Documentário “Eu, Um Outro” sobre a vida de homens trans chega aos cinemas
Chega aos cinemas nesta quinta-feira (dia 10), o documentário Eu, Um Outro sobre a vida de homens trans no Brasil, o país que mais mata a população LGBTQIA+ no mundo. O documentário de Silvia Godinho, produzido por Claudia Santos com distribuição da O2 Play, retrata a história de Luca, Thalles e Raul, que compartilham um elemento: eles nasceram como mulheres biológicas.
Segundo Silvia, o homem trans é o mais invisibilizado da comunidade LGBTQIA+ e a intenção do filme é registrar as vivências deles e naturalizar a existência de corpos trans na vida em comunidade. “Espero que o filme consiga proporcionar uma experiência de alteridade e faça o público refletir sobre quão diferentes somos uns dos outros e, ao mesmo tempo, como todos atravessamos experiências semelhantes, que nos conectam enquanto seres humanos. Ou seja, como o exercício da empatia pode nos tornar pessoas melhores, com um olhar mais amoroso sobre o outro e o mundo”, declara a diretora e roteirista Silvia Godinho.
O influenciador digital Luca Scarpelli, um dos protagonistas do documentário, deixou sua cidade natal há 12 anos e, apesar disso, ainda mantém vínculos com o local e as pessoas. Desta vez, ele decidiu ir atrás de Ana, seu primeiro amor, que o rapaz não via desde que era uma menina. “Participar deste documentário foi muito importante pra mim, pra celebrar o homem que eu sou. Reencontrar meu primeiro amor foi assustador e muito bonito ao mesmo tempo”, comenta Luca.
Durante essa jornada, ele cruza o caminho com outros dois homens trans. Raul Capistrano é um estudante de Filosofia, mas quer ser professor e Thalles Rocha é um segurança que odeia seu trabalho e enfrenta burocracia e preconceito para registrar seu nome masculino. O que todos eles têm em comum é a urgência de viver uma vida que acabou de começar.
A diretora conta que acompanhou Raul e Thalles por seis meses antes de chegar ao material do filme. “Filmei cerca de 80 horas. Nesse processo, eles se acostumaram com a presença da câmera e criamos uma relação de confiança entre nós. Foi a partir dessa naturalidade na relação que conseguimos um resultado que provoca no espectador a dúvida se estão assistindo a um documentário ou a um filme de ficção, pois os personagens estão muito à vontade para se exporem”, completa Silvia.
Eu, Um Outro foi produzido em parceria com a Oficina de Criação. O documentário foi exibido em festivais internacionais como o Outfest Los Angeles 2020 e Melanin Pride Festival, além do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e no 27º Mix Brasil.