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“Que mundo deixaremos para nossas crianças?”, questionou Luc Ferry, durante sua conferência no Fronteiras Braskem do Pensamento 
​Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPress
​Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPress

 

As duas eras do Humanismo: do ideal democrático à revolução do amor. Esse foi o tema da conferência do filósofo francês Luc Ferry, no Fronteiras Braskem do Pensamento, que lotou a sala principal do Teatro Castro Alves, na noite dessa quarta-feira (dia 16/09), em Salvador. Defensor do Humanismo Secular – visão de mundo que se contrapõe à religião e coloca a razão crítica no lugar da fé – Ferry afirma que no mundo ocidental vivemos um dilema em torno do que é “o sagrado”. “O sagrado é tudo aquilo pelo que podemos nos sacrificar”, explicou.

Morremos em guerras pela religião, pela pátria e pelas grandes revoluções. São grandes sacrifícios da humanidade: Deus, a pátria e a revolução. Atualmente, esses ideias não são mais motivos de sacrifícios”, explica. O filosofo propôs que a plateia se perguntasse “por quem cada um estaria pronto para morrer?”. Ou seja, o que seria considerado como sagrado para cada um dos presentes. Para ele, o sagrado está encarnado atualmente na humanidade, nas pessoas. “A grande questão política da atualidade é que mundo deixaremos para nossas crianças?”, questionou o conferencista.

O evento foi apresentado por Fernando Marinho, músico, ator, diretor teatral e presidente do Conselho de Administração da Aliança Francesa de Salvador. A conferência teve ainda como debatedor, Genildo Ferreira da Silva, professor de Filosofia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Entre o público presente estavam acadêmicos, políticos, empresários, profissionais liberais e estudiosos do assunto. No próximo dia 1º de outubro, o psicanalista italiano Contardo Calligaris encerra a temporada 2015 do Fronteiras Braskem do Pensamento, em Salvador.

Além da conferência, o público foi presenteado com a apresentação de alguns instrumentistas da Orquestra Plástica do NEOJIBA a qual utiliza instrumentos sinfônicos fabricados com plástico PVC, construídos pelo próprio projeto que desenvolve e difunde uma tecnologia social inovadora, que capacita jovens de Salvador e do interior da Bahia para produzirem seus próprios instrumentos a partir dos cano de PVC.

 

​Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPress
​Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPress
 

Revolução do Amor

Reconhecido mundialmente por propagar uma filosofia menos preocupada com discussões eruditas, Ferry explicou as razões dos casamentos na idade média. “Nos casávamos por três razões: para transmitir o nome, o patrimônio (ao filho mais velho) e para termos filhos, criando braços para o trabalho nas fazendas, mas nunca por amor”. O casamento servia para reconciliar famílias e unir fortunas. Assim era com os príncipes e princesas para unir países e conquistar territórios. O matrimônio era uma associação civil, o amor não tinha o seu lugar naquela época. “Como não existia casamento por amor, não havia ciúmes”, ressaltou.

ULD_2715---Foto-Ulisses-Dumas--Ag-BAPRESSFoto: Ulisses Dumas / Ag. BAPress

De acordo com o intelectual, que foi ministro da Juventude, Educação Nacional e Pesquisa da França no governo de Jacques Chirac (entre 2002 e 2004), o capitalismo moderno inventou o casamento por amor, ao inventar o mercado de trabalho, o mundo industrial, o salário, as grandes cidades, além do individualismo, conceito criado no final dos anos 30. Ferry explicou que naquela época, as jovens camponesas ao saírem de suas cidadezinhas criaram três grandes liberdades, o individualismo, o estado laico e a autonomia financeira. Foi assim que surgiu o casamento por amor, na Europa do século XIX.

Atualmente, nas grandes cidades do ocidente, 60% dos casamentos estabelecidos por amor terminam, em média, até o sétimo ano de relacionamento. Na sua visão, a partir do casamento por amor, da paixão amorosa, surge o divórcio e se não houvesse os filhos o índice de separações seria de 95%. Quando nos casamos por amor esse sentimento é transmitido para as crianças. “Na idade média, a expectativa de vida era, em média, de 18 anos, e os casamentos duravam seis anos, o que era uma eternidade na época. Hoje, uma eternidade é uma eternidade mesmo. Atualmente o casamento por amor exige um enorme engajamento. As mulheres casam com um príncipe encantado e três anos depois elas têm um marido apenas” afirmou, arrancando gargalhadas da plateia.

 
PRÓXIMA CONFERÊNCIA
CONTARDO CALLIGARIS (Itália, 1948)
01/10 – quinta

Psicanalista e cronista italiano, Contardo Calligaris é doutor em psicologia clínica pela Universidade de Provence e iniciou seus estudos nas áreas das letras e da filosofia. Em 1975, foi aceito como membro da Escola Freudiana de Paris, onde morou até 1989. Lecionou na Universidade Paris 8 e teve aulas com os filósofos franceses Roland Barthes e Michel Foucault, além de acompanhar os seminários ministrados pelo psicanalista francês Jacques Lacan, uma grande influência em sua formação.

Em 1985, veio ao Brasil para o lançamento de seu primeiro livro de psicanálise, Hipótese sobre o fantasma. Posteriormente, acabou fixando residência no País, onde reside até hoje. Suas reflexões se concentram na condição humana da sociedade marcada pela obrigatoriedade da felicidade, do gozo, da beleza e dos excessos. Estudioso das questões da adolescência, considera esta a etapa da vida que possui uma intensa carga cultural e que se caracteriza como uma das mais potentes fontes de energia da atualidade. A adolescência é um dos seus livros mais lidos e estudados.

Além de atender nos seus consultórios em São Paulo e Nova York, é colunista do caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo, no qual escreve sobre psicanálise e cultura. Publicou mais de dez livros, incluindo dois romances e uma peça teatral. Criou a série de televisão intitulada Psi, exibida no canal a cabo HBO. Foi professor de estudos culturais na New School de Nova York e professor convidado de antropologia médica na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Também faz parte do corpo docente do Institute for the Study of Violence, em Boston.

Contardo Calligaris, em seu trabalho, conduz as pessoas à reflexão sobre a existência humana, contribuindo para amenizar as angústias provocadas pelos desafios contemporâneos e pelo confronto com o outro, que pode limitar os prazeres e contradizer as certezas e seguranças.

 
SOBRE O FRONTEIRAS DO PENSAMENTO

Fronteiras do Pensamento é um projeto cultural múltiplo que propõe uma profunda análise da contemporaneidade e das perspectivas para o futuro. Comprometido com a liberdade de expressão, a diversidade de ideias e a educação de alta qualidade, promove conferências internacionais e desenvolve diferentes conteúdos que apresentam os mais renomados pensadores, artistas, cientistas e líderes em seus campos de atuação.

Temas, ideias e personalidades que moldam o nosso tempo ocupam o palco do Fronteiras, que tem como valores básicos o pluralismo das abordagens e o rigor acadêmico e intelectual de seus convidados. Dessa forma, o seminário internacional busca avaliar tendências, aceitando a provocação destes que são, hoje, alguns dos mais renomados pensadores em atuação no mundo, constituindo uma linha interdisciplinar de pensamento.

Em seus nove anos de existência, o Fronteiras do Pensamento conta com mais de duas centenas de conferências internacionais realizadas para milhares de espectadores, servindo como plataforma para a geração de filmes de curta e média metragens, séries de livros e fascículos educacionais, além de diversas outras publicações nas diferentes áreas contempladas.

O conhecimento e as ideias também estão acessíveis ao grande público através do portal www.fronteiras.com, que oferece centenas de vídeos – com legendas em português, espanhol e inglês –, além de artigos, notícias e entrevistas para refletir, comentar e compartilhar.

 
SOBRE A EDIÇÃO SALVADOR

Num mundo cada vez mais urbano e conectado, nosso destino é viver juntos. Essa nova forma efêmera e fluida de sociabilidade torna a vida um aprendizado de tolerância e cooperação. Para debater a urgência da cooperação e da convivência nos diversos âmbitos do conhecimento, a já tradicional série especial do Fronteiras Braskem do Pensamento traz a Salvador em 2015, para o palco do Teatro Castro Alves, três grandes nomes do cenário contemporâneo: o sociólogo espanhol Manuel Castells, no mês de maio; o filósofo francês Luc Ferry, em setembro; e o psicanalista italiano Contardo Calligaris, em outubro.

A urbanização e a tecnologia colocaram, em um mesmo ambiente, uma diversidade de ideias e culturas sem precedentes na história da humanidade. Atitudes, desejos, questionamentos e posicionamentos políticos e religiosos distintos precisam conviver em um único espaço. Como viver juntos? Este é o tema proposto pelo Fronteiras Braskem do Pensamento em Salvador, tema pelo qual a capital baiana é nacionalmente conhecida. 

Viver juntos não é alcançar a homogeneização cultural, tampouco a neutralidade de ações e reflexões. Viver juntos é aprender a conviver com a diferença em termos raciais, étnicos, religiosos, políticos ou econômicos. Este é o desafio mais urgente da atualidade. Viver juntos é nosso destino.

Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador tem o patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, através do Fazcultura, e Secretarias de Cultura e da Fazenda com realização da Telos Cultural e Caderno 2 Produções.

“O Fronteiras Braskem do Pensamento é um evento singular em Salvador. É muito gratificante para a Braskem poder proporcionar ao público baiano a oportunidade de compartilhar o conhecimento de grandes pensadores contemporâneos, fomentando a reflexão e o debate sobre temas relevantes para a sociedade. Esta é uma forma de contribuirmos para a construção de consciência e para o desenvolvimento humano”, destaca Hélio Tourinho, diretor de Relações Institucionais da Braskem na Bahia.

 
FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTOSALVADOR 2015
PRÓXIMA CONFERÊNCIACONTARDO CALLIGARIS, 01/10 – INGRESSOS ESGOTADOS
LOCAL E HORÁRIO: Teatro Castro Alves, às 20h30.
INFORMAÇÕES: 4020.2050 e salvador@fronteiras.com

Pierre Lévy - Foto: Luiz Munhoz
Pierre Lévy no Fronteiras do Pensamento

O filósofo da informação, Pierre Lévy, considerado o Papa da revolução digital estará em Salvador, na terça-feira (21). Ele será o convidado do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, a partir das 20h, no Teatro Castro Alves.

Lévy nasceu na Tunísia, é professor titular do Departamento de Comunicações na Universidade de Ottawa e membro da Sociedade Real do Canadá. Com mestrado em História da Ciência e doutorado em Sociologia e Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade de Sorbonne, em Paris.

Ele voltou seus interesses para as áreas da cibercultura e do espaço virtual. Autor de conceitos como “tecnodemocracia” e “cosmopédia”, ele é também um dos criadores do programa Árvores do Conhecimento, que organiza grupos de usuários da internet segundo interesses culturais.

Comissão Julgadora do Prêmio Braskem de Teatro anuncia os indicados em 2020 e 2021
Comissão Julgadora do Prêmio Braskem de Teatro anuncia os indicados em 2020 e 2021

A Comissão Julgadora do 28º Prêmio Braskem de Teatro anunciou, nesta sexta-feira (dia 18), a relação dos espetáculos e artistas indicados como destaque na cena teatral baiana. A tradicional premiação das artes cênicas avaliou as peças online inéditas produzidas por grupos baianos entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. Essa edição chega com dois importantes diferenciais: a liberdade geográfica e inclusão de uma nova categoria na premiação.

Com a avaliação das peças remotamente, as fronteiras geográficas foram dissolvidas, permitindo que espetáculos de todo estado fossem analisados e indicados em qualquer categoria. “O formato de avaliação dessa edição tornou o prêmio ainda mais inclusivo, garantindo a participação completa da classe artística baiana”, pontua Ana Laura Sivieri, diretora de marketing e comunicação da Braskem, que patrocina a premiação em parceria com o Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

A nova categoria da premiação avaliou a performance artística, como uma forma de reconhecer essa expressão que faz parte das artes cênicas e tem uma produção significativa na Bahia. As demais categorias são: Espetáculo Adulto, Espetáculo Infantojuvenil, Direção, Ator, Atriz, Texto, Revelação e Categoria Especial.

Para escolher os destaques, foram analisados 80 espetáculos adultos, 22 infantojuvenis e 25 performances. A comissão julgadora é formada pelo dramaturgo, roteirista, ator e apresentador de TV Aldri Anunciação; pela pós-doutora em artes cênicas e professora da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia Alexandra Dumas; pelo ator-performer, autor, diretor, professor e produtor Fabio Vidal; pelo artista, pesquisador e curador Felipe Assis e pela produtora e gestora cultural Virginia Da Rin.

Os vencedores serão apresentados durante cerimônia, que revelará os destaques do teatro baiano em 2020 e 2021. Além do troféu, eles vão receber um prêmio no valor bruto de R$ 30 mil para as categorias Espetáculo Adulto e Espetáculo Infantojuvenil, cada, e de R$ 5 mil cada para os demais vencedores. O Prêmio Braskem de Teatro é uma realização da Caderno 2 Produções com patrocínio da Braskem e Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

CONFIRA OS INDICADOS AO 28º PRÊMIO BRASKEM DE TEATRO:

Categoria ESPETÁCULO ADULTO

·         A Filha da Monga

·         Ensaio para uma redenção

·         Gota D’Água

·         NAU

·         Para-Íso

Categoria ESPETÁCULO INFANTOJUVENIL

·         Barcarola Encantada

·         Histórias do Mundão

·         Metamorfose

·         Um Corpo de Palavras

·         Zumbindo

Categoria PERFORMANCE

·         Alcantil

·         Arquivo Vivo

·         Corpo Presente

·         De como me tornei invisível para caber no meu espírito

·         Omorfiá

Categoria ESPECIAL

·         Eliete Teles e Rubenval Meneses – pela construção dos bonecos de Metamorfose

·         Felipe Mimoso – pela Direção Musical de NAU e Bonipaxé

·         Gabriel da Conceição Teixeira – pela Direção de Fotografia de Gota D’Água

·         Maurício Martins – pela Direção de Arte de Dédalus

·         Rino Carvalho, Lucimaureen Agra e Saulus Castro – pela Cenografia de Jonas: dentro do grande peixe

Categoria TEXTO

·         Caio Rodrigo, Daniel Farias e Ian Fraser – pelo texto de Ensaio para uma redenção

·         Denisson Palumbo – pelo texto de Jonas: dentro do grande peixe

·         Gildon Oliveira – pelo texto de Pequenas Histórias de Impossíveis Amores

·         Luiz Antônio Sena Júnior – pelo texto de Para-Íso

·         Luiz Marfuz – pelo texto de A Filha da Monga

Categoria ATRIZ

·         Chica Carelli – pela atuação em Fragmentos de um Teatro Decomposto

·         Evana Jeyssan – pela atuação em Gota D’Água

·         Isadora Werneck – pela atuação em Pensamentos de Paz durante um Ataque Aéreo

·         Thaiz Patez – pela atuação em Bella Cenci

·         Zeca de Abreu – pela atuação em A Filha da Monga

Categoria ATOR

·         Agamenon de Abreu – pela atuação em Xô Xuá – Um samba para Riachão

·         Diogo Lopes Filho – pela atuação em Sua Excelência Oscar da Penha, o Batatinha

·         Lúcio Tranchesi – pelas atuações em Terrário e Ensaio para uma redenção

·         Saulus Castro – pela atuação em Jonas: dentro do grande peixe

·         Vagner Jesus – pela atuação em Manual Como Conter uma Raça Poderosa

Categoria REVELAÇÃO

·         Daniel Marques – pela atuação e Direção de O Zoológico de Vidro

·         Hyago Matos – pelas Direções de Antígona e As Centenárias

·         Isac Tufi – pela Direção de Bonipaxé

·         Ninha Almeida – pela atuação em O Salto

·         Oliveira Pedreira – pela Direção de Jeniffer

Categoria DIREÇÃO

·         Elisa Mendes – pela Direção de Bella Cenci

·         Luiz Antônio Sena Júnior – pela Direção de Para-Íso

·         Rino Carvalho – pelas Direções de Jonas: dentro do grande peixe e Histórias do Mundão

·         Thiago Romero e Daniel Arcades – pela Direção de NAU

·         Vinícius Lírio – pela Direção de Gota D’Água

Dia Mundial do Silêncio alerta para os prejuízos do ruído intenso à saúde auditiva
Dia Mundial do Silêncio alerta para os prejuízos do ruído intenso à saúde auditiva

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que cerca de 10% da população do mundo está exposta a níveis de pressão sonora que podem causar perda auditiva induzida por ruído. Ainda de acordo com a OMS, em 50% dos casos o prejuízo auditivo pode ser atribuído ao ruído intenso. O Dia Mundial do Silêncio (7 de maio) alerta as pessoas para os prejuízos do ruído intenso e a importância de se manter ambientes que preservem a saúde auditiva.

Além dos danos à audição o ruído causa perturbação e desconforto, prejuízo cognitivo, distúrbios do sono e doenças cardiovasculares. “Os problemas de ruído estão associados a sintomas de estresse, ansiedade e depressão”, afirma a professora e arquiteta Débora Barretto, coordenadora da Sociedade Brasileira de Acústica (SOBRAC) – Regional Nordeste.

Para a Organização Mundial da Saúde, o nível recomendável de ruído deve ser abaixo de 50 decibéis, mas em locais fechados sem tratamento acústico, uma simples conversa pode gerar ruídos acima de 65 decibéis, o que já é suficiente para causar dor de cabeça, irritabilidade, pressão alta, entre outras consequências. O conceito de conforto acústico vem ganhando espaço dentro do Brasil e já pode ser encontrado em espaços diversos como restaurantes, praças de alimentação e até mesmo em estúdios de gravação.

O conforto acústico traz inúmeras vantagens para quem busca diversão, mas também para quem quer trabalhar de forma menos estressante e desgastante. É o caso, por exemplo, de professores em salas de aula. “Uma sala com conforto acústico permite que um professor seja escutado pelo aluno que se encontra na última fila, sem precisar forçar a voz”, explica Débora Baretto.

“Com produtos específicos e projetos de áudio e acústica é possível transformar um ambiente que tem tudo para ser barulhento num local agradável de se conversar ou trabalhar, além de escutar música ambiente”, afirma José Neto, engenheiro fundador da Audium, empresa baiana com 30 anos de atuação no mercado, responsável por projetos em ambientes como Casa do Carnaval, Casa do Rio Vermelho, Museu do Futebol (SP), Museu do Amanhã (RJ), entre outros.

Os projetos acústicos também podem livrar artistas de problemas com a vizinhança. É o caso do grupo Quabales, do Nordeste de Amaralina, que precisava de uma Sala de Ensaios onde os músicos pudessem tocar sem incomodar a vizinhança. Para Marivaldo dos Santos, do STOMP de NY e fundador do Quabales, o caminho foi investir em tecnologia. “Esse projeto fez muita diferença”, afirma.

Foto: Luiz Evangelista
Morre o escritor e psicanalista Contardo Calligaris

Morreu nesta terça-feira (dia 30), em São Paulo, o escritor e psicanalista italiano Contardo Calligaris, de 72 anos. Radicado no Brasil, Calligaris estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, onde tratava um câncer. A informação de sua morte foi confirmada pelo filho, Max Calligaris, em postagem no Instagram. “’Espero estar à altura‘. Diante da proximidade da morte, essa foi a frase do meu pai. Ele se foi agora”, escreveu Max em sua rede social.

Contardo Calligaris foi doutor em psicologia clínica, pela Universidade de Provence, e iniciou seus estudos nas áreas das letras e da filosofia. Em 1975 foi aceito como membro da Escola Freudiana de Paris, onde morou até 1989. Lecionou na Universidade Paris 8 e teve aulas com os filósofos franceses Roland Barthes e Michel Foucault, além de acompanhar os seminários ministrados pelo psicanalista francês Jacques Lacan, uma grande influência em sua formação.

Em 1985, veio ao Brasil para o lançamento de seu primeiro livro de psicanálise, Hipótese sobre o fantasma. Posteriormente, acabou fixando residência no país. Suas reflexões se concentram na condição humana da sociedade marcada pela obrigatoriedade da felicidade, do gozo, da beleza e dos excessos. Estudioso das questões da adolescência, considerava esta a etapa da vida que possui uma intensa carga cultural e que se caracteriza como uma das mais potentes fontes de energia da atualidade. A adolescência é um dos seus livros mais lidos e estudados.

Atender nos seus consultórios em São Paulo e Nova York, era colunista da Folha de S. Paulo. Sua última coluna foi publicada me 17 de fevereiro e tratava sobre o fim do governo ex-presidente americano Trump. Contardo publicou mais de 10 livros, incluindo dois romances e uma peça teatral. Criou a série de televisão intitulada Psi, exibida no canal a cabo HBO. Foi professor de estudos culturais na New School de Nova York e professor convidado de antropologia médica na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Também fez parte do corpo docente do Institute for the Study of Violence, em Boston.

Em outubro de 2015 esteve em Salvador, encerando a edição daquele ano do projeto Fronteiras do Pensamento. Sua conferência teve ingressos esgotados semanas antes e lotou a sala principal do Teatro Castro Alves. Na época, Calligaris declarou: “Esperamos que o outro seja a cura dos nosso males quando, na verdade, será a quem vamos acusar de não estarmos felizes, de não ser o que poderíamos ou queríamos ser”.

José Eduardo Agualusa promove discussão sobre literatura e democracia

Defensor da literatura como um espaço para compreensão de si e do outro, o escritor angolano José Eduardo Agualusa abre a programação do Fronteiras Braskem do Pensamento 2018, nesta quarta-feira (1º/08), às 20h30, no palco principal do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador.

“Eu escrevi meu livro justamente tentando compreender o meu país e me compreender dentro daquele país. E até hoje não tenho feito outra coisa do que escrever para compreender, o outro e a mim”, afirma Agualusa, que é um dos mais importantes escritores em língua portuguesa da atualidade.

Um dos finalistas do Prêmio Man Booker em 2016, ele aproveita a história política da Angola como fonte de inspiração para seus livros. Foi assim que ele escreveu seu último romance “A sociedade dos sonhadores involuntários”, lançado em 2017, uma sátira política sobre o movimento de resistência promovido por jovens em seu país.

Dentro desta perspectiva de fazer a literatura dialogar com a democracia, Agualusa propõe nesta quarta, 1º, uma discussão sobre A leitura como utopia – literatura, democracia e justiça social, o caso angolano. O tema converge com a proposta de discussão do Fronteiras Braskem do Pensamento deste ano, que tem como objetivo fomentar um debate sobre O mundo em desacordo – Democracia e guerras culturais. Para isso, o projeto vai trazer nas próximas edições conferências com alguns dos grandes pensadores contemporâneos. Na programação estão o filósofo francês Gilles Lipovetsky e o historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal (ambos no dia 17/09), além do físico teórico, professor e escritor brasileiro Marcelo Gleiser (15/10).

Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador tem o patrocínio da Braskem e do Estado da Bahia. Com realização da Caderno 2 Produções Artísticas, esta edição do projeto será apresentada pela jornalista Adriana Couto, apresentadora do programa Metrópolis, da TV Cultura.

Os ingressos para o evento estão à venda nas bilheterias do Teatro Castro Alves (TCA), nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista e pelo site www.ingressorapido.com.br. O ingresso individual por conferência custa R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Contudo, é possível adquirir até esta quarta, 1º, o combo para as três conferências por R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Já o combo de ingressos para duas conferências fica R$ 70 inteira e R$ 35 (meia), válido até 17 de setembro. Outras informações sobre o projeto no portal www.fronteiras.com.

Sobre o Fronteiras Braskem do Pensamento

Fronteiras Braskem do Pensamento é um ciclo de conferências alinhado ao projeto cultural múltiplo Fronteiras do Pensamento – www.fronteiras.com – que aposta na liberdade de expressão intelectual e na educação de qualidade como ferramentas para o desenvolvimento. O Fronteiras do Pensamento realiza anualmente edições em Porto Alegre e São Paulo, e na edição especial em Salvador abre espaço para o debate e a análise da contemporaneidade e das perspectivas para o futuro, apresentando pensadores, artistas, cientistas e líderes que são vanguardistas em suas áreas de pesquisa e pensamento. Os valores básicos do projeto são o pluralismo das abordagens, o rigor acadêmico e intelectual de seus convidados e a interdisciplinaridade de ideias. Por isso o Fronteiras Braskem do Pensamento já trouxe a Bahia importantes nomes como Enrique Peñalosa, Leymah Gbowee, Wim Wenders, Edgar Morin, Manuel Castells, Contardo Calligaris, Luc Ferry, Salman Rushdie, Jean-Michel Cousteau, Valter Hugo Mãe, Mia Couto, Camille Paglia e Graça Machel, entre outros.
 
Serviço:
O quê: FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO SALVADOR 2018
CONFERÊNCIASJosé Eduardo Agualusa, 1º/08; Debate Especial Gilles Lipovetsky e Leandro Karnal, 17/9; Marcelo Gleiser, 15/10.
LOCAL E HORÁRIO: Teatro Castro Alves, às 20h30.
INGRESSOS: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) para cada uma das conferências.
LOTE 1: COMBO DE INGRESSOS PARA AS TRÊS CONFERÊNCIAS: R$100 (inteira) e R$50 (meia), valido até o dia 1º de agosto.
LOTE 2: COMBO DE INGRESSOS PARA DUAS CONFERÊNCIAS: R$70 (inteira) e R$35 (meia), valido até o dia 17 de setembro.
INFORMAÇÕES SOBRE VENDAS: 3003-0595
PONTOS DE VENDA: Nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos postos de vendas do SAC dos shoppings Barra e Bela Vista, e pelo site www.ingressorapido.com.br.
INFORMAÇÕES PROJETO: Na Central de Relacionamento Fronteiras 4020.2050 e no portal www.fronteiras.com.

“A grande época do ideal casamenteiro, onde a felicidade está atrelada ao outro está acabando”, afirma Contardo Calligaris

O psicanalista e cronista italiano encerrou a temporada 2015 do Fronteiras Braskem do Pensamento, em Salvador

Fronteiras do pensamento Braskem, realizado no Teatro Castro Alves em Salvador(BA). Foto: Ulisses Dumas / Ag: BAPRESS
Foto: Ulisses Dumas / Ag: BAPRESS

“Somos tão perdidamente convencidos das recompensas da vida coletiva, que não queremos proporcionar as nossas crianças a solidão. Deveria ser estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente o direito ao tédio”. Com essas afirmações, o psicanalista e cronista italiano Contardo Calligaris, encerrou a temporada 2015 do projeto Fronteiras Braskem do Pensamento, em Salvador. A conferência, que teve como tema Juntos seria sempre melhor?, lotou na noite dessa quinta-feira, dia 01/10, a plateia do Teatro Castro Alves. Durante o evento, Calligaris falou sobre como é difícil ficar sozinho, principalmente do ponto de vista feminino e de como o sonho da felicidade plena, que só seria alcançada com o casamento, cerceou muitas mulheres. “Esperamos que o outro seja a cura dos nosso males quando, na verdade, será a quem vamos acusar de não estarmos felizes, de não ser o que poderíamos ou queríamos ser”, aponta.

Segundo o especialista, foi entre as décadas de 1960 e 1970 que o ideal de convivência nos conquistou. Mas, para ele a grande época do ideal casamenteiro, onde a felicidade está atrelada ao outro está acabando. “Em 1890, por exemplo, 34% das mulheres americanas eram solteiras. Em 1960 eram só 17% e em 2013, o percentual de mulheres não casadas nos Estados Unidos era de 53%”, ressaltou. O evento, que teve o patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, através do Fazcultura, e Secretarias de Cultura e da Fazenda, com realização da Telos Cultural e Caderno 2 Produções, foi apresentado pelo jornalista Fernando Sodake e teve como debatedor, o psicanalista Marcelo Veras, diretor da Escola Brasileira de Psicanálise e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Foto: Ulisses Dumas / Ag: BAPRESS
Foto: Ulisses Dumas / Ag: BAPRESS

Casamento X Felicidade

Contardo Calligaris, que é doutor em psicologia clínica pela Universidade de Provence, citou uma pesquisa realizada em 1962, em que cerca de 90% das mulheres americanas casadas se diziam extremamente felizes com o matrimonio. Mas, apenas 10% dessas mulheres gostariam que suas filhas cassassem ou que cassassem tão cedo. “Estamos redescobrindo que o outro não é e nunca foi o horizonte de nossas vidas e que a intimidade com o outro é sempre ameaçadora para nossa autonomia”, adverte.

Quando perguntado pelo público se acreditava que os contos de fadas eram os responsáveis pelo ideal de casamento perfeito, Calligaris respondeu que, “são apenas histórias de encontros e não de casamentos. Os autores encerram os contos na parte do casamento e dizem que foram ‘felizes para sempre’, mas sem mostrar como, justamente porque essa parte da história seria uma comédia”, diverte-se. O psicanalista explica ainda que “as mulheres não podem acreditar que os homens são príncipes encantados, até porque as mulheres também não são princesas”, provoca.