infantis.

Novamente no ônibus, agora no dia 27 de novembro, vi um pai com sua filhinha sentados a minha frente. Ele abria um bombom de chocolate que ela saboreou com muita alegria. A criança apontou o papel do bombom para a janela e o pai o segurou. Aplaudi no meu íntimo aquela atitude, achando que ali sairia a primeira lição de cidadania daquela menininha. Mas qual não foi a minha surpresa quando o pai da garotinha jogou o papel do bombom pela janela, mirando-o de modo que ele se desvencilhasse do coletivo e pudesse voar livremente até cair no bueiro mais próximo, contribuindo assim, para os alagamentos que tanto acomete as avenidas de vale de Salvador.

Quero poder passar para meu filho valores morais e éticos, que o torne um bom cidadão, cumpridor de seus deveres e consciente de seus direitos.

Foi o que falei para Olavo uma vez, quando estávamos na fila do caixa nas lojas Americanas e ele me mostrou o preço de um novo vídeo game. Disse-lhe que nunca daria um jogo daqueles para meu filho. Olavo me disse que Christopher ou Chrystianteria um pai carreta. Não é caretice não. É preocupação com a exaltação da violência por par da mídia. Quero que meu filho veja desenhos ingênuos como eu vi em minha infância.

Por enquanto, vou tentando me dedicar a faculdade e ao trabalho para poder concretizar mais esse sonho após minha formaura.

"Põe sua mão protetora em minha cabeça e me faz dormir"
“Põe sua mão protetora em minha cabeça e me faz dormir”

Pode parecer ironia do destino, mas no intervalo de 21 dias tive de voltar, anteontem (dia 19), ao Cemitério do Campo Santo, em  Salvador. Desta vez para sepultar minha avó. Todos sabiam que seu estado era delicado, mas sua lucidez e força de vontade de ir logo para casa, nos enchia de esperanças em sua plena recuperação.

Na terça-feira (dia 18), ao receber na UCI (Unidade de Cuidados Intensivos) a visita de meu irmão, minha avó perguntou-lhe: “Vou voltar para casa?”. O que prontamente respondeu meu irmão: “Claro vó! E só a senhora melhorar dessa febre, que eu venho buscar a senhora!”. Dias anteriores ela estava agitada, não queria que ninguém a tocasse e não queria que ninguém a visse. Já na terça-feira, não! Estava calma, carinhosa como sempre foi. Não queria que minha mãe fosse embora e por quatro vezes, ao ver que minha mãe se despedia, minha vó segurava em sua mãe, apertando com toda a força que tinha em seu frágil e delicado corpinho, pedindo para que minha mãe ficasse li com ela.

É triste olhar para os lugares aqui em casa e sentir a falta de meus dois “velhinhos”. As tardes ficaram tão vazias sem eles. Está faltando minha avó para reclamar que a almofada estava esquentando sua perna, que queria pôr as pernas para baixo, para que Jacira (nossa secretária e anjo da guarda) não colocasse remédio em sua sopa e que não queria comer nada. Que estava sempre satisfeita. Está falta suas reclamações ranzinzas sobre “Carlota” e “Geninha”, que segundo ela, ficavam falando uma porção de besteiras em seu ouvido. Falta minha avó! Falta parte de nossas vidas.

Falta que minha mãe sente em dobro. Tento ser forte e consolá-la, mas não é fácil para mim perder a doçura que me restara na vida e ver o sofrimento de minha mãe e imaginar que algum dia estarei no seu lugar, sofrendo sua perda. Não quero nem imaginar o que será de mim neste fatídico dia. É duro ver minha mãe chorar e clamar para que minha vó ponha sua mão protetora em sua cabeça e a faça dormir.

Porque temos que perder quem amamos? Porque tenho que aprender a lidar com a perda tão cedo? Só tenho vinte anos e já tive que abrir mão de muita gente que amo! Meu primeiro grande amor, meu tiomeu amigo de infância, meu avô e agora minha avó.

No velório (dia 19/11), eu tocava a mãozinha de minha vó, já fria, roxiada e inerte. Mão que sempre foi fina e frágil. A mesma mãozinha, que ela usava para me enviar os tradicionais beijos, no inicio da tarde, ao passar por mim para ir tomar banho. Neste momento eu poderia esperar, porque vinha a sua bênção em forma de frase, que ecoa ainda em minha mente: “Deus lhe abençoe, Jornalista!“. Assim que ela me trata, por “Jornalista”.

Tenho que ensinar a minha mãe novamente a “VIVER”. Ela abdicou de sua carreia profissional para cuidar de mim e meus irmãos, da casa, de meu pai e nos últimos cinco anos de meus avós. Já não tinha mas vida social. Não se preocupava em comprar roupas para ela, fazer as unhas, o cabelo. Só pensava em nosso bem estar, em não deixar falar nada e da melhor forma cuidar de todos nós.

Mãe zelosa e filha dedicada, essas duas palavras que podem descrever a pessoa que ainda se sente culpada por não ter ficado ao lado de minha avó até os últimos instantes, mesmo que para isso precisasse contrariar a determinação do hospital, sobre as visitas a UCI. Até agora é fácil ouvir um soluçar aqui outro ali, de alguém a chorar piedosamente. Todos nós procuramos esconder nossa tristeza em nossos quartos escuros e no nosso intimo para não fragilizar o outro.

Algumas cenas ficarão na minha mente e na das pessoas que no velório se fizeram presente. O pior memento é o fechamento do caixão. A impressão que me dá é que estou abandonando a pessoa. O beijo que meu irmão me deu ao nos abraçarmos, vendo o túmulo ser fechado e minha mãe e eu debruçados ao caixão, tentado recitar a música “Você não me ensinou a te esquecer”. Só consegui lembrar do refrão: “Agora, que faço eu da vida sem você / Você não me ensinou a te esquecer / Você só me ensinou a te querer“.