Espetáculo “Medeia Negra” retorna em temporada presencial em Salvador
O espetáculo solo Medeia Negra retorna em curta temporada presencial no Teatro Sesc Pelourinho, em Salvador, marcando a retomada das atividades com público no espaço cultural da capital baiana. A premiada montagem volta em cartaz para celebrar esse momento e os três anos de estreia do espetáculo. Medeia Negra, estrelado pela atriz Márcia Limma, recria o mito grego para os contornos reais da voz, do corpo e do pensamento de uma mulher negra. A temporada acontece nesta quinta, sexta e sábado (dias 2, 3 e 4) e na próxima sexta e sábado (dias 10 e 11), às 19h, com ingressos a R$40 (inteira) e R$20 (meia entrada).
A temporada marca a retomada das apresentações presenciais em Salvador, que foram autorizadas pela prefeitura no último dia 9 de agosto com novas medidas de segurança para evitar a transmissão da Covid-19. O Teatro Sesc Pelourinho terá a capacidade reduzida em 40%, com apenas 60 espectadores por apresentação, seguindo o distanciamento entre o público e também entre artistas e plateia, além de controle de temperatura no acesso ao teatro.
Durante a pandemia, Medeia Negra foi visto por mais de 6 mil pessoas de todo o País em formato on-line pela plataforma SESC Em Casa. O espetáculo também foi apresentado em festivais no Uruguai, Alemanha e Portugal, além de São Paulo, Ceará e diversas cidades do interior da Bahia em 2018. No ano seguinte, Márcia Limma foi indicada ao Prêmio Braskem de Teatro 2019, na categoria melhor atriz.
A narrativa expõe as opressões da mulher negra em diferentes lugares de fala e tempos históricos, como um grito contundente contra a estrutura social que a marginaliza, julga e aprisiona. Com elementos musicais, do jazz e blues americanos, referências políticas e da intelectualidade negra, como Ângela Davis, Djamila Ribeiro e Grada Kilomba, a peça provoca o público a refletir sobre o seu lugar no processo de descolonização dos mitos e práticas patriarcais e racistas.
O espetáculo foi fruto da pesquisa da atriz no Mestrado em Artes Cênicas, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), e envolveu mulheres em situação de encarceramento no principal complexo penal de Salvador. As internas participaram das oficinas teatrais conduzidas por Márcia Limma. Em uma delas, após estudar diferentes versões do mito, as internas escreviam cartas à Medeia. As emoções e desejos registrados nessa ‘troca de mensagens’, assim como referências do dia-a-dia das mulheres, fazem parte da dramaturgia.
“São histórias de uma Medeia que foi enegrecida a partir dessa convivência. Nós partimos do clássico de Eurípedes, mas trazemos contornos reais a partir deste corpo negro e da convivência com mulheres criminalizadas. Isso justamente para colocar o feminismo negro no protagonismo da cena”, explica a atriz.
Desde o início do espetáculo a plateia é tensionada pelo binarismo masculino e feminino. Ao centro, Márcia Limma reverencia a religiosidade afrobrasileira e contrapõe a tradição grega a arquétipos das divindades como Nanã, Iansã, Exu e Omolu na construção do corpo-político que evoca o poder das mulheres de reagir às violações e lutar pela libertação de todo um povo. A cenografia valoriza e destaca o trabalho da protagonista, recriando o universo mítico com elementos do afrofuturismo.
Serviço:
O quê: Espetáculo Medeia Negra
Quando: quinta, sexta e sábado (dias 2, 3 e 4) e sexta e sábado (dias 10 e 11), às 19h
Onde: Teatro SESC Pelourinho (Largo do Pelourinho, 19, Centro Histórico de Salvador)
Quanto: ingressos a R$40 (inteira) e R$20 (meia entrada). Capacidade total do teatro reduzida para 60 lugares, a fim de garantir distanciamento entre o público.