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Broncas do Rafa – “Não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo”

Por Rafael Veloso*

Não dá para assistir ao Domingão do Faustão, na Rede Globo. É nítido, transparente, claro como água, que o apresentador faz o programa meramente por obrigações contratuais e capitalistas. Somente para manter o seu elevado padrão de vida e pagar sua consumação diária de pizzas. Deslizes da produção – coisas normais para um programa ao vivo e cheio de improvisos do próprio apresentador -, tudo é motivo para o obeso comunicador reclamar deixando os convidados, músicos e atores globais, constrangidos com a situação.

Creio que muitos deles se vêem obrigados, também, a comparecerem a atração das tardes de domingo da emissora do plim-plim, para promover suas novelas ou ganhar seus discos de ouro pelas milhares de cópias vendidas e ainda fazem aquela cara de surpresa. Como se isso não tivesse sido combinado, previamente, entre a produção do programa, as gravadoras e os próprios artistas.

Nesse show de coisas bizarras, muitos personagens acabaram sendo criados. Quem não conhece o cinegrafista bigodudo Renato Laranjeiras, o músico Caçulinha ou a produtora Lucimara Parise, também apelidada por Fausto Silva, como a “paquita erótica da terceira idade”. Personagens já consagrados com as “brincadeiras” do apresentador e vítimas do seu mau humor dominical ao ver que algo não deu certo como previamente “acertado em reunião com a produção”. É como canta na música A minha Alma, o grupo musical O Rappa“não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo, procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido”.

*Texto publicado parcialmente na coluna Canal de Idéias na Revista da TV do jornal A Tarde, em 14 de agosto de 2005.
Broncas do Rafa – Eu sou brasileiro e já desisti há muito tempo

De tanto ver triunfar as nulidades, prosperar a desonra, crescer a injustiça, agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir da honra e a ter vergonha de ser honesto.” (Ruy Barbosa)

Por Rafael Veloso

Em primeiro lugar tenho que esclarecer uma questão: sempre quando lanço mão desse título parafraseando a citação de Câmara Cascudo na campanha de valorização do cidadão brasileiro do Governo Federal, no comunicador instantâneo (Messenger), meus contatos me perguntam se estou triste, depressivo e desiludido com a vida. Em relação a minha vida, não! Quanto as diversidades da vida tenho tentado fazer o “jogo do contente” da “Poliana”. Fazer limonada com os limões que o destino tem me oferecido. O “desistir a muito tempo”, tem relação direta com a situação caótica que se encontra o Brasil. O mar de lama que está imerso o nosso país. A frase do Ruy Barbosa, acima, é muito propícia, contemporânea e exemplifica essa minha desistência com o meu país.

Os escândalos pipocam graças a exigência de transparência por parte da população, que vê nos meios de comunicação sua única arma de fazer dos vários setores da sociedade um verdadeiro Big Brother da moralidade. É “mensalão” dos deputados federais e estudais de Roraima, licitações com cartas marcadas, obras superfaturadas, cervejaria sonegando impostos, adulterando placas de veículos, pagando propina a fiscais. Retaliação a obras de caráter emergencial para cidades cada vez mais inchadas por veículos e com sistemas de transportes públicos deficitários, como os atrasos de repasses de verbas e ameaça de não renovar o contrato com o Banco Mundial para o financiamento das obras do metrô de Salvador. Esse são alguns dos escândalos do momento e que nos dão a constante sensação de que todo esse circo vai acabar em pizza novamente.

Impunidade

São réus confessos sendo soltos através de habeas-corpus, como o caso de Suzane Richthofen. Porque que o juiz do caso entendeu que a confissão de envolvimento na morte dos pais, em 2002, não é suficiente para incrimina-la. Sem falar, naqueles que nem chegaram a serem presos, como relata a reportagem “Justiça lenta deixa criminosos livres”, de autoria do jornalista Deodato Alcântara, publicada na edição do último domingo, dia 26 de junho, no jornal A Tarde. É desesperador sabermos que vítimas inocentes pagam, muitas vezes, com a própria vida, em ações que demorarão para serem resolvidas, e se forem.

O mais estarrecedor é saber que esses bandidos logo estarão livres, como exemplifica a reportagem a respeito da condenação dos três acusados de sequestrar, estuprar e matar a jornalista Maristela Bouzas, de 28 anos, em novembro de 2000. O lavador de carros Robson Rodrigues Soares, hoje com 30 anos, responsável pela liderança em todo o evento criminoso, foi sentenciado em 32 anos de reclusão, mais um ano em regime aberto. Seu amigo, Valmir Farias Costa, da mesma idade, dono da casa em que a colunista foi seviciada e ficou encarcerada até o momento da execução foi absolvido. (…)

Pelo Código Penal Brasileiro (CPB), Robson teria de cumprir 30 anos de prisão, máximo de tempo de reclusão permitido no País.” “Porém devido aos benefícios previstos para progressão (redução) de pena, após o cumprimento de um sexto do tempo (cinco anos e quatro meses), apresentando bom comportamento, ele pode ser transferido ao regime semi-aberto e passado à Colônia Penal Lafayete Coutinho, onde poderia sair diariamente caso se empregue.

Alimentados por essa sensação de impunidade, bandidos continuam agindo livres, como ocorreu com a estudante de direito Érica Araújo Uberman, de 27 anos, que corre o risco de ficar paraplégica. Ela foi baleada nas costas em uma tentativa de assalto ocorrida em um semáforo da Av. Garibaldi, no último dia 9. Dias antes uma mulher de 60 anos, também levou um tiro no tórax, nas mesmas imediações. É por isso um cidadão no Rio de Janeiro entrou com uma ação cobrando indenização do Estado por ter sido assaltado e ter tido o carro levado por ladrões, a poucos metros de uma delegacia de policia. O júri entendeu o argumento do requerente de que pela Constituição Brasileira é dever do Estado dar segurança a população. O estado do Rio de Janeiro já informou que vai recorrer.

Sociedade Alternativa

Hoje (28/06) em entrevista ao programa TV Revista da TV Educativa da Bahia, o ator Gideon Rosa, integrante do elenco da peça teatral Raul Seixas – A metamorfose ambulante, lembrou o caráter anárquico do cantor e compositor “maluco beleza” que vivo estaria completando 60 anos, e exigiu dos brasileiro, atualmente, uma postura semelhante com a que Raul tinha diante de tanta bandalheira, até 1989 – ano de sua morte.

Não acho que cruzando os braços, ou abandonando o barco quando ele ameaça afundar – como fazem os ratos -, deva ser atitudes a serem seguidas a cada nova crise que o Brasil enfrente. Mas, também acho, que se todos os brasileiros fossem se inflamar a cada episódio, de duas uma: ou viveríamos em constante guerra cível, como Angola viveu durante três décadas; ou a porcentagem de brasileiros que sofreriam infarto com até 25 anos de idade, seria assustadora. Sendo tio pela primeira vez, fico pensando se não é uma questão de egoísmo colocar uma criança neste mundo, só para minha satisfação pessoal. Só por prazer de ser pai. E que mundo oferecemos a essas crianças?

Rafael Veloso
Broncas do Rafa – As exigências do emprego

Rafael VelosoQuando fui procurar meu primeiro emprego, em 2001, aos 18 anos, não achava que seria tão difícil, afinal, eu já havia me qualificado para as exigências do famigerado mercado de trabalho. Sabendo que para ingressar no hall dos assalariados, deveria atender alguns pré-requisitos impostos por meu futuro patrão, então, aos 16 anos, resolvi começar a me preparar.

Sabia que naquela época, as condições necessárias para ocupar um posto de trabalho eram ter conhecimento em informática e noções básicas em inglês. Fui à busca desses certificados. Pensei em fazer um curso de informática básico e depois “um ano e meio com prazer” de aula de inglês. Só que nem tudo saiu como eu planejava. Primeiro descobri que o valor do curso de língua estrangeira não era compatível ao orçamento de meus pais. Depois, o curso de informática se prolongou em uma doce e adorável trilogia: Office I, Office II e Editoração Eletrônica.

Fiz o primeiro curso, em maio de 2000, contrariando vários discursos desfavoráveis. Inclusive de meu irmão, que afirmava, que por não possuir um computador em casa e nem ter acesso a ele na escola, esqueceria em apenas um mês, tudo que aprendesse. Durante o intervalo de cinco meses entre o primeiro e o segundo curso, não esqueci absolutamente nada que meu instrutor Deri Rozario, havia ensinado.

Os primeiros contatos com aquela máquina tinham ocorridos no PC do padrasto de um colega da 8ª série. Era o ano de 1999, quando meu colega Igor, passou a me ajudar a fazer os trabalhos da escola no computador. Antes disso, eu datilografava todos os meus trabalhos escolares e ainda produzia o jornal mensal “O Mundo”. A vida dessa publicação foi efêmera, durou apenas cinco meses.

Amava o contato com o “micro”. Foi nessa época do curso, que pude navegar pela primeira vez na Internet. Até aquele momento, só nos conhecíamos por nome (eu e a Internet).

Primeiro emprego

Terminada a safra de cursos de informática, apesar de ainda ter a vontade de fazer o de WebDesign, era hora de procurar emprego. Mesmo que o curso de Inglês tenha ficado de lado, relegado a possibilidade de conciliá-lo com a faculdade no futuro, eu já me sentia qualificado para o mercado de trabalho. Foi assim, que em maio de 2001, comecei a fazer artes-finais n’A Casa do Estudante Informática Ltda., no fim de linha do bairro da Ribeira. Mas, como também sou movido a desafios e o trabalho de fazer cartões de visita, tirar cópias, atender clientes de encadernação, plastificação ou em busca de materiais de escritório e escolar, não me entusiasmava e acabei pedindo demissão em setembro do mesmo ano.

Dessa vez o vilão do desemprego só me assustou por um mês e meio. No início de outubro, já estava trabalhando na Casario Editora e Serviços Ltda. A princípio, cobriria apenas os 15 dias de férias do programador visual. Mas, como os projetos eram muitos, acabei ficando lá sete meses. Foram momentos muito agradáveis, onde pode conhecer dezenas de pessoas e lugares legais, que eu jamais pensaria em conhecer. Além, de ter exercitado várias funções dentro da pequena produtora.

Em agosto de 2002, após minha demissão da Casario, me dedique exclusivamente ao vestibular no final do ano. Fiz curso pré-vestibular no Sagrado de Nazaré. Foram quatro meses de intensivão, onde o objetivo era estudar, mas que serviram também para eu descobrir que a vida fica tão mais leve com a presença de amigos e que não é necessário estar com eles 24 horas por dia ou todos os dias do ano. Basta saber simplesmente que eles existem e que estão sempre a lhe apoiar.

A Faculdade

Em 2003, ingressei na Faculdade Integrada da Bahia (Agora, a FIB é Centro Universitário da Bahia), no curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Foi em 2003, também um dos melhores anos da minha vida (pelo menos até agora!). Estava completamente apaixonado pelo curso e entusiasmado com a faculdade. No primeiro semestre fui representante de turma. Envolvi-me na organização da 1ª SECOM – Semana de Comunicação, trazendo para Salvador o jornalista Carlos Dornelles.

O repórter da Rede Globo proferiu uma palestra e lançou o livro “Deus é inocente, a imprensa não”, sobre a cobertura da imprensa nos atentados aos torres gêmeas do Wold Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Participei da oficina de Webjornalismo organizada pelo Site UOL e pela Revista Imprensa e ministrada pelo jornalista Cássio Politi.

Foi na FIB, que aprendi que faculdade não é só uma escola com nível elevado e sim o local onde pessoas de diferentes culturas se reúnem para discutirem o seu tempo e extrair dos seus mestres o melhor que eles têm a nos passar. Foi na FIB, também, que conheci Agnes Mariano, jornalista premiada várias vezes e a qual me conquistou pelos conselhos, ensinamentos, experiência de vida e boa vontade. Tomo aqui a iniciativa de publicar uma mensagem eletrônica que ela me enviou e que guardo com muito carinho em meu computador e também no meu coração:

Oi Rafa,

Soube pelos seus colegas que você tinha trancado (o semestre letivo na faculdade). Não desanime tá? Lembre dos seus sonhos todos os dias, procurando uma brecha para concretizá-los. É inevitável que às vezes a gente precise parar algumas coisas, dar atenção a outras. É só um teste da vida, para ver se estamos alertas e se somos determinados o suficiente para ter paciência e retomar o caminho depois.

Você é uma das pessoas mais apaixonadas por jornalismo que já conheci. Você é sério, dedicado, inteligente, por isso nada poderá impedi-lo de fazer o que você desejar.

Um grande beijo,

Agnes”

A FIB que me deu Silvia Rebeca. A menina-mulher mais levada na breca e centrada ao mesmo tempo, que já conheci. Admiro seu autocontrole, sua capacidade de tomar decisões rápidas e certeiras. A FIB me deu o Marilia Ramos (Lilão), minha panda de estimação. A aluna em que vejo um futuro brilhante, devido a sua concentração e capacidade. Te cobrarei a amizade eterna que prometeste.

A FIB me deu a pessoa que escolheria para ser o meu irmão, se isso fosse possível. Olavo Coelho, se eu pudesse lhe prometer alguma coisa: seria que a nossa amizade ultrapassaria os murros da faculdade. Não tenho vergonha de dizer que te amo, e que suas loucuras e até os seus rompantes de mau humor, alegria e êxtase, são provas de que você não é perfeito, assim como os melhores seres humanos.

Pena que com o passar dos semestres o entusiasmos com a faculdade diminuiu. Fruto de minha incompetência em administrar o tempo, dividindo-o entre a elaboração trabalhos acadêmicos com a jornada de trabalho como agente de telemarketing na TNL Contax Ltda., empresa do grupo Telemar.

Mercado cruel de trabalho

Aos 16 anos não conseguia emprego, porque não tinha conhecimento em inglês e informática. Aos 19, era calouro da faculdade e aspirante a “foca” – termo dado aos recém-formados em jornalismo -, e agora, aos 21 anos, o mercado me exige ter concluído a faculdade, sem nem querer me explicar de onde eu devo tirar dinheiro para custear meus estudos. A educação de qualidade no Brasil é cada vez mais cara, tornando-se privilégio de poucos, apenas de uma elite.

Outra exigência é experiência no cargo. Como ter experiência se ninguém deseja me dar à primeira oportunidade? Eu fico me perguntando, se aos 25 anos para atender as exigências cada vez mais ávidas do mercado de trabalho, terei que ter MBA’s e doutorado em Havard ou Sorboune. Até parece a que remuneração oferecida ao trabalhador brasileiro compensa. Depois, pesquisadores e psicólogos vão aos programas de entrevistas na TV, debaterem o “Efeito Canguru” na sociedade atual.

Efeito Canguru

O efeito canguru é a denominação que foi dada para a saída tardia dos jovens da casa dos pais. Mas, como sair do conforto, da segurança e até, em alguns lares, da privacidade de poder passar a noite com o (a) namorado (a) na casa dos pais, se o mercado de trabalho do país “Petracampeão de Futebol”, discrimina os negros, as mulheres, os idosos e desacredita em seus jovens?

Broncas do Rafa – Tem que ter

Frase na traseira de um veículo kombi – “é velho, mas está pago e não foi financiado” – , me fez refletir sobre a ditadura de ter que estar motorizado. Uma vez minha mãe me perguntou como seria o tratamento das pessoas no trabalho e na faculdade se eu tivesse um carro?

Nesses meus devaneios catando peças aqui e acolá, juntando frases, músicas, sonhos, insight, etc…comecei a refletir sobre essa ditadura do “tem que ter”. Segundo meu professor de Língua Portuguesa João Edson, passamos por uma fase de “tem quer ser”, outra do “tem que ter” e agora estaríamos vivendo a fase do “perecer ter”. Será que se eu tivesse olhos azuis ou verde, fosse mais alto, malhado, tivesse saldo no banco, carro do ano, morasse na Barra, Graça, Vitória ou Horto Florestal teria tratamento diferente do que eu tenho hoje?

Alex Góes crítica esse monopólio na letra de sua música “Sou como sou”, e nos afirma que: “Olho pela janela e não é o que vejo não / Seria muito mal se fosse essa a situação / Chega de preconceito e viva a união / De toda raça, toda cor, sexo e religião / Quer saber? Sou como sou / Não quero me encaixar em qualquer padrão / Pode crer, sou como sou / Não preciso ser galã de televisão“.

Estamos vivendo realmente a ditadura dos galãs globais? As meninas tem de ter um corpo igual ao Gisele Bünchen. Se não der para ter o corpo, podem se contentam com a sandália que ela anuncia nos outdoors, fazer o quê? Você, o que acha dessa polêmica toda? Você concorda com esses “padrões” facilmente difundido e cada vez mais impregnado em nossa sociedade contemporânea, criados pela mídia? Devemos seguí-los?

Você namoraria uma pessoa que possuísse alguma deficiência física? Um gari ou vendedor ambulante? Alguém que não tenha o mesmo nível econômico ou cultural que o seu? Ou teclaria em uma sala de bate papo ou MIRC com uma pessoa que mora no subúrbio? Ou que se chama “João” ou “Hermenegildo”? E Romilda?

Broncas do Rafa – 450 anos nós também fizemos, e daí?

Em 1999, a cidade de Salvador – primeira capital do Brasil Colônia -, completou 450 anos de fundação. Se não fosse os esforços do governo do Estado e da prefeitura municipal da capital baiana, através de seus órgãos oficiais de turismo, a data seria passada sem maiores comemorações. Independente de bairrismo e da velho rincha entre baianos, paulistas e cariocas, eu fico me perguntando será que os 450 anos de fundação de São Paulo é um acontecimento para mudar toda uma grande de programação da maior rede de televisão do Brasil?

Tudo bem, que São Paulo é o coração econômico do país, uma metrópole com uma vida cultural invejável, considerada a capital gastronômica do mundo. Mas, será que ainda sim, é motivo para todos os programas da Globo, passarem a ser transmitidos ao vivo desta cidade e reunindo artistas nacionais em shows que envolvem estruturas gigantescas? Será que Salvador, também não mereceria uma comemoração semelhante? Será que São Luís, no Maranhão, também não merece uma comemoração com requintes de mega evento global? Ou será que só São Paulo e Rio de Janeiro são cidades importantes para o desenvolvimento nacional?

Vale salientar que o estado da Bahia é considero o 2° destino turístico brasileiro, que o PIB (Produto Interno Bruto) do estado teve superávit em relação a média nacional e as contas do funcionalismo público encontram-se em dias. Não é querendo fazer propaganda de nenhum grupo político que chefie o estado em tom de coronelismo, mas que verdades precisam ser ditas e que o Brasil, e principalmente os sulistas, tem de enxergar que a nação não se restrinja ao eixo Rio-São Paulo.

O que seria do Azul se todos gostassem do vermelho?

Essa pergunta veio martelando em minha cabeça no trajeto de minha casa até o ponto de ônibus onde pego o transporte para ir à faculdade (cerca de vinte minutos andada). Vim com essa ideia em mente, pois outro dia uma colega de trabalho me disse que eu “não vivia”. Que eu era igual ao seu namorado, pois “ele é um rapaz jovem, mas que não sabe curtir a vida!”.

“Curtir a vida”, para essa criatura significa escutar pagode bem alto na rádio (tipo Empurrraaa Piatã), num domingo de sol. Para essa criatura o simples fato de não gostar de pagode, representa que estou perdendo os melhores anos da minha vida sendo infeliz! Nossa… como tem gente com mente pequena nesse mundo. Nada contra quem gosta de pagode, mas eu sou feliz ouvindo um jazz, blues, MPB, conversando com os meus amigos, etc.

A minha felicidade é realista. Não preciso de bengalas para me apoiar na felicidade. Não preciso beber para ser FELIZ! Não preciso usar qualquer tipo de “felicidade” artificial para ser FELIZ! Não preciso ouvir pagode bem alto e “quabrar tudo” para ser FELIZ!

A minha felicidade é sem sombra de dúvidas diferente da desta colega de trabalho. Assim, como tem gente que acha o azul melhor que o vermelho, tem gente que acha  jazz, blues, MPB, Rock ou qualquer outro estilo musical melhor que o pagode. Somos todos diferentes. Deus nos fez assim e assim que deve ser. Devemos aprender a respeitar as diferenças. Se começarmos pelo gosto musical ou pela etnia, brevemente não teremos mais discriminações entre brancos, negros e índios, preconceitos com homossexuais ou com classes sociais.

É muito ridículo, para não dizer infantil ouvir comentários de colegas de faculdade ou do trabalho sobre roupas de grifes. Uma vez presenciei um fato lamentável. Uma colega da 8ª séria ridicularizou um amigo porque ele estava com a camisa furada. Para que o garoto não ficasse tão constrangido, ou mais do que já estava, lhe disse: “não ligue para o que falam. Se a humanidade andasse nua, haveria pessoas que encontrariam defeitos para gozarem com os outros”.

Tente viver sua vida e aceitar – conviver com as diferenças dos outros. Afinal de contas, imaginem o quão chato seria se fossemos todos iguais e perfeitos. Viva as diferenças! Viva a diversidade! Vida a liberdade! Vida a imperfeição da humanidade!

Broncas do Rafa – O país do jeitinho, tem jeito?

Por Rafael Veloso*

Nunca se viu estourar na mídia brasileira tantos casos de corrupção, em vários setores da sociedade, deixando de ser uma exclusividade dos políticos. As CPI’s vão se espalhando por quase todos os estados, aumentando o número de acusações e envolvidos. O desvio de milhões de dólares da Previdência Social, feito pala advogada Georgina de Freitas, a violação do painel do senado, a fabricação de pílulas anticoncepcional feitas de farinha, além da “ajudinha” dada a algumas empresas falidas, por parte de órgãos do governo, como a extinta SUDAM e o BNDS, são alguns dos casos que os brasileiros exigem respostas.

A população cansada de permanecer “deitada eternamente em berço esplêndido”, está acordando para a realidade e cobrando dos governantes uma atitude mais eficaz contra esse “mar de lama”, que envolve autoridades, empresários e políticos corruptos. Só assim, quando for criado em cada cidadão a real consciência de que o motorista que subornar um guarda de trânsito para não ser multado, está contribuindo para que o Brasil continue sendo conhecido como o país da “lei de Gérson”. Só com o fim da impunidade, é que se poderá dizer que o país do jeitinho, tomou jeito.

*Texto escrito em 13 de junho de 2002.